São Paulo agora tem uma nova espécie de árvore descoberta em seu território, a Myrcia tenondeporan. Após diversas expedições de campo, muito trabalho em herbário e revisão da literatura, o biólogo pesquisador da Universidade Federal do ABC, Matheus Fortes Santos e o coordenador do Herbário Municipal de São Paulo, o biólogo e Analista em Meio Ambiente Eduardo Hortal Pereira Barretto, escreveram um artigo científico descrevendo a nova espécie de árvore, publicado no maior jornal do mundo em taxonomia botânica, o Phytotaxa.
A Myrcia tenondeporan pertence à família botânica Myrtaceae, que conta com 37 gêneros e 2.050 espécies no continente, além de grande variedade de plantas cultivadas para fins econômicos e ornamentais. O gênero de plantas Myrcia possui cerca de 400 espécies no Brasil, com maior diversidade na Mata Atlântica, mas também possui grande quantidade de espécies com ocorrência no Cerrado e na Amazônia.
Imagens de espécimes de Myrcia tenondeporan. Tronco, frutos, folhas e detalhe da flor
A nova espécie possui distribuição restrita a Mata Atlântica, com maior ocorrência nas florestas próximas ao litoral do estado de São Paulo e do Paraná. Possui pico de florescimento em novembro e dezembro, com frutificação durante todo o ano, mas com frutos maduros de agosto a dezembro. A Myrcia tenondeporan é similar a Myrcia vellozoi e a Myrcia multipunctata, mas difere principalmente pelo formato e tamanho das folhas, estrutura das inflorescências e o tamanho dos botões florais.
De acordo com os autores, os dados disponíveis não permitem estimar o tamanho da população da Myrcia tenondeporan, mas como a Mata Atlântica possui atualmente apenas 24% de sua extensão original e muitas áreas são fragmentos pequenos, a espécie já pode ser considerada em situação vulnerável.
A Myrcia tenondeporan recebeu esse nome em uma homenagem dos autores ao território indígena Tenondé Porã, região em que a nova espécie também foi coletada. A Terra Indígena possui cerca de 1.500 indígenas, em aldeias localizadas nos muncípios de São Paulo, São Bernardo do Campo, São Vicente e Mongaguá, áreas que ainda contam com remanescentes de Mata Atlântica expressivos.
“A descoberta de uma nova espécie de árvore nativa do município de São Paulo é um dado bastante relevante para o conhecimento da nossa flora. A espécie é endêmica da Mata Atlântica e possui diversos registros na zona sul do município de São Paulo, região que possui alta diversidade biológica. A descoberta de novas espécies na região metropolitana é só um indicador de que ainda temos muito a conhecer sobre nossa flora e da necessidade do fortalecimento de políticas públicas voltadas para o conhecimento científico e para conservação ambiental. Nesse sentido, ressalto a importância dos trabalhos de prospecção botânica, taxonomia e conservação que o Herbário Municipal de São Paulo vem realizando nos seus 40 anos de existência” – Eduardo Barretto, explicando a importância da descoberta, o trabalho do Herbário e da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.
.jpg)
Imagem do holótipo de Myrcia tenondeporan depositada no Herbário Municipal
A reportagem contempla os Objetivos de Desenvolvimentos Sustentável (ODS) 11 (cidades e comunidades sustentáveis), 15 (vida sobre a terra) e 17 (parcerias em prol de metas).
Siga a SVMA nas redes sociais
