As Estações da Paz

Reflexões são necessárias nesta época de pandemia

Uma pessoa faz exercícios sentada de frente ao sol; ao fundo, o céu azul

“Nenhum líder vai nos dar paz, nenhum governo, nenhum exército, nenhum país. O que nos vai dar paz é a transformação interior que nos conduzirá à ação exterior. A transformação interior não é isolamento, desistência da ação exterior. Ao contrário, só pode haver a ação correta quando há o pensamento correto, e não existe pensamento correto quando não existe autoconhecimento. Sem conhecer a si mesmo, não existe paz”. Krishnamurti

No decorrer de 2018 trabalhamos o tema das Estações do Ano compreendendo que o que ocorre na natureza externa repercute em nosso mundo interno, mobilizando pensamentos, sentimentos e ações. Fizemos tantas reflexões interessantes nos grupos de práticas corporais coordenados por Suely e por mim que escolhemos seguir com o tema das estações, mas ampliando sua relação com o tema da PAZ.

Falar e vivenciar a PAZ é um desafio cotidiano da atualidade, principalmente vivendo nos espaços urbanos. Paz interior, paz nas relações pessoais, paz na relação com os outros seres, paz com o meio que nos cerca, paz num almoço de família, paz ao escutar opiniões que divergem da nossa, paz no trânsito, paz num show de música, paz num debate, paz ao assistir TV, paz ao escutar uma entrevista de rádio, paz na política, paz com a chuva, paz com o calor, paz em tudo ao nosso redor…

Trabalhar na construção da Cultura de Paz tem sido um dos pilares da UMAPAZ que entende que a atuação pela sustentabilidade está diretamente vinculada à atuação pautada nos valores do respeito, inclusão, diversidade, ética, solidariedade, amor, convivência harmoniosa dentre outros.

Lia Diskin da Associação Palas Athena, uma das parcerias da UMAPAZ, diz que “a Cultura de Paz se insere em um marco de respeito aos direitos humanos e constitui terreno fértil para que se possam assegurar os valores fundamentais da vida democrática, como a igualdade e a justiça social. Essa evolução exige a participação de cada um de nós para que seja possível dar aos jovens e às gerações futuras, valores que os ajudem a forjar um mundo mais digno e harmonioso, um mundo de igualdade, solidariedade, liberdade e prosperidade”.

O mestre zen e vietnamita Thich Nhât Hanh conta na introdução de seu livro Para viver em paz que os refugiados sobreviventes disseram que “quando um barco é surpreendido por uma tempestade, é mais provável que afunde, se os passageiros entrarem em pânico. Mas se uma só pessoa permanecer calma, lúcida e consciente, ela sozinha poderá ajudar os outros, e todos poderão sobreviver ao perigo.” Compara a terra com um pequeno barco em meio à perigosa tempestade e nos convida a sermos o melhor que pudermos ser.

Na UMAPAZ as práticas corporais da Dança Circular, Tai Chi Pai Lin e Meditação têm se apresentado como ferramentas muito interessantes para cultivarmos a paz tanto interna quanto com nosso entorno já que promovem o autoconhecimento e a transformação pessoal inspiradas na natureza e nas diversas culturas do planeta.

Passos de paz, gestos assertivos, ritmos diferentes vivenciados em grupo que a cada instante nos convidam à presença, à atenção plena, à observação e ao reconhecimento de si e do que está ao nosso redor.

Seja na prática das respirações, posturas e dobras do Tai Chi, no exercício das Danças Circulares com suas coreografias que parecem mântricas ou no silêncio da Meditação, que possamos caminhar a PAZ em 2019 ampliando as redes de convivência pacífica e produzindo bons frutos na educação para a sustentabilidade.

 

 

O Final do Verão (Verão Tardio) – Terra

Na sabedoria chinesa os últimos dias de cada estação são diferentes, como se a energia se estabilizasse antes de mudar de qualidade, na estação seguinte.

Os chineses observaram que no final do verão isto fica mais evidente, como se houvesse neste período uma mistura das quatro estações. Com mudanças de tempo imprevistas, atividade mais intensa entre plantas e insetos. A observação é de um período que está terminando, o verão, e outra coisa diferente chegando, o outono com outras características.

Tempo de se arrumar, prestar atenção ao que se passa interna e externamente, em ressonância com Terra, com o centro, e o equilíbrio.

Terra é o chão que pisamos e dela vem a força, a base, o sustento, nossas principais referências: Mãe Terra. É aqui que a energia vital passa por uma fase de estabilidade, de centralização antes de voltar ao movimento.

Em nós, Terra é o centro do corpo: timo, estômago, pâncreas e baço, umbigo. É o centro da atividade mental: ideias e opiniões, capacidade de reflexão. É o centro do espaço que nos envolve: carne que reveste nossos ossos e músculos, que nos dá uma aparência e uma identidade corporal. Terra em harmonia faz a pessoa ficar em paz consigo mesma e sentir-se em casa onde quer que esteja, porque na verdade está sempre dentro de sua própria casa/corpo/ mente.


Referência bibliográfica: Hirsch, S. Manual do herói

 

*Colaboração Umapaz