Ibirapitanga, a árvore nacional

Nesta quarta-feira, dia 22,é comemorado Descobrimento do Brasil

Uma árvore com tronco marrom e folhagens verdes em uma imagem do alto

Na semana de comemorações do aniversário do descobrimento do nosso país, a Escola Municipal de Jardinagem traz um texto sobre a nossa árvore nacional. Vermelha cor de brasa, a madeira do Pau-Brasil deu origem ao nome do nosso país. Os índios chamavam a árvore de Ibirapitanga, que em tupi-guarani significa “árvore vermelha” (ybirá, árvore e pitanga, vermelho). Enquanto isso, na Europa do século XVI, roupas tingidas de cor vermelha eram artigos de luxo, utilizadas apenas por reis, papas e a alta nobreza, principalmente pelo alto custo do pigmento que vinha da ilha de Sumatra, na Indonésia.

Com a descoberta deste, que foi um dos primeiros produtos nacionais de exportação, surgiram interesses comerciais e, com o tempo houve a necessidade de criação de mecanismos de controle e taxação da exploração do Pau-Brasil. Assim, surgiu a primeira concessão dada do império ao comerciante Fernando de Loronha para a exploração do Pau-Brasil. Posteriormente, a grafia do nome foi transformada em Fernando de Noronha.

A Ilha de Vera Cruz, descoberta por Pedro Alvares Cabral em Abril de 1500 foi com o tempo e por causa da exploração do Pau-Brasil, sendo chamada de Terra Brasilis, Terra Brazílica, Côte du Brésil, e Terra do Pau Brasil. Assim a árvore deu nome ao país, Brasil. Se fossem seguidas corretamente as regras gramaticais, nos chamaríamos brasilenses. Mas então, porque não nos chamamos brasilenses? O nome dado às pessoas que traficavam a madeira do Pau-Brasil era de brasileiros. Ficou assim então conhecida a nacionalidade de quem nasce no Brasil.

A brasilina é a substância encontrada naturalmente na madeira do Pau-Brasil e que resulta na coloração vermelha. É um composto fenólico produzido pela planta e presente nas paredes das células. Na presença de líquido com pH ácido, a brasilina resulta em uma coloração mais alaranjada e em pH alcalino, coloração vermelha escura. Desta forma, podem-se fabricar pigmentos em diversos tons de vermelho.

Com a invenção da anilina industrializada, a utilização do Pau-Brasil para fins de pigmentação foi praticamente abandonada. Mas a madeira ainda hoje é uma das mais valiosas do mundo e possui alta durabilidade e resistência ao ataque de fungos e bactérias. É muito cobiçada pelas características de sua madeira que resulta em arcos para violino de altíssima qualidade. As características acústicas são atribuídas à brasilina, que quando em alta concentração no tecido da madeira, cristaliza-se e é responsável pela condução da vibração do som ao longo do arco. Existem outras espécies que podem substituir o Pau-Brasil na fabricação dos arcos como o Ipê, também chamado de Pau-d’arco.

Em 1961, o então Presidente da República Jânio Quadros decretou o Pau-Brasil como a árvore-símbolo do Brasil, aprovando o Projeto nº 3.380/1961.

O maior exemplar e mais antigo atualmente é um provável sobrevivente da época do descobrimento e está localizado na Reserva de Tapacurá, em Pernambuco. Na cidade de São Paulo, um exemplar famoso está localizado na Rua Zapará, no bairro de Pinheiros. Foi plantada em 1957 e o local serviu de cenário para um seriado nacional de televisão.

Pesquisas recentes têm mostrado que o Pau-Brasil é susceptível à poluição, assim como outras espécies arbóreas. O Pau-Brasil na presença de poluição atmosférica, nos níveis encontrados na cidade de São Paulo, apresenta redução no crescimento em altura e menor produção de biomassa, alterações na floração, frutificação, quantidade de pólen e reprodução; além de alteração na arquitetura da copa com excesso de ramos laterais. Essas condições de estresse ambiental também causam a redução no tempo de vida dos indivíduos.

Estima-se que em 1500 existiam mais de 70 milhões de árvores distribuídas no território nacional. Mas, devido ao seu histórico de exploração, foi classificada como espécie ameaçada de extinção. O impacto de sua exploração até quase a extinção não causou impacto visual, pois é uma espécie que não ocorre de forma gregária (em grupos) na natureza e sim de forma esparsa, sendo denominada espécie rara.  Essa distribuição e abundância foram registradas pelo famoso naturalista Von Martius:

“Numerosas como sejam essas plantas na América (as leguminosas), entretanto só raras vezes o olhar se depara com elas em conjunto, pois não são sociáveis e crescem separadas no meio de outras. Será erro crer que no Brasil se possam encontrar matas inteiras do nobre pau de tinturaria (...). Ele cresce isolado entre os mais diversos vizinhos na mata virgem”. (Von Martius, em “Viagem pelo Brasil”).

Hoje existem reservas e estações biológicas, campanhas, fundações, movimentos, organizações, projetos, programas institucionais, linhas de pesquisa acadêmicas e legislação que têm como objetivos a valorização e a preservação do Pau-Brasil, a árvore nacional.

Ficha técnica

Nome comum: Pau-Brasil, Ibirapitanga, Ibirapiranga, Paubrasilia, Brasileto, Orabutã, Arubutã Pau-rosado, Pau-de-Pernambuco.

Nome científico: Paubrasilia echinata (Lam.) E.Gagnon, H.C.Lima & G.P.Lewis

Características: Ocorre naturalmente na Floresta Estacional Semidecidual, do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Norte, na costa atlântica do Brasil. Possui folhas compostas com folíolos alternados, em tom verde-escuro brilhante. A sua casca é acinzentada e possui acúleos (semelhante a espinhos) no tronco e nos galhos. O cerne possui coloração do alaranjado ao vermelho escuro. O fruto é do tipo legume, espinhento de cor parda, soltando as sementes à distância quando maduros. Suas flores são amarelas com a base vermelha (foto). Em áreas naturais, os frutos ocorrem na estação chuvosa.

Quer aprender mais sobre assuntos relacionados a esse tema? Aguardem as próximas postagens da Escola Municipal de Jardinagem – EMJ.

 *Colaboração: UMAPAZ