OMS alerta para alto risco de poluição no Brasil

Relatório da entidade fala de mais de 50 mil mortes devido à exposição de materiais particulados.

Divulgado na primeira semana de maio, o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) é alarmante, quando o assunto é a morte por poluição no país. O documento traz dados de 2016 e aponta que pelo menos 51.826 brasileiros morreram em decorrência da exposição aos materiais particulados (MPs). O índice de MP é medido em microgramas por metro cúbico (mcg/m³) e está classificado em MP 2,5 (2,5 mcg/m³) e MP 10 (10 mcg/m³). A espessura dessa partícula define os riscos: quanto mais fina, menor é a chance de nosso organismo ‘filtrá-la” e muito mais rapidamente o material espalha-se pela corrente sanguínea.

Os materiais particulados – em sua maioria imperceptíveis a olho nu – são originados com a queima de combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel, de atividades industriais e da queima de biomassa. Cidades com altos índices de combustão elevam os riscos ao homem. O caso da cidade do interior paulista Santa Gertrudes figura nos dados do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), segundo a OMS, como o município que concentra maior número de poluentes: 80 microgramas de MP por m³.

A explicação é clara: a cidade está rodeada de usinas de cana de açúcar (que queimam o produto para obter o etanol) e é polo da indústria cerâmica. O segundo município brasileiro com maior índice de MP é Cubatão (49 microgramas por m³), seguido por Rio Claro (46 microgramas por m³). Os índices mundiais são igualmente alarmantes, com duas cidades indianas no topo da lista: Nova Delhi (292 migrogramas por m³) e Varanasi (260 microgramas por m³).

Como funciona
Atualmente, 885 pontos são monitorados no Brasil. A queima de qualquer combustível fóssil (gasolina, diesel, carvão) ou atividade industrial que envolva queima de biomassa (cerâmica) gera uma “poeira” que, em suspensão, é aspirada, caindo rapidamente na corrente sanguínea. Esses materiais se relacionam principalmente com problemas relacionados ao câncer de pulmão, acidente vascular cerebral (AVC), isquemia cerebral, pneumonia e outras infecções do sistema respiratório, atingindo principalmente idosos e crianças.

A OMS alerta que a mobilidade urbana está diretamente relacionada ao combate à poluição. O primeiro passo é o incentivo ao transporte coletivo, com veículos cuja matriz energética não seja o combustível fóssil. O uso de outros meios, como a bicicleta, também são bem-vindos, pois contribuem para o bem-estar do usuário. Para isso, seria necessário ampliar as ciclovias. Para estimular o percurso a pé, outra saída seria melhorar calçadas e ampliar a vegetação urbana.