44 - Mulheres e seus deslocamentos na cidade: uma análise da pesquisa Origem e Destino do Metrô

Estudo mostra que mulheres fazem mais viagens motivadas por educação e saúde e realizam mais viagens por meio do transporte coletivo ou a pé. Além disso, aponta que renda, localização da moradia, idade e atribuições familiares influenciam a locomoção feminina em São Paulo.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), publica novo estudo sobre como as mulheres se locomovem na cidade de São Paulo. Dados utilizados para fazer as análises são da Pesquisa Origem e Destino (OD) 2017 do Metrô.

As mulheres vêm continuamente mudando seu papel na sociedade, sobretudo, devido à sua crescente inserção no mercado de trabalho, às suas conquistas por direitos e à redução de desigualdades. Essa situação tem influenciado na forma como elas se deslocam pela cidade.

Para a mulher, a renda, a localização de sua residência e algumas características pessoais, como idade e as atribuições familiares, são fatores que alteram os tipos e motivos dos deslocamentos.

Neste sentido, apesar de cada vez mais estarem se locomovendo por motivos de trabalho as mulheres ainda fazem mais viagens devido à educação, saúde e compras do que os homens, muito por causa das funções domésticas que ainda lhe são incumbidas, como levar os filhos à escola, acompanhar outro integrante da família ao médico e ir ao mercado. Transporte coletivo ou a pé são os meios de locomoção mais usados pelas mulheres, contrastando com os homens, que utilizam mais o transporte individual, principalmente, carros próprios. Segundo dados de pesquisa OD, o número total de viagens produzidas pelos residentes na cidade de São Paulo em 2017 foi de 24,9 milhões. Desses, 50,6% (12,6 milhões) foram feitos por mulheres, que por sua vez, representavam, em 2017, mais da metade (53,1%) da população paulistana.

Levando-se em conta a relação entre os modos de mobilidade e os distritos da cidade, o uso do transporte coletivo é mais acentuado nas periferias, com destaque para mulheres, em especial no Grajaú, Perus e Itaim Paulista. Já no centro expandido destaca-se o transporte individual, sobretudo, em locais com predomínio de população com altos rendimentos. Há uma maior intensidade de viagens desse tipo para os homens, com uma diferença ainda maior com relação às mulheres na periferia. Por fim, as pessoas que mais andam a pé são as mulheres, com destaque para zonas periféricas, como Parelheiros e Jardim Ângela, e áreas de comércio popular no centro – essa com a presença considerável de ambos os sexos.

Há três variáveis que impactam a mobilidade feminina: grau de instrução, renda e presença de crianças entre 5 e 9 anos. Conforme já mencionado, o transporte coletivo é o meio de locomoção predominante entre as mulheres, e seu uso é crescente com o aumento da idade, com destaque para faixa entre 18 e 29 anos. O modo individual também cresce com a idade, atingindo sua maior marca na faixa dos idosos. Por sua vez, a locomoção a pé tende a diminuir sua participação conforme aumenta a faixa etária, havendo uma maior participação entre crianças e adolescentes.

A renda das mulheres também está associada ao motivo de suas viagens e às suas escolhas de transporte. O deslocamento por trabalho é maior entre as pessoas de maior renda. Já com a educação ocorre o oposto, ou seja, quanto maior a renda, menor a proporção de viagens. Essa última situação pode ser explicada, nas faixas de maior rendimento, pelo menor número de crianças se comparado às famílias mais pobres e a presença de peruas escolares que levam os filhos à escola.

Quanto aos meios de transporte, as mulheres de menores faixas de renda familiar andam mais a pé e de ônibus. O uso do metrô, por sua vez, é utilizado mais frequentemente por mulheres de rendimento médio. Por fim, mulheres de alta renda usam mais o transporte individual. Um fato curioso é que as mulheres de maior renda possuem padrões de deslocamento mais similares ao dos homens de mesma faixa de rendimento. Todavia, esse padrão não ocorre com as mulheres mais pobres quando comparadas aos homens de baixa renda, pois diferentemente delas, eles também utilizam transporte individual.

Ter filhos é outro fator que influencia a mobilidade feminina. De modo geral, as mulheres com filhos entre 5 e 9 anos são as que mais realizam viagens a pé, principalmente, por do motivo educação. Já entre as mulheres sem filhos, há uma maior ocorrência de viagens por meio de transporte coletivo e atraídas pelo trabalho.
 

Acesse o estudo na íntegra