PRODAM abre espaço para a cultura


O ex-prédio da PRODAM, empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação da Cidade de São Paulo, está vazio. O Pavilhão Engenheiro Armando de Arruda Pereira foi entregue simbolicamente à Prefeitura da Cidade de São Paulo, no dia 29 de março, às 15 horas.

O enorme espaço de cerca de 11 mil metros quadrados, que compreende os dois pisos do edifício, foi palco de um passeio de alunos de escolas públicas, de freqüentadores do parque e de autoridades presentes.

O evento contou com a presença do secretário Municipal de Cultura Carlos Augusto Calil, do secretário do Verde e do Meio Ambiente Eduardo Jorge, da secretária-adjunta Municipal de Gestão Márcia Ungaretti, do diretor-presidente da PRODAM Luiz Arnaldo Pereira da Cunha Junior, de um dos mais respeitados intelectuais brasileiros, o advogado e bibliófilo José Mindlin, da diretora-presidente do Museu de Arte Moderna (MAM) Milú Villela, entre outros.

Mais cultura na cidade

Cerca de 100 pessoas estiveram presentes, segundo cálculo da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo. Elas apreciaram o tamanho do local e a vista para a área verde. Porém, futuramente, muitas delas, entre outros paulistanos, poderão conhecer as tão comentadas obras de arte, dos acervos do Museu de Arte Moderna (MAM) e Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC), que estão em salas escuras.

A diretora-presidente do MAM Milú Villela sentiu-se realizando um grande sonho. "Este acontecimento é um presente para a Cidade e para todos nós que nos preocupamos com o fomento da cultura no país".

O admirável José Mindlin, indicado esta semana para a Academia Brasileira de Letras, ficou contente com a notícia. "Cheguei justamente na melhor hora", se referindo ao momento da divulgação sobre o destino dos acervos. "Quero dar meus parabéns efusivos para a resolução de um problema que parecia insolúvel. A gente vê que quando existe vontade tudo dá certo. Acho que é um grande serviço prestado à cultura brasileira. Vemos uma junção de esforços na mesma direção", completou o intelectual.

O diretor-presidente Luiz Arnaldo relatou que no início de sua gestão tirar a empresa do Parque do Ibirapuera não seria muito difícil. "Ao longo do tempo, fomos percebendo que o desafio era muito maior e descobrimos porque em vários momentos a mudança foi prometida, mas não fora cumprida".

Para ele, foi um ano de muito trabalho, de grande preocupação com os custos e investimentos e tomada de consciência. "Reestruturamos a empresa e descobrimos duas coisas: efetivamente este prédio não pertencida à PRODAM. A vocação dele não era a administração pública e sim cultural. Conseguimos nos entusiasmar com o projeto e percebemos que a transferência também era boa para a organização".

De acordo com Augusto Calil, o prédio vai abrigar a mostra paralela da Bienal Internacional de Artes, no período de outubro a dezembro deste ano. Depois disso, haverá uma reforma para que o Pavilhão tenha condições de receber as importantes artes visuais pertencentes aos dois museus.

Para ele, são duas instituições com grandes reservas técnicas. "A idéia é contratar um curador para coordenar um programa de trabalho para esse novo museu, para o qual ainda definiremos um nome. Este profissional fará uma leitura das obras das duas entidades e realizará uma exposição que pode ser anual ou semestral, visando um programa educativo e de lazer", completou o secretário.

Os museus possuem a mesma origem, na figura do memorável Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo. Ele retirou as obras do MAM e doou para a Universidade de São Paulo (USP), mas manteve o primeiro. Assim, a coleção de arte moderna foi para o MAC e o MAM constituiu um acervo predominantemente de arte contemporânea. Agora, o paradoxo será corrigido. "Juntaremos os dois e teremos um museu de grande envergadura e de grande qualidade", concluiu Calil.