Programa Linguagem Simples realiza oficina sobre monitoramento de dados da COVID-19 em parceria com Governo Aberto e Secretaria Municipal da Saúde

O intuito foi simplificar termos técnicos utilizados nos instrumentos de monitoramento sobre Covid-19 contemplando um dos compromissos do 3º Plano de Ação em Governo Aberto

 No último dia 20 de julho de 2022, quarta-feira, foi realizada uma oficina aberta para membros do governo municipal e para a população em geral com o tema "Linguagem Simples no monitoramento da Covid-19". Esta oficina teve como objetivo discutir a aplicação dos princípios do programa de Linguagem Simples para formular um glossário oficial dos termos técnicos utilizados no Painel e Boletins sobre a Covid-19. O glossário é uma das propostas do 4º Compromisso do 3º Plano de Ação em Governo Aberto, sobre geração e disponibilização de dados sobre variantes de preocupação, infraestrutura, vacinação e impacto da Covid-19 no município de São Paulo.

Mesmo ocorrendo em um departamento específico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o Núcleo de Atendimento ao Profissional da Saúde (NAPS) direcionado para servidores aposentados e os servidores desligados da SMS, a oficina contou com servidores(as) e estagiários(as) de diversas áreas.

O Programa parte da Linguagem Simples enquanto política que busca simplificar a linguagem do governo para melhorar os serviços públicos da população. Para isso a equipe do Laboratório de Inovação em Governo, o (011).lab, conversou com especialistas e pesquisou iniciativas desenvolvidas no mundo para incentivar o uso de linguagem simples. Com essas informações, a equipe construiu as diretrizes do Programa e selecionou ferramentas utilizadas pelas iniciativas existentes para testar na Prefeitura.

A equipe então testou esse desenho para o programa na simplificação de documentos junto a servidores e servidoras. Para isso, realizou seis pilotos de simplificação aprimorando etapas e orientações a cada teste, ao aprender o que fazia ou não sentido para o contexto paulistano. As orientações validadas na prática foram utilizadas em ações do Programa.

 

“É muito comum, dentro da Prefeitura, tirarem termos técnicos do mundo jurídico e aplicar nos textos do dia a dia, durante trocas de informações entre servidores ou mesmo em relatórios dentro do SEI - Sistema Eletrônico de Informação onde tramitam processos administrativos da cidade - só para deixar bonito. Sendo que o objetivo era passar a informação da melhor forma para outra pessoa. Eu sou enfermeira, não advogada. Não acho certo fazer alguém pegar um dicionário toda vez que precisar ler um documento interno. “Não há óbice”, quem inventou essa palavra “óbice” na minha vida? Eu sou enfermeira, isso seria igual conversar com alguém fora da área usando termos técnicos da saúde“, afirma a Assessora Técnica do Departamento de Vigilância Epidemiológica (COVISA) da Secretaria Municipal da Saúde da Cidade de São Paulo, Raphaela Karla de Toledo Solha.

Na oficina sobre monitoramento da COVID-19 foi utilizado exemplos como comunicados e avisos com orientações sobre o Novo Coronavírus a fim de trazer uma referência de uso de linguagem mais próxima do dia a dia daqueles e daquelas servidoras capacitadas.

Ao final, é organizada uma atividade prática em dupla com documentos oficiais da Administração Pública Municipal. Neste dia foi apresentando a proposta de Glossário da Caderneta de Vacinação para Boletim e Painel da Covid-19, além de uma Nota Técnica com as Medidas e Recomendações adotas em Instituições de Ensino diante da Pandemia da COVID-19 e o Instrutivo sobre priorização da vacina nº 56.

Cada dupla é orientada a identificar e sugerir alterações nos textos, fazendo um diagnóstico do documento e indicando problemas como: frases com mais de 20 palavras; siglas, jargões ou termos técnicos; palavras difíceis para o público-alvo e informações que poderiam estar em tópicos. Os parâmetros usados na técnica de comunicação do Programa Linguagem Simples são que o leitor ou leitora consiga:

1. Encontrar facilmente o que procura
2. Compreender o que encontrou
3. Usar a informação encontrada

“Tem toda essa questão do excesso de siglas, mas também algo que precede a isso que é a relação desgastada do poder público com a população. Por um lado, há um pressuposto que o poder público quer sacanear, mas porque isso implica numa condição de poder. Eu entrei na Secretaria de Finanças e lá só fala em “SF”. É só sigla o tempo todo. E não que as pessoas façam isso de forma consciente, mas há uma manutenção do uso de siglas, por exemplo, que traz uma fantasia de poder de que você domina aquele jargão. Não tem esforço de tornar a informação democrática”, descreve o Auditor Fiscal Tributário Municipal, Luiz Fernando Bolognesi, da Coordenadoria de Administração (COADM) da Secretaria Municipal de Finanças (SF) e membro do GT Educação Fiscal e Cidadania.

“Essa convenção de “falar chique” sai da nossa formação. Meu primeiro emprego como enfermeira foi lidando com tabagismo. O termo técnico usado era “cessação” e eu preferia falar “parar de fumar” e era ridicularizada por isso, ou quando usava “derrame”, ao invés da sigla “AVC”. Você falar de uma forma simples acaba sendo diminuído academicamente, e isso tem a ver com a questão do poder“, completa Raphaela.