Prédio de 1910 na região do Centro é revitalizado e transformado em moradia popular

COHAB-SP conclui o restaurou do antigo Hotel Cineasta. O edifício será destinado à artistas, com idade acima de 60 anos, com renda familiar de um a três salários mínimos

O Edifício Palacete dos Artistas será inaugurado nesta sexta feira (12), às 11h00, na Av. São João, 605. São 50 apartamentos destinados à diversas entidades do meio artístico: Sindicato dos Artistas, Associação Nova Conquista, ACCA – Associação Cultural de Condomínio dos Artistas e Técnicos, Cooperativa Paulista de Teatro, Balé Stagium, Ordem dos Músicos, GARMIC e o Movimento de Moradia dos Artistas e Técnicos –SP.

“Já investimos R$200 milhões em desapropriações. Isso significa que temos áreas para construção de 30.000 mil unidades habitacionais. Estamos com cinco prédios adquiridos no centro da cidade. Outros 31 prédios estão com processo de desapropriação em andamento já com ação ajuizada”, disse o Secretário Municipal de Habitação, José Floriano.

Os 50 novos moradores do edifício foram cadastrados em 2008 e inseridos no programa habitacional provisório da Prefeitura até a entrega das unidades. Na época do cadastro, as famílias foram inseridas no Programa Locação Social, que permite a locação das unidades produzidas com recursos públicos.

O programa não se destina à aquisição da moradia, pois as unidades permanecem como propriedade pública. Com o programa, as famílias têm a garantia de ficarem nos apartamentos por tempo indeterminado e assinam um contrato que deve ser renovado a cada quatro anos. Os artistas terão que pagar prestações que variam de 10% a 12% da renda mensal.

Para o Diretor de Teatro e Ator há 58 anos, Hilton Have, é um privilégio morar em uma localização como esta. “Fico feliz e agradecido pelo trabalho realizado. Alcancei meu sonho”, afirmou Have. O diretor mora atualmente em uma quitinete no Cambuci, região central.

As obras foram iniciadas em março de 2012 e concluídas em dezembro de 2014. São 10 unidades por andar, do 2º ao 6º pavimento, com área média de 40 m2. Duas unidades por andar são adaptadas para pessoas com necessidades especiais.

O edifício foi requalificado e revitalizado dentro do estilo retrofit. Foram respeitadas as condições de acessibilidade, a segurança do edifício e a preservação do patrimônio histórico. O valor investido foi cerca de R$ 11,15 milhões – sendo R$ 1,87 milhão em restauro; R$ 4,25 milhões em reformas e adequações em geral, R$ 0,84 milhões em reforços da estrutura do prédio e adequação e instalação dos elevadores, e R$ 4,2 milhões gastos com a desapropriação do edifício. Os recursos vieram de duas fontes. Uma do Governo Federal, por meio do Programa Especial de Habitação Popular (PEHP), que investiu R$ 9,67 milhões. E a outra fonte foi municipal, através da COHAB / Fundo Municipal de Habitação (FMH), com o montante de R$ 1,48 milhões.

“Esse projeto é de um simbolismo muito importante. São três pilares: revitalização da região central, a moradia popular e o respeito que devemos aos artistas da cidade que contribuíram muito para a produção cultural de São Paulo”, ressaltou o Prefeito Fernando Haddad.

No edifício foram instalados dois elevadores com sistema de segurança mais avançado, chamados também de “Elevador Para Todos”. A vantagem é que as suas partes apresentam maior resistência a danos e mau uso. A manutenção dos elevadores será da COHAB-SP, que contratou uma empresa fornecedora por cinco anos.

Retrofit
O edifício foi completamente alterado internamente. A distribuição dos ambientes foi transformada. As paredes foram reaproveitadas dentro do possível para a criação dos 50 apartamentos, das áreas de uso comum e de uso comercial – todas as normas vigentes nos diversos órgãos competentes pela aprovação de edificações na cidade foram respeitadas.

As instalações elétricas (energia elétrica, telefonia, interfonia, TV e internet) e hidráulicas (abastecimento de água, esgoto, águas pluviais, gás, segurança e combate a incêndio) foram completamente refeitas. A estrutura do edifício foi reforçada devido à instalação de nova caixa d’água e alteração dos fossos dos elevadores. Os pisos e paredes foram restaurados e mantidos os originais, em mármore e pastilha cerâmica. As fachadas e telhado passaram por obras de restauro.


Restauro de objetos
O Edifício Palacete dos Artistas, antigo Hotel Cineasta, passou por procedimentos de adequações para restabelecer os danos dos objetos que ficaram degradados com o passar do tempo. O edifício abrigava um hotel e agora será um prédio de moradia popular.

Uma equipe de mais de 30 profissionais – entre escultor e artista plástico, executor de calhas e rufos, serralheiro, marceneiro, pedreiros, serventes, restaurador de elementos ornamentais, pintores e montadores de andaime – concluíram o trabalho de restauro em um ano e meio.

O restauro, no caso desse edifício que tem tombamento histórico, fez parte do processo de retrofit. A revitalização de espaços faz parte do “retrofit”. Essa técnica de revitalização de espaços, busca proporcionar outro uso e dar uma nova “cara” a edifícios antigos, ou seja, busca manter as estruturas originais do imóvel alterando os demais elementos.

Cerca de 40 janelas principais da fachada da frente, mais outras 24 venezianas da fachada do fundo e 24 janelas do fosso de iluminação foram totalmente restauradas. Os ornatos, as ferragens dos balcões e as varandas também passaram por restauro e foi retirado o excesso de argamassa nos espaços internos do edifício. Ao todo foram restauradas 2.500 m² de área da fachada. Todo esse trabalho manteve o volume anterior com o objetivo de manter o projeto original e foi baseado em registro iconográfico da década de 20.

Durante o trabalho os profissionais utilizaram diversos materiais e ferramentas, como: gesso estuque, silicone, cimento, desmoldante, espátulas, ferros, dobradiças, cremonas, borboletas, puxadores, além de ferramentas improvisadas. Para a segurança dos restauradores durante a execução do trabalho, foram instalados cerca de 3.500 m² de andaimes e suas extensões.

Habitação no Centro
São cinco prédios que pertencem à Prefeitura no centro da cidade, sendo um em obras (Ed. Mario de Andrade) e um com as obras concluídas (Palacete dos Artistas). Outros 31 prédios estão com processo de desapropriação em andamento já com ação ajuizada.

Em 2013 foram investidos R$ 80 milhões em desapropriações de áreas para construção de moradia em toda a cidade. No segundo semestre de 2014, foram R$ 120 milhões. Ao todo foram investidos R$ 200 milhões em desapropriação de áreas para habitação de interesse social que corresponde a 96 áreas com Decreto de Interesse Social (DIS) com um potencial construtivo de 30.223 unidades. Outras cinco áreas foram desapropriadas, tiveram imissão na posse e representam a construção 1.645 unidades. Em 2015, serão investidos mais 150 milhões em desapropriações, o equivalente a 30% dos recursos do FUNDURB (Fundo de Desenvolvimento Urbano).

Plano de Metas
A Secretaria Municipal de Habitação trabalha para cumprir o programa de metas que prevê a entrega de 55 mil moradias até 2016 para combater um déficit habitacional de 230 mil moradias. Em dois anos, a secretaria conseguiu viabilizar 109.322 unidades habitacionais, concluir 3.770 unidades; iniciar as obras de mais 16.623 unidades, sendo outras 56.754 unidades prestes a serem iniciadas e iniciar projetos para construção de mais 32.175 moradias. Existe um planejamento que pode ser observado por meio de um sistema de monitoramento da secretaria, o Habisp (www.habisp.inf.br)