Texto: Gustavo Oliveira
Fotos: Gustavo Oliveira

O Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (SIAT) III Ermelino Matarazzo, em parceria com a Organização Social Casa de Isabel (Centro de apoio à mulher, à criança e ao adolescente vítimas de violência doméstica e situação de risco), realizou na última sexta-feira, 31 de março, o Primeiro Encontro de Homens, ação pelos direitos humanos na promoção da igualdade de gênero. No último dia do Mês da Mulher, o evento visou retomar o tema e promover a conscientização sobre a importância da mobilização dos homens pelo fim da violência doméstica.

A Casa de Isabel é pioneira no cuidado em prol do agressor na cidade de São Paulo e atua há cerca de 30 anos na zona leste através do Ambulatório Especializado para tratamento de Pessoas vítimas de violência. A organização é coordenada pela também Supervisora Institucional dos SIAT III Ermelino Matarazzo e Penha, Maria Margarete dos Santos. Diante disso, nasce a proposta do Encontro de Homens.

“Tendo em vista que o SIAT III Ermelino Matarazzo possui um público majoritariamente masculino, entendemos a importância da conscientização e de espaços de reflexões da realidade apontada em nossa sociedade através dos autos índices de violência contra a mulher”, explicou Maria Margarete. “Esse é o primeiro encontro e seguiremos em continuidade com ênfase no mês de março”.

O Encontro reuniu pessoas atendidas pelos SIAT III Penha e Ermelino Matarazzo, equipes de Redutores de Danos e agentes comunitários de saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS) Costa Melo para uma programação de cerca de três horas com café da manhã, música e duas mesas de diálogo.

“Parabenizo o SIAT Ermelino e a Casa de Isabel por essa mobilização pelo fim da violência contra a mulher e pelo atendimento prestado não só às mulheres que saem da Cracolândia em situação de extrema vulnerabilidade e violência, mas também aos homens que saem do SIAT III transformados”, afirmou o Secretário Executivo de Projetos Estratégicos Alexis Vargas durante a abertura do evento. “É fundamental que os homens entendam seu papel nessa batalha pelo fim da violência doméstica.”

“O trabalho para aprender, discutir e pensar formas de acabar com a violência contra a mulher em nossos serviços é uma prioridade para toda a rede do Programa Redenção”, acrescenta Gabrielle Dias, Coordenadora Executiva do Programa Redenção.

Composta por autoridades e representantes locais, a primeira mesa recebeu a Comandante da Inspetoria de Defesa da Mulher e Ações Sociais (IDMAS), Márcia Aparecida Assis Marinho, o representante da Assistência Social do território, André Maranhão, a Coordenadora do Programa Operação Trabalho (POT) Redenção, Adriana Santos, o Supervisor Técnico de Saúde, Evandro Colasso, e o representante do subprefeito de Ermelino Matarazzo, Samuel Borges.

“Quando a gente fala de mobilização dos homens pelo fim da violência, estamos dizendo: homens, nós vamos descontruir culturalmente a violência, estamos falando de ressignificação. E a partir dessa iniciativa pioneira do SIAT, buscamos por igualdade de gênero acima de qualquer coisa e o objetivo é de sermos assertivos nessa pauta”, frisou a Coordenadora do SIAT III Ermelino Matarazzo, Raquel Machado, também componente da primeira mesa.

Predominantemente masculina, a segunda roda de conversa, mesa técnica, contou com a presença da Técnica Social da Casa de Isabel, Natália Truchen, do Coordenador de Enfermagem da Casa de Isabel no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Infantil, César Fernandes, do Psicólogo referência no cuidado de homens, Eli Mendes, dos Técnicos Sociais do SIAT III Ermelino Matarazzo, Isabel Barbosa e Wilson José, e do Coordenador do SIAT III Penha, Jonatas Pozzo, para compartilharem reflexões sobre a realidade do dia a dia no combate da violência contra a mulher.

Ao final do evento, o microfone foi aberto para os espectadores. Entre trocas de experiências vividas pelos participantes, destacou-se o relato de Moises Alves de Melo, 48 anos, atendido pelo SIAT III Ermelino Matarazzo desde julho de 2022, que encontrou na busca por conhecimento não só ferramentas para se livrar das drogas, mas a conscientização para se engajar na luta contra a violência doméstica.