Prefeitura e Governo do Estado desenvolvem atividades em conjunto para dependentes químicos em situação de vulnerabilidade

Toda sexta-feira é aguardada com animação pelos beneficiários do SIAT II Glicério, que acolhe 200 pessoas em situação de rua que lutam contra a dependência do álcool e de outras drogas. É nesse dia da semana que as equipes de quatro serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) - SIAT I – Abordagem, SIAT II – Acolhimento Temporário, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Álcool e Drogas (AD) e Centro de Referência de Álcool Tabaco e Outras Drogas (CRATOD) - se reúnem para desenvolver atividades de integração, reflexão e lazer.


São rodas de conversa, jogos e oficinas que envolvem a conscientização de temas importantes, como o Novembro Azul, Outubro Rosa, Setembro Amarelo e Consciência Negra. “A cada semana, um dos serviços é responsável pela organização da atividade”, explica Juliana Tupinambás Galisa, gerente do SIAT II Glicério. “São momentos em que além de não fazer uso de substâncias, os conviventes aproximam vínculos, trabalham sentimentos, recebem informações sobre autocuidado e sobre coletividade.”


A oficina de argila, desenvolvida pelo CRATOD (equipamento do Governo do Estado), por exemplo, permitiu que os servidores das Secretarias Municipais da Saúde e da Assistência e Desenvolvimento Social, que atuam em conjunto no SIAT, observassem emoções reproduzidas pelos beneficiários ao colocar a mão na massa. “A proposta foi trabalhar o que eles estavam sentindo naquele momento”, afirma Raquel Carvalho, Diretora Técnica de Saúde do CRATOD. Conforme os movimentos, mais leves ou pesados, os profissionais puderam avaliar como cada convivente do equipamento tem lidado com suas questões. “A argila também permite a construção a partir do nada e até a desconstrução”, complementa Raquel.
Com apenas 13 anos de idade, Dennis Vinicius Tironi (de blusa vermelha na foto), hoje com 25, começou a usar drogas. Antes de chegar ao SIAT II Glicério, no dia 23 de agosto deste ano (“o dia em que retomei a minha vida”, ele explica) frequentava há um ano a Cracolândia. “Mexer com a argila foi como retornar à minha infância”, conta Dennis, que produziu com as mãos uma árvore, um bolo, uma pizza e uma flor e já planeja seu futuro no SIAT III, onde passará a ter capacitação profissional. “Eu vou chegar lá, eu sou capaz disso”, garante.


As atividades desenvolvidas na quadra de esportes anexa ao SIAT II Glicério também permitem a ocupação do espaço público e a integração com moradores da região. A oficina de argila contou com a participação de 10 pessoas, entre crianças e adultos do bairro. As ações ainda fortalecem a RAPS. “A integração torna as equipes e os serviços ainda mais potentes”, avalia Raquel. “A Saúde Mental na região Central melhorou muito com o SIAT. Antes, os usuários que faziam acompanhamento no CAPS AD e no CRATOD não tinham onde ficar. O acolhimento pelo SIAT é que faz com que esse cuidado seja levado para frente”, acrescenta. “As ações em conjunto aproximam os trabalhadores e trazem resultados ainda mais efetivos.”


O SIAT II Glicério registrou, de 01 de janeiro a 31 de outubro deste ano, um total de 51.200 acolhimentos, referentes a 2.567 pessoas acolhidas, e 25.320 atendimentos de saúde referentes a 2.045 pacientes atendidos.