Palestra mostra como cultivar a compaixão e o altruísmo

São qualidades inerentemente humanas, mas depende de cada um a maneira como expressá-las.

 

Em 2016, O Ciclo de Palestras da Divisão de Promoção à Saúde, do Departamento de Saúde do Servidor - DESS, vinculado à Coordenadoria de Gestão de Pessoas, da Secretaria Municipal de Gestão, teve início no dia 17 de fevereiro, no auditório da Biblioteca Mário de Andrade, com a palestra “Altruísmo e compaixão: expressões da espiritualidade humana” com o Lama Rinchen Khyenrab, monge plenamente ordenado na Tradição Sakya do Budismo Tibetano.

Lama Rinchen é diretor espiritual do Mosteiro Sakya Brasil, em Cabreúva - SP, onde ensina Filosofia, Psicologia e Meditação. É mestre em Filosofia, Psicologia e Meditação pela International Budhist Academy – Nepal. Em sua formação laica, graduou-se em Engenharia Agronômica, com pós-graduação em Biotecnologia e Agronegócios pela Universidade de Cornell, USA, mestrado em Psicologia Institucional pela Universidade Federal do Espírito Santo e bolsista do IIEP no Instituto do Cérebro no Hospital Albert Einstein. Em 1992, iniciou seus estudos no budismo tibetano em Kathmandu, Nepal, recebendo sua ordenação plena em 2003 quando foi indicado para ser o Lama residente e abade do Mosteiro Sakya no Brasil para ensinar o Dharma – filosofia budista e meditação.

Segundo Rinchen, na nossa cultura ocidental, temos um pouco de dificuldade de nos aproximarmos da definição de compaixão. “Compaixão nada tem a ver com piedade, com dó, com misericórdia. Compaixão em si significa aspirar, desejar, mover-se na direção de aliviar o sofrimento do outro. Usar a sua expertise, usar seu corpo, o que você puder, no sentido de tirar o outro da experiência de sofrimento. O altruísmo está relacionado à preocupação desinteressada com o bem estar do outro. Se todas as pessoas se movessem nesse sentido, se todos nós cuidássemos uns dos outros, não haveria violência, não haveria fome, não haveria sofrimento. Todas as vezes que nós experienciamos nossas relações tendo a compaixão, o altruísmo, empatia e resiliência como aquilo que nos norteia, a nossa vida é muito mais positiva, mais construtiva. São qualidades inerentemente humanas, mas a maneira como nos aproximamos das nossas relações lembrando e usando isso, depende de cada pessoa”, ressalta.

Foram abordados os aspectos da compaixão e altruísmo relacionados ao cuidar e ao cuidador. “Deixar o outro ser o outro é uma grande característica do cuidador. Não exigir que ele seja como você quer que ele seja. A empatia faz com que sejamos acolhedores com o outro, oferecendo o melhor de mim no aqui e agora. Se depois o desfecho não for o esperado, eu fiz o melhor de mim. E faz parte do diálogo das profissões ligadas à área da saúde, saber lidar com a impermanência, a interdependência. E a qualidade da escuta é muito importante”, destaca.

O Lama falou também sobre a interdependência nas relações, inclusive profissionais. “Somos absolutamente interdependentes. Quando as pessoas estão focadas no seu desenvolvimento profissional, preocupadas com sua posição, com seu status, normalmente se esquecem disso. Seja qual for a sua função, em qualquer área, lembre sempre que o momento que você atua só existe porque há outros tantos cumprindo seus papéis para que sua função possa existir”.

Com a experiência de instrutor do Cognitively Based Compassion Training - CBCT, pela Emory University, em Atlanta - USA, Rinchen falou do CBCT, como uma abordagem específica para o desenvolvimento da compaixão. Desenvolvido como um protocolo de pesquisa em treino de compaixão na Universidade de Emory por Geshe Lobsang Tenzin, o treinamento envolve uma série de reflexões estratégicas que ajudam a aprofundar a perspectiva em nossos corações e mentes para informar melhor o modo como nos sentimos a respeito dos outros. Como componentes progressivos do CBCT foram citados: estabilidade da atenção, consciência do momento presente, autocompaixão, cultivo da imparcialidade, apreciação e empatia, e fortalecimento da compaixão. “Meditar significa familiarizar-se, primeiro consigo. Desenvolver uma mente serena para que venha a reconhecer a quietude, que abre um grande espaço para a resiliência”.

Finalizando, Rinchen falou sobre ser feliz. “Construímos momentos mais duradouros de felicidade quando nos relacionamos com o lado emocional das pessoas. Podemos dizer que felicidade é uma experiência de dia-a-dia de serenidade. Quanto mais serena permaneça nossa mente, mais felizes somos. E, se a minha ação no mundo é responsável pela felicidade do outro, eu me sinto feliz”.


Confira entrevista com o Lama Rinchen Khyenrab no programa Você em Foco da Rede São Paulo Saudável, da Secretaria Municipal de Saúde.
Você em Foco - Como Aplicar a Compaixão e o Altruísmo no Ambiente de Trabalho

 

 

 

 

Miriam Boffo
Divisão de Promoção à Saúde do Departamento de Saúde do Servidor - DESS
Coordenadoria de Gestão de Pessoas
Secretaria Municipal de Gestão - SMG