Um bairro de muitos bairros

Fonte: Jornal da Tarde

Mercado imobiliário vê diversas regiões como uma só: a Saúde, cuja qualidade de vida atrai cada vez mais

CHARLISE MORAIS, charlise.morais@grupoestado.com.br

Na divisa com dois tradicionais e valorizados bairros da Zona Sul da Cidade - a Vila Mariana e Moema -, fica a Saúde. Na sua margem direita outros dois bairros derivam do mesmo nome, o Jardim e o Bosque da Saúde.

Sua extensão em território é de 8,9 quilômetros quadrados, delineado pelas avenidas Jabaquara,José Maria Whitaker, Professor Abraão de Morais (extensão da Avenida Ricardo Jafet), Bosque da Saúde e Rua Luís Goes e concentra quase 120 mil habitantes.

Embora, tenha como parte de sua região o ‘nobre’ Jardim da Saúde, tombado pelo Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo -, a Saúde tem se apresentado como uma boa opção de moradia, com localização privilegiada e preço mais em conta que o encontrado nos bairros adjacentes.

Quem procura um imóvel e um lugar tranqüilo, sem dúvida, encontra ali uma boa alternativa. A oferta de transportes é ampla, com estações da Linha 1 (Azul) do metrô, como Praça da Árvore, Saúde e Jabaquara próximos, além de uma diversidade de linhas de ônibus para todas as regiões da Capital Paulista.

O bairro também tem fácil acesso a outras regiões da Cidade, além da proximidade com os municípios do ABCD Paulista, e é caminho para as rodovias que vão em direção ao litoral - Anchieta e Imigrantes.

Como se não bastasse, a Saúde também tem uma boa infra-estrutura em serviços, com unidades das grandes redes de hipermercados, shopping center, comércio farto, escolas, igrejas e hospitais. Para divertir-se sem ter de deslocar-se muito do perímetro do bairro, o morador pode aproveitar o Zoológico e o Jardim Botânico de São Paulo, que ficam a alguns minutos dali, ambos na Avenida Miguel Stéfano, na Água Funda.

Morar na Saúde, entretanto, não é para quem tem preguiça de procurar, isso porque o preço mais em conta dos imóveis no bairro faz com que a procura seja bem maior que a demanda, ou seja, quem quiser mudar-se para lá terá de gastar sola de sapato para encontrar um imóvel vazio.

As construtoras e incorporadoras já perceberam essa tendência da região e têm apostado em lançamentos no bairro. Mas, não são apenas novos e modernos espigões que atraem cada vez mais interessados em viver por lá. A Saúde também tem muitas casas e sobrados. Essa diversidade de moradias, aliada ao preço favorável - é responsável pelo aquecimento do mercado de imóveis local.

Quem optar por um imóvel novo, ou em construção, deve ficar bem atento. A Saúde, para o mercado imobiliário, é uma única zona de valor. Ou seja, o Jardim da Saúde, o Bosque da Saúde e a Saúde são como uma coisa só para as construtoras nos anúncios de imóveis. Dentro desse perímetro ainda estão outras microrregiões como Mirandópolis e as vilas Cruzeiro do Sul, Monte Alegre, São Pedro, do Bosque, da Saúde e Simões, além do Jardim Previdência, Chácara Inglesa e Parque Imperial - mas tudo é vendido como Saúde.

Para o morador, a diferença não é tão grande assim, já que todos os bairros têm características semelhantes. Mas é bom saber que quem estiver do lado direito da Avenida Professor Abraão de Morais (extensão da Avenida Ricardo Jafet) vai ser administrado pela Subprefeitura do Ipiranga, do lado oposto, a Subprefeitura responsável é a da Vila Mariana.

‘É maravilhosa’, dizem corretores

Do ponte de vista da venda de imóveis, região da Saúde é uma das mais disputadas da cidade

A Saúde é vista no mercado imobiliário como uma macrorregião, que engloba vários bairros, entre eles o Jardim da Saúde e o Bosque da Saúde, além da própria Saúde.

A ‘zona de valor’ é uma só, o que significa que os imóveis em qualquer um dos bairros tem valor de compra e venda similares. Mas existem algumas diferenças nas características construtivas dos bairros. O Jardim da Saúde, por exemplo, é principalmente residencial e foi, em 2002, tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Assim, tornou-se um espaço urbano com valor histórico e referencial do processo de urbanização da periferia paulistana.

Por isso, construir edifícios residenciais ou comerciais ali é praticamente impossível. Mas, o mercado imobiliário de olho na grande procura por imóveis no bairro, devido à sua localização privilegiada, facilidade de acesso e grande oferta de redes de transporte e serviços, tem insistido em investir por lá.

Prova disso, é que são muitos os lançamentos de imóveis na região. A construtora Setin levou para o bairro o seu conceito modelo de construção, o ‘Mundo Apto’, sucesso entre as vendas da construtora. Lançado em março do ano passado, o empreendimento já tem mais de 90% das unidades vendidas. “Consideramos a região muito promissora. Temos interesse em continuar investindo por lá, mas existe dificuldade em comprar terrenos”, conta o diretor comercial da Setin, Guilherme França.

Uma das dificuldades das construtoras é conseguir terrenos ‘generosos’ para a construção de prédios de apartamentos residenciais, e, com o tombamento de uma área considerável do Jardim da Saúde, isso se tornou ainda mais difícil.

O diretor de marketing da Itaplan Imóveis, Fábio Rossi Filho,concorda com França. “O bairro já está formado, por isso, para adquirir um terreno por lá é preciso comprar de cinco a seis imóveis, e isso leva mais tempo. Além disso, ajuda a valorizar ainda mais os imóveis que já estão no bairro.”

Mas, isso não é empecilho para a Itaplan, uma das empresas do mercado imobiliário que mais apostou em vendas na Saúde. “Foram mais de cem lançamentos”, diz Rossi Filho. Ele ainda caracteriza a região como ‘maravilhosa’ no quesito vendas.

“A Zona Sul tem alguns bairros que são considerados pontos fortes e atrativos para vendas de imóveis, e, sem dúvida, um deles é a Saúde”, explica.

Segundo o diretor da Itaplan, além da proximidade com as estações de metrô da Linha 1 (Azul), o bairro ainda oferece fácil acesso a outras regiões importantes como a Avenida Paulista, os bairros Ipiranga, Moema e Indianópolis, as cidades do ABCD e ao Aeroporto de Congonhas - mas sem o inconveniente do barulho dos aviões.

Rossi Filho aposta na excelência da região para vendas. “Temos imóveis lá de um, dois, três e quatro dormitórios. Isso prova a diversidade de produtos com que conseguimos trabalhar ali.”

Outra característica importante do bairro, segundo o diretor de marketing, é a migração que ocorre na Saúde. “Quem sempre morou lá, não sai e quem vem de outras regiões, gosta e não quer mais sair”, completa.