A ExpoFavela São Paulo 2023 teve seu desfecho no domingo (19), depois de três dias de evento que tinha por objetivo dar mais visibilidade ao empreendedorismo da periferia e criar oportunidades de ligá-lo ao grande empresariado. E a SEME esteve atuante no último dia de exposição com um diálogo chamado “Panorama do esporte na quebrada”, mediado pelo Secretário da pasta, Carlos Augusto Vianna.

Os outros dois participantes do debate foram o técnico de basquete, Alberto Bial, e a jogadora da várzea e artilheira nacional da Taça das Favelas 2022, Suellen Silva. A troca de ideias causou diversas reações no público presente, foi do professoral à lição de vida, passando por risadas e aplausos e deixou uma satisfação em quem acompanhou até o final.

O treinador começou com explicações mais lúdicas e com as experiências de quem teve vivência com alto rendimento desde a década de 60. Ele defendeu a necessidade de massificação do esporte e a necessidade de combater a monocultura do futebol masculino: “O esporte, no Brasil, é ainda para uma pequena elite de pessoas, não é abrangente como deveria ser. O mundo mudou completamente, tem muitas modalidades, natação, futebol feminino, falando em questão de gênero, tem basquete que podem ser praticadas. Trabalho há 11 anos no Ceará e procuro disseminar o basquete na região”, explicou Alberto Bial.

Já a artilheira do Palmeirinha, do Jardim Paraisópolis, Suellen Silva abriu sua participação de uma forma tímida, porém ficou mais à vontade e promoveu diferentes reações da plateia. Ela arrancou risos ao contar da união da comunidade e que fazia chamadas de vídeo para seus vizinhos, às duas horas da manhã, para falar que estava hospedada em um hotel com algumas regalias. Também causou uma emoção maior ao falar da vida familiar, em uma casa com cinco irmãos e o incentivo do único irmão homem em continuar seu sonho de ser jogadora. Ela trouxe as diferenças do lado profissional e amador e ressaltou o respeito que teve na Taça das Favelas, torneio organizado pela Central Única das Favelas com o apoio da SEME: “Já joguei na base do Juventus, enfrentei grandes times, pude disputar campeonatos importantes. Mas a Taça das Favelas mudou minha vida, lá me deram oportunidades de crescer, lá me respeitaram, trouxeram uniformes para nosso time”.

O Secretário falou da relevância de se praticar esportes dentro da escola como parte da educação e formação de caráter das crianças e adolescentes. Além de explicar que a inserção do esporte para o adulto traz mais qualidade no processo de envelhecimento. Citou alguns dos programas promovidos pela SEME voltados para os locais em vulnerabilidade social.

O debate mostrou que é possível conciliar a máquina pública com projetos de pessoas ou organizações para expandir a vivência esportiva e que há atletas prontos para despontar, crescer e ganhar notoriedade e reconhecimento através de suas conquistas.


Texto e fotos: Juvenal Dias - juvenaldias@prefeitura.sp.gov.br