PREFEITURA DE SÃO PAULO

Judô segue como destaque na 7ª edição da Virada esportiva na Freguesia

CE Freguesia do Ó, mas conhecido como Cefó, tem todas as quadras ocupadas, diversas atividades esportivas e intensa presença do público local

24/09/2013 18h06

Um dos centros esportivos escolhidos para estender a virada nos finais de semana com o “Revirando a Virada” foi marcado por intensa movimentação e uma diversidade de etnias durante a sétima edição da Virada Esportiva. No CE Freguesia do Ó, foram oferecidas atividades como tênis, capoeira e judô.

O torneio feminino e infantil de tênis contou com a presença e auxílio do coordenador da modalidade no local, Anderson Souza. “O tênis é uma oportunidade para diversas faixas etárias e a qualidade de vida é um dos benefícios do esporte” reforça Anderson, que trabalho no projeto há cerca de um ano pela ONG Cads.

Luciana Martins Correia Baliões, que pratica o esporte há cerca de um ano e dois meses, enxerga boas oportunidades neste esporte: “o tênis é completo, engloba tudo que é bom: cultura, educação, disciplina e integração”, comenta Luciana.
O contramestre Fabio Couto (Fabinho), grupo cordão de ouro do projeto “Brincando de Capoeira”, nos conta que houve o tradicional batizado. "A capoeira consegue agregar a família, um esporte que vem para somar e receber as pessoas. Você joga com a pessoa, não contra ela. Essa modalidade não é uma briga”, afirma Fabinho.

Um dos bairros contemplados pela primeira fase de implementação do “Revirando a Virada”, a Freguesia do Ó possui grande concentração de imigrantes bolivianos que frequentam o clube. Para atender grupos como esse e todo o restante da população local, o clube dispõe de aulas de judô, ginástica, karatê, tai chi chuan, vôlei e futsal. Em clima de Virada, o clube se prepara para funcionar 24h nos finais de semana. “Precisamos preparar a casa para receber os convidados”, declara o diretor e também carnavalesco Diego Tadeu Faria, o Turcão, a respeito do “Revirando a Virada”, que começa no dia 28 de setembro.

Judô, o carro forte da unidade

Com a maior concentração de alunos no clube, o judô foi o esporte que mais despertou o interesse da molecada no sábado (21) das 14h às 16h. O judô ensinado no Cefó tem o intuito de ser educacional e recreativo e não uma prática desgastante, exaustiva, algo comum em academias.

Edmilson Costa Leão, atleta desde os 10 anos e professor da modalidade, explica alguns dos benefícios do judô: “o aluno aprende, acima de tudo, a respeitar os pais e as pessoas mais velhas, sempre se dirigindo a eles como senhor e senhora, nada de você. A troca de faixa se dá pelo merecimento: é preciso tirar boas notas, não falar palavrão e nada de ficar na rua.” Segundo as tradições japonesas e do fundador do esporte, Jigoro Kano, o judô criado em 1822 e tem como um de seus objetivos o respeito hierárquico, que fortalece a disciplina com a obediência ao próximo.

“O cumprimento e a saudação no judô não sé dá somente no plano físico. Ao fazer tal gesto, cumprimenta-se a história, o passado do adversário”, explica o professor Edmilson Leão. Outra curiosidade neste esporte é a origem da diferença de cor do quimono (azul e branco): essa distinção nasceu pela dificuldade que as pessoas tinham em diferenciar os adversários, já que antigamente os quimonos eram somente brancos.

Frequentador assíduo do judô no Cefó, José de Freitas, o Zé, diz que todos os seus filhos praticam o esporte: “sempre digo para eles que as dificuldades no esporte devem ser superadas”, exalta.

“Não é difícil saber porque, hoje em dia, o judô é uma ferramenta usada na educação”, exalta Edmilson. “Não existe derrotado no judô, ninguém perde, só ganha, adquirindo-se experiência, educação, crescimento, raciocínio, conhecimento, interpretação, autocontrole. Trabalham o conceito de Yan e Yang, que não ensina violência e agressividade, mas sim a confrontar com a mudança a partir do princípio da autodefesa. Para se dar um passo para frente, precisa-se dar um para trás. Você cresce quando ensina, quando o outro precisa de você. O Sansei explica que é preciso abrir mão de suas vaidades, aprendendo quem você realmente é, em busca da autoimagem”, esclarece o professor.

Primeiro, precisa-se vivenciar o esporte, gostar dele, para depois aprendê-lo. “O que não se ocupa pelo bem, ocupa-se pelo mal”, afirma Edmilson. O Sansei diz que a estrutura para se desenvolver o esporte já existe, porém o que falta muitas vezes é boa vontade dos profissionais e voluntários para manter os alunos nas salas de aula. “Muitas vezes é preciso doutrinar a cabeça dos pais, para não quebrar a corrente que trabalhamos com eles", finaliza.

Texto e fotos: Isabella Feitosa