Prêmio de Direito à Memória e à Verdade Alceri Maria Gomes da Silva está com inscrições abertas

Pessoas físicas e jurídicas podem ser indicadas para a sétima edição

Criado para homenagear pessoas e organizações que trabalham com a promoção e a defesa dos temas de memória, verdade e justiça o Prêmio de Direito à Memória e à Verdade Alceri Maria Gomes da Silva, concedido pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), está com as inscrições abertas até 27 de outubro.

Em 2021, o Movimento Independente Mães de Maio ganhou o prêmio pela luta pela memória e verdade das vítimas de violência policial no Brasil. São mães cujos filhos foram mortos pela polícia e se organizaram para combater o extermínio operado pelas instituições do Estado.

“Ficamos muito surpresas e agradecidas em receber este reconhecimento da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. Somos mães, donas de casa, lutando pela memória e verdade, gritando por nossos filhos que morreram em uma guerra que não era nossa”, disse Débora Maria da Silva, fundadora e coordenadora do Movimento Independente Mães de Maio, que teve o filho Edson Rogério Silva dos Santos, de 29 anos, assassinado pela polícia em 2006, no maior massacre feito nas periferias do Estado de São Paulo, com mais de 500 pessoas mortas.

No mesmo dia em que o Movimento recebeu o prêmio, um memorial às vítimas do que ficou conhecido como Crimes de Maio foi inaugurado em Santos, cidade onde o filho de Débora foi assassinado. “No início éramos quatro mães e o Movimento continua a crescer, pois o Brasil é um produtor de Mães de Maio”, lamenta.

Memória Política

Trabalhar pelo resgate da memória da época em que o Brasil viveu sob uma ditadura militar é o que faz Maurice Politi, ex-preso político, defensor dos Direitos Humanos e fundador do Núcleo de Preservação da Memória Política. No ano passado o ativista foi homenageado com a menção honrosa do prêmio.

“Resgatar é importante para mostrar aos jovens os danos que uma ditadura causa ao país e a importância do Prêmio Alceri Maria Gomes da Silva é o crédito dado pela Prefeitura de São Paulo às pessoas físicas e jurídicas que se destacam durante o ano nesse trabalho”, diz Politi, que busca construir na cidade de São Paulo um roteiro de memória política com os lugares usados para violação de direitos durante a ditadura militar.

Na capital paulista já existem alguns lugares de memória como o Memorial da Resistência, no prédio onde funcionava o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP); o Monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos durante o regime militar, que está em frente ao portão 3 do Parque do Ibirapuera; o Memorial de Luta pela Justiça, casa onde presos políticos eram julgados no âmbito da 2ª Circunscrição Judiciária Militar; e o prédio do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), onde hoje funciona uma delegacia de polícia, são realizadas visitas monitoradas.

Quem foi Alceri Maria Gomes da Silva

A jovem gaúcha Alceri, 26 anos, trabalhava no escritório da fábrica Michelletto, em Canoas (RS), onde iniciou sua participação no movimento operário como sócia do Sindicato dos Metalúrgicos. Em 1969 decidiu mudar para São Paulo para lutar contra a ditadura militar. No ano seguinte, foi assassinada na capital paulista junto com Antônio dos Três Reis Oliveira, por agentes da Operação Bandeirantes (OBAN). Ambos são considerados desaparecidos políticos, pois seus restos mortais não foram encontrados até hoje.

“Alceri Maria Gomes da Silva foi uma mulher que teve seus direitos violados pelo próprio Estado, no período da ditadura militar. Assim como ela, tantas outras sofreram violações e morreram por defender um regime democrático. O prêmio, que é uma das recomendações da Comissão da Memória e Verdade do Município de São Paulo, é uma ação que visa, por meio de homenagens a pessoas que lutam pelo direito à memória, à verdade e à justiça, reiterar o papel do poder público em realizar ações de fortalecimento da cidadania e dos direitos humanos”, destacou Renata Mie Garabedian, diretora do Departamento de Educação em Direitos Humanos da SMDHC.

Se você conhece alguma pessoa (física ou jurídica) que, de alguma maneira, mesmo após a redemocratização, lutou ou luta para promover o enfrentamento às estruturas estatais autoritárias herdadas do período anterior e para implementar no município uma cultura de paz e de valorização à democracia e aos Direitos Humanos, preencha o formulário contando um pouco da história dessa pessoa.

Informações e ficha de inscrição no prêmio estão disponíveis no site: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/edh/programas_e_projetos/index.php?p=270036


Homenageados em 2021
Prêmio: Movimento Independente Mães de Maio
Menção honrosa pessoa física: Maurice Politi
Menção honrosa pessoa jurídica: Jornal GGN

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