Pílula Semanal do Espalha EDH - Vozes Pela Igualdade de Gênero




No mês em que se comemoram os 30 anos Estatuto da Criança e do Adolescente, a Pílula do Espalha EDH desta semana traz uma entrevista com Fabíola Sucasas, promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo e Rick Bonadio que é produtor musical e proprietário da gravadora Midas Music, para falar um pouco sobre o projeto Vozes pela Igualdade de Gênero e trazer uma reflexão da importância do debate com os adolescentes sobre gênero, arte e cultura e sua inserção na comunidade escolar. 

1 – Conte-nos como surgiu a ideia e quais os principais objetivos do projeto Vozes Pela Igualdade de Gênero?

Fabíola Sucasas: O projeto constitui uma parceria entre o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Secretaria de Estado de Educação, com apoio da Midas Estúdios, tendo por finalidade fomentar a discussão, a reflexão e a conscientização sobre o enfrentamento e o debate relacionado às desigualdades de gênero. A iniciativa propõe para alunos e alunas da rede estadual de ensino dos cursos de Ensino Médio Regular ou na modalidade Educação de Jovens e Adultos, a participação em um concurso musical a partir de temas pré-escolhidos que, através de um processo por meio do qual promotores de justiça visitam escolas ou participam de webconferências, inspirem as canções. O concurso também promove uma reflexão pública ao instar o voto para a eleição das músicas inscritas e à gravação em um estúdio de renome, instrumentos estratégicos para a perpetuação do debate.

O projeto Vozes nasceu da conjugação de alguns fatores, como o reconhecimento extraordinário do poder da música sobre as pessoas, o papel da cultura na formação de opinião e conscientização do público em geral, o uso das redes sociais neste cenário, além, é claro, de fundamentos legais como, por exemplo, as diretrizes de políticas públicas de efetividade à Lei Maria da Penha, dentre elas o destaque nos currículos escolares para os conteúdos relativos aos direitos humanos e à promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia.

Tudo começou em 2016, ano em que a Lei Maria da Penha completou 10 anos, tanto que o tema desta primeira edição propôs justamente o debate sobre o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher. A primeira edição abarcou somente as escoals estaduais da capital, focando 15 Diretorias de Ensino.

O vencedor foi Nathan Pereira, da E.E. Deputado Silva Prado (Leste 1), com a música “Primeiro Passo”. Em 2017, o tema #RespeitaAsDiferenças despertou discussão sobre o respeito e a valorização das diferenças, o enfrentamento de quaisquer formas de discriminação de gênero e orientação sexual, inclusive no espaço digital. Foi uma edição que iniciou pelo estado todo, focando as 91 Diretorias de Ensino do Estado e na qual incluímos a votação popular no processo de escolha.

A música vencedora foi de Elian Flores, da E.E. Tonico Barão, em General Salgado, com a música “Amar sem olhar a quem”. A terceira edição, de 2018, teve por tema “Em todos os lugares, em pé de igualdade”, pretendendo a reflexão sobre o exercício efetivo dos direitos das mulheres, a promoção da igualdade e empoderamento em todos os âmbitos sociais, econômico e político. A música vencedora foi “Hino das Mulheres”, da E.E. Professor Luiz Castanho de Almeida, de Bauru, das alunas Giovana Padovan, Gabriela Padovan, Mariana Freitas, Karen Lopes e Maria Chayanne. A 4ª edição, de 2019, com “A cor da minha pele dá poder à minha voz” tratou de desigualdade racial, racismo, a sua intersecção com gênero e o empoderamento das mulheres e meninas negras. A vencedora foi “Menina Bonita”, da aluna Luisa Apolinário, da E.E. Ferrucio Chiaratti, de Sertãozinho. Íamos lançar a 5ª edição em março, porém diante da pandemia tudo foi suspenso.

Importante ressaltar que, em 2018, o projeto Vozes foi contemplado com o 18º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, conferido pela Associação Parada LGBT.

2- Como o projeto contribuí para a promoção da cidadania?

Fabíola Sucasas: Não podemos negar que a música também é utilizada para legitimar preconceitos e propagar a violência. A arte também é espaço de violência contra as mulheres, pois reproduz estereótipos que ratificam o machismo, o ódio, a discriminação, a cultura do estupro, etc. Há quem romantize e poetize algumas músicas que colocam a mulher no espaço de submissão e inferioridade, e sequer problematize isso como um fator de incentivo à violência de gênero. Estudos já apontaram que músicas misóginas, que são tocadas milhares de vezes ao longo da vida, pode ter um efeito forte de legitimação e de influência nas manifestações de violência.

O projeto Vozes, por sua vez, valoriza a cultura que ensina, e mostra que é um instrumento poderoso para a construção e a promoção da cidadania. Música é uma forma de comunicação; ela entra na casa das pessoas, entra em todos os lugares. Ela nos acompanha e nos inspira. A música influencia o processo de aprendizagem, ela ajuda a desenvolver a percepção e a concentração auditiva. Por isso, o projeto impulsiona, através da música, e da sua metodologia que alia o debate e a reflexão de temas que entram no currículo escolar, envolvendo análise popular e disseminação nas redes sociais, o sentido de cidadania e dos Direitos Humanos.

3- Como você vê o projeto Vozes Pela Igualdade de Gênero em relação à inserção dos jovens na arte e na cultura?

Rick Bonadio: eu acho uma grande oportunidade de colocar temas importantes para a nossa evolução social pela arte. Na música, tudo fica mais leve e ao mesmo tempo mais profundo, pois as melodias marcam a vida das pessoas e essas mensagens com certeza trarão coisas muito boas no futuro.
No mês em que se comemoram os 30 anos Estatuto da Criança e do Adolescente, a Pílula do Espalha EDH desta semana traz uma entrevista com Fabíola Sucasas, promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo e Rick Bonadio que é produtor musical e proprietário da gravadora Midas Music, para falar um pouco sobre o projeto Vozes pela Igualdade de Gênero e trazer uma reflexão da importância do debate com os adolescentes sobre gênero, arte e cultura e sua inserção na comunidade escolar.

1 – Conte-nos como surgiu a ideia e quais os principais objetivos do projeto Vozes Pela Igualdade de Gênero?

Fabíola Sucasas: O projeto constitui uma parceria entre o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Secretaria de Estado de Educação, com apoio da Midas Estúdios, tendo por finalidade fomentar a discussão, a reflexão e a conscientização sobre o enfrentamento e o debate relacionado às desigualdades de gênero. A iniciativa propõe para alunos e alunas da rede estadual de ensino dos cursos de Ensino Médio Regular ou na modalidade Educação de Jovens e Adultos, a participação em um concurso musical a partir de temas pré-escolhidos que, através de um processo por meio do qual promotores de justiça visitam escolas ou participam de webconferências, inspirem as canções. O concurso também promove uma reflexão pública ao instar o voto para a eleição das músicas inscritas e à gravação em um estúdio de renome, instrumentos estratégicos para a perpetuação do debate.

O projeto Vozes nasceu da conjugação de alguns fatores, como o reconhecimento extraordinário do poder da música sobre as pessoas, o papel da cultura na formação de opinião e conscientização do público em geral, o uso das redes sociais neste cenário, além, é claro, de fundamentos legais como, por exemplo, as diretrizes de políticas públicas de efetividade à Lei Maria da Penha, dentre elas o destaque nos currículos escolares para os conteúdos relativos aos direitos humanos e à promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia.

Tudo começou em 2016, ano em que a Lei Maria da Penha completou 10 anos, tanto que o tema desta primeira edição propôs justamente o debate sobre o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher. A primeira edição abarcou somente as escoals estaduais da capital, focando 15 Diretorias de Ensino.

O vencedor foi Nathan Pereira, da E.E. Deputado Silva Prado (Leste 1), com a música “Primeiro Passo”. Em 2017, o tema #RespeitaAsDiferenças despertou discussão sobre o respeito e a valorização das diferenças, o enfrentamento de quaisquer formas de discriminação de gênero e orientação sexual, inclusive no espaço digital. Foi uma edição que iniciou pelo estado todo, focando as 91 Diretorias de Ensino do Estado e na qual incluímos a votação popular no processo de escolha.

A música vencedora foi de Elian Flores, da E.E. Tonico Barão, em General Salgado, com a música “Amar sem olhar a quem”. A terceira edição, de 2018, teve por tema “Em todos os lugares, em pé de igualdade”, pretendendo a reflexão sobre o exercício efetivo dos direitos das mulheres, a promoção da igualdade e empoderamento em todos os âmbitos sociais, econômico e político. A música vencedora foi “Hino das Mulheres”, da E.E. Professor Luiz Castanho de Almeida, de Bauru, das alunas Giovana Padovan, Gabriela Padovan, Mariana Freitas, Karen Lopes e Maria Chayanne. A 4ª edição, de 2019, com “A cor da minha pele dá poder à minha voz” tratou de desigualdade racial, racismo, a sua intersecção com gênero e o empoderamento das mulheres e meninas negras. A vencedora foi “Menina Bonita”, da aluna Luisa Apolinário, da E.E. Ferrucio Chiaratti, de Sertãozinho. Íamos lançar a 5ª edição em março, porém diante da pandemia tudo foi suspenso.

Importante ressaltar que, em 2018, o projeto Vozes foi contemplado com o 18º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, conferido pela Associação Parada LGBT.

2- Como o projeto contribuí para a promoção da cidadania?

Fabíola Sucasas: Não podemos negar que a música também é utilizada para legitimar preconceitos e propagar a violência. A arte também é espaço de violência contra as mulheres, pois reproduz estereótipos que ratificam o machismo, o ódio, a discriminação, a cultura do estupro, etc. Há quem romantize e poetize algumas músicas que colocam a mulher no espaço de submissão e inferioridade, e sequer problematize isso como um fator de incentivo à violência de gênero. Estudos já apontaram que músicas misóginas, que são tocadas milhares de vezes ao longo da vida, pode ter um efeito forte de legitimação e de influência nas manifestações de violência.

O projeto Vozes, por sua vez, valoriza a cultura que ensina, e mostra que é um instrumento poderoso para a construção e a promoção da cidadania. Música é uma forma de comunicação; ela entra na casa das pessoas, entra em todos os lugares. Ela nos acompanha e nos inspira. A música influencia o processo de aprendizagem, ela ajuda a desenvolver a percepção e a concentração auditiva. Por isso, o projeto impulsiona, através da música, e da sua metodologia que alia o debate e a reflexão de temas que entram no currículo escolar, envolvendo análise popular e disseminação nas redes sociais, o sentido de cidadania e dos Direitos Humanos.

3- Como você vê o projeto Vozes Pela Igualdade de Gênero em relação à inserção dos jovens na arte e na cultura?

Rick Bonadio: eu acho uma grande oportunidade de colocar temas importantes para a nossa evolução social pela arte. Na música, tudo fica mais leve e ao mesmo tempo mais profundo, pois as melodias marcam a vida das pessoas e essas mensagens com certeza trarão coisas muito boas no futuro.