Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimento Forçado é lembrado em evento no Memorial da Resistência

 

Por ocasião do Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimento Forçado, o Departamento de Educação em Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e o museu Memorial da Resistência de São Paulo promoveram um evento para lembrar a data, com a participação de alunos de Escola Municipal Cidade de Osaka, no Parque São Rafael, Distrito de São Rafael, extremo sudeste de São Paulo.

Entende-se por desaparecimento forçado toda prisão, detenção, seqüestro ou qualquer outra forma de privação de liberdade cometida por agentes de Estado, por pessoas ou grupo de pessoas que atuem com autorização, apoio ou consentimento do Estado.

Os estudantes assistiram palestras de Marília Bonas, coordenadora do Memorial da Resistência de São Paulo, e de Berenice Maria Giannella, secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania. Os presentes também puderam ouvir o depoimento de Franciele Gomes, do movimento originário da Baixada Santista “Mães de Maio”, que busca o esclarecimento do desaparecimento forçado de jovens da periferia. O irmão de Franciele, segundo ela, foi assassinado por policiais.

O responsável pela Divisão de Localização Familiar e Desaparecidos, Darco Hunter, falou em seguida sobre o trabalho que a sua divisão realiza para localizar pessoas que se afastaram dos familiares e que estão nas ruas ou em equipamentos de abrigo, a espera de identificação.

Dimas Casemiro

Na ocasião também foi exibido o documentário “Aconteceu bem aqui”, produzido com recursos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, que narra a história do Cemitério Dom Bosco, no distrito de Perus, Zona Norte da cidade de São Paulo. O Departamento de Educação em Direitos Humanos participou da identificação dos restos mortais que estavam no local, atribuídos aos desaparecidos da época da Ditadura Militar (1964-1985), em São Paulo.

Esse trabalho conjunto com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) analisou metade dos mais de mil restos mortais encontrados para identificação. O mais recente deles, em maio deste ano, foi o do militante político Dimas Casemiro, 47 anos após seu desaparecimento.

Nesta quinta-feira, 30 de agosto, os restos mortais de Dimas Casemiro foram finalmente entregues ao seu filho, Fabiano Casemiro, hoje com 47 anos – e que tinha apenas quatro anos à época do desaparecimento do pai. A entrega formal foi feita pelo Ministério dos Direitos Humanos, Departamento de Educação em Direitos Humanos, Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e demais instituições que fazem parte do Grupo de Trabalho de Perus (GTP). O sepultamento ocorreu a após a cerimônia no Cemitério de Votuporanga.

“A gente tem trabalhado em conjunto com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, com a Unifesp e vamos continuar com essa parceria para que finalmente os familiares possam enterrar esses corpos e encerrar esse episódio de nossa História”, disse a secretaria Berenice Maria Giannela aos estudantes.

Desaparecimentos Forçados

O Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados é lembrado desde 30 de agosto de 2011. Foi instituído pela ONU em dezembro do ano anterior para lembrar aos lideres dos países signatários da Convenção Internacional sobre a necessidade de combater o desaparecimento forçado.

No Brasil, a ditadura militar acabou em 1985, mas os desaparecimentos forçados continuam acontecendo, vitimando principalmente os jovens que vivem nas regiões sociais mais vulneráveis. Mas não é um fenômeno apenas local. O desaparecimento forçado afeta milhares de pessoas também nas zonas de conflitos, em diversos países do mundo.