Divisão de Desaparecidos da capital é referência em evento sobre o tema

Participação do órgão foi destaque em encontro promovido pela prefeitura de Cotia, na Grande São Paulo

Pessoas que saem de casa dizendo um “até de noite” e nunca mais são vistas. Que estão indo a um encontro com amigos ou com a família, mas nunca chegam. Simplesmente desaparecem do mapa, sem deixar vestígios. “É para evitar esse tipo violento de ruptura familiar, esse vazio que pode perdurar por dias, meses ou até mesmo anos, que trabalhamos com todo o cuidado na cidade de São Paulo”, disse Darko Hunter, chefe da Divisão de Localização Familiar e Desaparecidos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), ao participar do encontro “Voz e Visibilidade às Pessoas Desaparecidas”, promovido pela Prefeitura de Cotia, município da Grande São Paulo, na última segunda-feira (13/09).

“Temos melhorado muito a estrutura do serviço, com acesso à sistemas inteligentes e a ampliação da rede de atendimento, mas para mim, a principal ferramenta para localizar desaparecidos é a empatia da sociedade para com esta pauta e a troca de experiências entre agentes públicos. Podemos fortalecer muito mais a rede com esse intercâmbio de informações. As pessoas desaparecidas não podem ser apenas números em uma estatística, elas continuam sendo pessoas”, afirmou Darko durante a cerimônia, que marcou os 20 anos do desaparecimento da professora Marla Gadelha, em Cotia. A busca da família por informações e políticas públicas voltadas para a causa resultou na lei municipal 2178/2021, que institui a data de 13 de setembro, na cidade de Cotia, como o ‘Dia para a Voz e Visibilidade às Pessoas Desaparecidas’.

A ação contou com a presença da Ângela Maluf, vice-prefeita e secretária de Direitos Humanos, Cidadania e da Mulher em Cotia, de vereadores, da filha de Marla, Camila Gadelha, da fundadora da ONG Mães da Sé, Ivanise Esperidião, e outros familiares de pessoas desaparecidas.

Para Sandro Andrade, pai do garoto Samuel Gustavo de Andrade, desaparecido no dia 09 de dezembro de 2017, o atendimento humanizado que recebe a cada contato feito com a Divisão de Desaparecidos da Prefeitura de São Paulo e do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, é um importante alento, mas ele reforça que a pauta ainda precisa de muito mais visibilidade. “Sempre fui muito bem atendido pelos serviços que procurei, mas infelizmente essa é uma busca que não cessa. Nossa pauta precisa de mais visibilidade e divulgação, para que cada vez mais pessoas possam ser sensibilizadas e possam colaborar”, afirmou.

A SMDHC, por meio de sua Divisão de Desaparecidos, localizou somente no ano passado 579 pessoas e, neste ano, mais de 529 já foram localizadas.

Campanha de sensibilização e alerta de pessoas desaparecidas no metrô

No dia 30 de agosto, data instituída pela ONU como o Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimento Forçado, a SMDHC lançou a campanha de conscientização “Se vocês estivesse aqui...”. A ação teve início com uma sequência de projeções em dois locais da capital paulista, que apresentam uma série de vídeos que sensibilizam os visitantes sobre a dor de pessoas que convivem com o pensamento que dá o título à campanha.

A campanha também acontece nos canais virtuais, e no lançamento apresentou um vídeo que retrata algumas situações de como a falta de uma pessoa querida é sentida de forma mais dolorosa. Mas este foi apenas o pontapé inicial. A SMDHC vai manter a campanha viva nas redes sociais e equipamentos do órgão com a produção de novas peças, além de buscar parcerias com organizações do varejo e do terceiro setor para que a mensagem alcance cada vez mais pessoas ao longo dos próximos meses.

Além disso, a SMDHC também conta com convênios, firmados com as concessionárias Companhia do Metropolitano de São Paulo, ViaQuatro e ViaMobilidade, para exibir alertas que destacam fotos e nomes de desaparecidos e o telefone do serviço municipal de localização.

Veja aqui informações de pessoas desaparecidas que já foram exibidas pela parceria

Os alertas podem ser vistos na TV Minuto, que é transmitida em centenas de monitores dentro dos vagões das linhas 1-Azul (Jabaquara - Tucuruvi), 2-Verde (Vila Madalena - Vila Prudente) e 3-Vermelha (Corinthians/Itaquera - Palmeiras/Barra Funda). Além disso, passageiros que utilizam as Linhas Amarela e Lilás do Metrô também podem ver as informações, nas telas que ficam nas estações destas linhas.

O que fazer em caso de desaparecimento de familiar

Na cidade de São Paulo, a Divisão de Localização Familiar e Desaparecidos está pronta para ajudar, desde o momento em que a família perde o contato com a pessoa desaparecida. "O tempo é um fator importante para a resolução dos casos. Quanto antes procurar ajuda, maiores são as chances de reencontro, especialmente quando se trata de desaparecimento forçado ou involuntário", revela Darko.

De acordo com ele, a família precisa primeiro tentar esgotar todos os meios de contato possíveis, assim que notar alguma anormalidade no padrão de rotina da pessoa e, se ela não estiver onde deveria sem deixar aviso, deve ser registrado um Boletim de Ocorrência imediatamente, na delegacia mais próxima ou pela internet https://www.ssp.sp.gov.br/nbo.Lembrando que não há necessidade de esperar 24 horas.

Após a abertura do BO, ainda na internet, deve ser preenchido o formulário para registro de dados da pessoa desaparecida, no endereço eletrônico: Formulário de cadastramento | Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania | Prefeitura da Cidade de São Paulo. A partir daí, a divisão entra em cena iniciando uma busca pela rede de informações que conecta vários serviços municipais.

A Divisão de Localização Familiar atende pelo whatsapp (11) 97549-9770, ou e-mail: desaparecidos@prefeitura.sp.gov.br. Também há um Posto Avançado no centro de São Paulo.

SERVIÇO

Posto Avançado – Divisão de Desaparecidos
Endereço: Rua Mauá, nº 36 – próximo à Estação Júlio Prestes Santa Cecília – São Paulo (SP)
Horário de atendimento: 2ª a 6ª feiras – das 9h às 17h

Legendas: 

Foto 1: Grupo reunido em celebração à lei municipal Marla Gadelha, em Cotia

Foto 2: O Chefe da Divisão de Desaparecidos, Darko Hunter durante discurso