Emoção marca cerimônia de formatura do Portas Abertas - Curso de Português para Imigrantes

 

 

Dominar o idioma é fundamental para a integração do imigrante no país que o acolheu: além de permitir a comunicação, o aprendizado da língua ainda abre espaço para a inserção na comunidade onde ele vive e ajuda a abrir as portas do mercado de trabalho. Com todos esses fatores, não era difícil entender o forte clima de emoção que tomou conta de educadores, alunos e organizadores do programa Portas Abertas, durante a cerimônia de formatura dos alunos do curso de Português, ocorrida na terça-feira (11) na Sala Olido, no centro de São Paulo.

A cerimônia fez parte da programação do Festival de Direitos Humanos, realizado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania ao longo de dezembro (https://goo.gl/wAobNs). Para os educadores, participar do Portas Abertas extrapola o dever de ofício e passa ser uma atitude social. Segundo Jianine Goretti Belloto Benzai, diretora do Emei Coelho Neto (na região de São Mateus, Zona Leste) e que falou em nome das escolas envolvidas no projeto, fazer parte do programa “é trabalhar a integração dos estrangeiros na comunidade onde ele está acolhido”.

Os formandos – no total de 92 – fazem parte da primeira turma do curso de Português, iniciado no segundo semestre de 2017. Desde então, já se inscreveram no programa 1.644 alunos, de 26 das 198 nacionalidades de imigrantes existentes na Cidade de São Paulo. Atualmente, 11 escolas do município oferecem o curso aberto para imigrantes, refugiados e membros das comunidades migrantes.

A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Berenice Giannella, destacou o fato de a cerimônia acontecer durante a semana que festeja os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. “Nada mais simbólico do que promover um evento como o Porta Abertas, voltado para os imigrantes”, afirmou.

“A vida de quem muda de país tem várias etapas a serem cumpridas”, disse o secretário municipal de Educação Alexandre Scheneider. “Garantir o direito de cada criança e de cada adulto a freqüentar a escola, como se faz em nossa cidade, não é só uma obrigação legal, mas uma obrigação do ser humano”.

A cerimônia homenageou as seguintes escolas participantes do Portas Abertas: EMEF Fábio da Silva Quadro, CEU EMEF Jambeiro, EMEF José Maria Whitaker, CIEJA Paulo Vanzolini, EMEF Paulo Colombo, EMEF Desembargador Artur Whitaker e EMEF Coelho Neto; e os professores Carla Cristina dos Santos, Simone Santana Rosa, Talita Souza Cotrin e Osvaldo Teixeira de Lima.

Coube a Marcelo Gutierez Della Prado, imigrante boliviano, representar os alunos formados. “O Portas Abertas é muito importante para nós que deixamos nossa família nos lugares de onde viemos porque aqui nós constituímos outra família, com pessoas de distintos lugares e culturas”, afirmou. A primeira turma de formandos foi constituída de imigrantes do Haiti, Venezuela, Senegal, Togo, Peru, Bolívia, Colômbia, Síria, Guiana, República Democrática do Congo, China, Camarões, Marrocos, Paquistão e Taiwan.

Um coral composto por imigrantes participantes do CEU EMEF Jambeiro, na Zona Leste, abriu a cerimônia. Ao final, o imigrante do Congo Yannik Dellas, acompanhado de sua banda, encerrou o evento – com uma apresentação que levantou toda a plateia, colocando muita gente para dançar.


Portas Abertas

O Portas Abertas é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e Secretaria Municipal de Educação, com o objetivo de oferecer curso de português gratuito, regular contínuo e permanente para imigrantes na Rede de Municipal de Ensino. A ideia é garantir e preservar direitos para a população imigrante da cidade de São Paulo.

O curso também propicia a inserção no mercado formal de trabalho e ainda a promoção da regularização migratória. Este projeto conta também com a cooperação do Centro de Línguas da Universidade de São Paulo (USP) que em 2017, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, selecionou 80 professores da rede municipal de ensino, para participar de treinamento para o ensino da língua Portuguesa, como meio de integração e acesso de direitos, além da sensibilização sobre as especificidades das populações imigrantes.