Migração venezuelana é tema de seminário, lançamento de livros e exposição em São Paulo

 

 

Todos os dias – pela cidade de Pacaraima, em Roraima – ingressam no Brasil 500 imigrantes venezuelanos, em decorrência da grave crise econômica e política pela qual atravessa a Venezuela. Desse total, menos da metade – de 150 a 200 – solicita refúgio ou residência temporária. Dos que regressam, a maioria o faz para levar medicamentos, alimentos ou dinheiro para os familiares que permanecem no país. E, desde 5 de abril do ano passado, 4.442 pessoas vindas daquele país foram incluídas no processo de “interiorização”, promovido pelo Governo Federal, para tentar um recomeço em diferentes cidades de estados brasileiros.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (8), em apresentação do coordenador da “Operação Acolhida” da Força-Tarefa Logística Humanitária, coronel George Feres Kanaan, durante o Programa de Seminário do Observatório das Migrações da Unicamp – Migrações Venezuelanas, realizado no Museu da Imigração, em São Paulo. A Força-Tarefa que presta ajuda aos imigrantes mais vulneráveis é composta pelas Forças Armadas e mais de 80 organizações, entre as quais órgãos do município, agências e organismos internacionais, organizações não governamentais, igrejas de diferentes credos, entidades da sociedade civil e empresas.

O seminário foi organizado pela Reitoria da Unicamp, com o apoio do Museu da Imigração do Estado de São Paulo e de outras instituições. A secretária de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Berenice Giannella, participou da abertura ao lado do reitor Dr. Marcelo Knobel, acompanhados por André Zaca Furquim, diretor do Departamento de Migrações do Ministério da Justiça, Catarina Von Zuben, do Ministério Público do Trabalho, Aparecida Izilda Alves, do Comitê Estadual para Refugiados da Secretaria da Justiça e da Cidadania do Estado de São Paulo, e Alessandra Almeida, do Museu da Imigração.

Berenice Giannella reiterou o apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania ao processo de interiorização dos imigrantes venezuelanos. A cidade de São Paulo recebeu 300 imigrantes no ano passado e a secretária disse que a Prefeitura do município vai continuar apoiando a iniciativa, assim que os contatos com o governo federal forem retomados. Giannella ainda comentou a importância do apoio da sociedade à imigração e lembrou que o seu pai imigrou da Itália e se hospedou na antiga Hospedaria dos Imigrantes, onde hoje está localizado o Museu dos Imigrantes, na Zona Leste de São Paulo.

Durante o evento, na parte da tarde, foram lançados os livros “Migrações Venezuelanas” e “El Éxodo Venezuelano: entre El Exílio y la Emigración” e aberta a exposição fotográfica La Jornada, de Chico Max, com fotos que retratam a história de imigrantes venezuelanos que estão abrigados em Pacaraima, muitos dos quais atravessam longas distâncias a pé – incluindo indígenas da etnia Warao, ameaçada de extinção.

Durante a manhã, foi promovido o painel “Migrações Internacionais e Direitos Humanos”, com representantes do Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública do Estado, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Organização Internacional para Migrações (OIM), Universidade de Brasília e IBGE/OBMIGRA.

Uma mesa redonda encerrou o evento, com a coordenação dos professores Rosana Baeninger (Unicamp), Durval Fernandes (PUCMinas) e João Carlos Jarochinski (UFRR), tendo como participantes padre Paolo Parise, da Missão Paz, José Roberto Mariano, da Casa de Passagem Terra Nova, Maria Cristina Morelli e Wiliam Rosa, da Cáritas Diocesana, Jenniffer Anyuli Pacheco Alvarez, coordenadora de Políticas para Imigrantes e Promoção do Trabalho Decente (SMDHC), César Barrios, da Associação Nacional de Imigrantes Venezuelanos, Camila Asano, da ONG Conectas - Direitos Humanos e Juliana Felicidade Armede, organizadora do Calendário Juntas Impactamos.