ONU lança campanha 'Livres e Iguais' em São Paulo

Cerimônia realizada no Edifício Matarazzo teve a presença do prefeito Fernando Haddad, do secretário Rogério Sottili e da cantora Daniela Mercury. Iniciativa mundial de combate à homofobia chega ao País junto à 18ª Parada do Orgulho LGBT

A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou no Brasil, em parceria com a Prefeitura de São Paulo, a campanha 'Livres e Iguais', em cerimônia realizada na noite de segunda-feira, dia 28, no Edifício Matarazzo, centro da Cidade. Inaugurada na mesma semana da 18ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que acontece no dia 4, a campanha busca ampliar a conscientização sobre a violência e a discriminação contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e promover um maior respeito aos direitos da população LGBT, focando na necessidade de reformas legais e na educação pública para o combate à homofobia.

Criada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) em parceria com a Fundação Purpose, a iniciativa foi lançada mundialmente em julho do ano passado e chegou agora ao Brasil. A campanha surgiu na sequência do primeiro relatório oficial da ONU sobre a violência e a discriminação contra a população LGBT publicado pela ACNUDH em dezembro de 2011. O relatório aponta que, hoje, 76 países ainda criminalizam relações homossexuais consensuais e que agressões, manifestações de ódio e assassinatos motivados por homofobia são registrados em todas as regiões do mundo.

O ato de lançamento, organizado pela ONU junto à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) e a Secretaria Municipal de Relações Internacionais e Federativas (SMRIF), contou com a presença do prefeito Fernando Haddad; do secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili; do secretário municipal de Relações Internacionais e Federativas, Leonardo Barchini; do representante-adjunto do Escritório para a América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Humberto Henderson; do diretor do Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio), Giancarlo Summa; da presidenta da Associação de Travestis da Bahia (ATRAS) e vencedora do Prêmio de Direitos Humanos 2013 na categoria LGBT, Keila Simpson; e da cantora Daniela Mercury, campeã de igualdade da ONU.

Após a exibição de dois vídeos produzidos pelas Nações Unidas para a campanha, o secretário Rogério Sottili deu início às falas, abordando a gravidade dos crimes praticados contra a população LGBT. "Segundo os últimos dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, em 2012, foram recebidas 10 mil denúncias de crimes motivados por homofobia no nosso país. Quase uma pessoa é morta por dia no Brasil por conta da homofobia. São dados assustadores e não podemos nos omitir diante dessa realidade."

O secretário também destacou os eventos que ocorrerão nos próximos dias, por conta da 18ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, além dos avanços alcançados pela população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. "O movimento LGBT teve muitas conquistas nos últimos anos, como, por exemplo, o reconhecimento da igualdade de direitos pelo STF, o que possibilitou a institucionalização da união civil entre pessoas do mesmo sexo. Entretanto, nós ainda temos muito a avançar. A homofobia é inadmissível em todos os seus aspectos. Precisamos garantir respeito, precisamos garantir direitos e, urgentemente, a integridade física e moral das pessoas LGBT. Contem conosco. Vamos juntos construir um mundo onde todos possam ser livres, iguais e terem todos os seus direitos garantidos."

Quarta convidada a falar, Daniela Mercury chamou quatro drag queens para acompanhá-la no discurso e cantou um trecho da música 'Paula e Bebeto', que diz "qualquer maneira de amor vale a pena". A cantora ainda afirmou acreditar que homofobia se combate com educação: "Acho que as crianças precisam aprender desde pequenas a respeitar o outro. É muito mais fácil educar as crianças para a diversidade".

Último a falar, o prefeito Fernando Haddad também enfatizou a questão da diversidade. "São Paulo é uma cidade da diversidade, que se criou na diversidade, que tem sua força na diversidade." Para Haddad, além da educação, a homofobia se combate com militância: "Às vezes, a educação não basta para fazer com que as pessoas acordem para essa necessidade”.

Segundo o prefeito, há muito o que se fazer, "por isso, estamos aqui juntos". "Muitos, infelizmente, perderam a vida por uma questão de orientação sexual, muitos foram agredidos, muitos são humilhados e nós temos de estar juntos para impedir que isso continue acontecendo na nossa cidade e no nosso país. É uma causa internacional que a ONU nos faz lembrar. Nós temos que fazer essa defesa dos direitos fundamentais em todo o mundo."

 

Fotos: Comunicação/SMDHC