PREFEITURA DE SÃO PAULO

Debate sobre atuação política dos jovens abre as atividades do Mês da Juventude em São Paulo

Encontro reuniu representantes dos movimentos que participaram da luta da juventude nas ruas durante a ditadura civil-militar, o movimento Fora Collor e as jornadas de junho

06/08/2014 13h32

Aconteceu nesta terça-feira, dia 5, o primeiro evento do Mês da Juventude em São Paulo. O debate ‘Nas ruas é que se muda o Brasil: jovens nos processos de mudança política’ discutiu o papel desempenhado pelas mobilizações de juventude nos processos de transformação da política brasileira, em diferentes momentos da história do País: a ditadura civil-militar, o movimento Fora Collor e as jornadas de junho, em 2013.

Participaram a professora de Psicologia Social da USP, Vera Paiva, integrante do DCE/USP no período ditatorial; o economista Ricardo Abreu, líder do Movimento Caras Pintadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE); o fotojornalista do projeto Piratas Urbanos, Sérgio Silva, que perdeu a visão de um olho durante ação da Polícia Militar durante as manifestações de junho de 2013; e a ativista do Levante Popular da Juventude Lira Alli, que mediou a conversa.

Da esq. para dir.: Vera Paiva, Ricardo Abreu, Lira Alli e Sérgio Silva

Um público composto principalmente movimentos sociais e líderes estudantis participou do debate iniciado às 19h, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade. O coordenador de Políticas para Juventude da SMDHC, Gabriel Medina, abriu o encontro com uma breve apresentação, ressaltando os resultados alcançados pela juventude nas lutas políticas do País. “Chegamos fortes para o Mês da Juventude, que é um momento de comemoração, articulação e debate. Comemorar os avanços que temos conseguido, como na luta pela aprovação do Estatuto da Juventude, instituído após 10 anos de lutas. Articular novos projetos e debater momentos em que a juventude foi líder e protagonista nos processos democráticos brasileiro faz desse encontro um momento de extrema importância e alegria para todos.”

A conversa seguiu com relatos das experiências políticas vividas por cada integrante da mesa. Vera Paiva, filha de Rubens Paiva – político brasileiro torturado e morto durante a ditadura, que teve o crime esclarecido só 40 anos depois pela Comissão Nacional da Verdade – lembrou a dificuldade que tinham em levar as pessoas para as ruas em plena ditadura. “Sem imprensa, sem celular, sem Facebook, a gente agia no boca a boca e o trabalho de convencimento em salas de aula é o que fez o movimento de resistência crescer e chegar a um milhão de pessoas nas ruas durante as Diretas Já”.

Vera destacou a importância dos debates para combater o conceito deturpado de direitos humanos disseminado pelos representantes da ditadura civil-militar. “As pessoas precisam saber que direito ao trabalho descente, direito à saúde e direito à educação são os direitos fundamentais da pessoa humana. Precisamos recuperar o quadro dos direitos humanos e pensá-lo como reciprocidade, não como ‘meu direito vai até onde o seu existe’”, completou.

O Mês da Juventude continua a ser comemorado em São Paulo, com atividade já no próximo dia 9. Clique aqui para conferir a programação completa e participe.