Prefeitura e sociedade civil discutem modos de enfrentar a violência contra a população idosa

Coordenação de Políticas para Idosos, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, realizou na quinta-feira, dia 19, na Praça das Artes, o 2º Seminário de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa

Dados do último Censo do IBGE comprovam: o Brasil está envelhecendo. Atualmente, cerca de 12% da população brasileira é composta por idosos (pessoas acima de 60 anos), que hoje somam 23 milhões de cidadãos. Com o aumento da expectativa de vida – hoje vive-se, em média, até os 70 anos –, pesquisas indicam que nos próximos 20 anos a população idosa no Brasil crescerá em 30%. É preciso, assim, garantir que a população idosa, que tende a ser cada vez maior, possa viver com dignidade e usufruir plenamente de seus direitos.

Pensando nisso, a Coordenação de Políticas para Idosos, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), realizou nesta quinta-feira, dia 19, na Praça das Artes, o 2º Seminário de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa, um dos mais graves problemas enfrentados por essa parcela da população.

“Temos que fazer uma campanha impactante em defesa do direito dos idosos, um trabalho imenso de conscientização contra a violência sofrida por eles”, afirmou, na abertura, Rogério Sottili, secretário de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo. Segundo dados de 2010, do Sistema de Informação para Vigilância e Acidentes (SIVVA), 759 notificações de agressões por terceiros contra as pessoas com mais de 60 anos foram registradas na capital paulista. Este número, entretanto, não condiz com a realidade, já que grande parte da violência contra o idoso ocorre dentro de casa, fator que constrange a vítima a denunciar o próprio parente. “É uma violência sorrateira”, define Sottili.

Discutir novos caminhos de enfrentamento à violência e expandir a campanha de conscientização foram os objetivos centrais do seminário. Para Marly Augusta Feitosa da Silva, presidenta do Conselho Municipal do Idoso, o seminário é uma oportunidade aprofundar o conhecimento a partir da experiência de estudiosos e especialistas no tema e debater o problema com os próprios idosos, que vivem a experiência do cotidiano. Para ela, o seminário também cumpre a importante missão de esclarecer que há canais de denúncia que preservam a identidade, o que evita constrangimentos com a família. “Estas palestras são esclarecedoras. No disque 100, por exemplo, o idoso não precisa se identificar. E isto é fundamental porque na cabeça do idoso ele teme romper com toda a família”, pondera. Outros canais de denúncia são o telefone do próprio Conselho Municipal do Idoso (11/3113-9633), as delegacias especializadas e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS).

Ao final do encontro, a coordenadora de Políticas para Idosos da SMDHC, Guiomar Lopes, avaliou como positiva a participação heterogênea do público, que incluiu a sociedade civil, acadêmicos e representantes das subprefeituras. Entre as conclusões e sugestões está a necessidade de levar a campanha de conscientização aos bairros mais afastados da periferia e a formação de monitores para ajudar nesta tarefa. “Estamos fortalecendo os laços com as universidades, pensando em como envolver neste processo os alunos de carreiras que têm interface com o idoso, alunos de pós-graduação ou de especializações”, refletiu Guiomar.

Presente no seminário, o ex-ministro de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, elogiou a iniciativa do seminário. Para ele, estas conferências não são mais como no tempo da ditadura ou no período de transição democrática, quando eram apenas homologatórias. “Hoje os governantes precisam se curvar diante das decisões da sociedade. As políticas públicas não vão muito longe se forem formuladas exclusivamente nos gabinetes de ministros e secretários”, afirmou. Por fim, Vannucchi definiu que o avanço de uma sociedade se mede pelo modo com que ela trata suas crianças e seus idosos. “O futuro do Brasil é hoje, com sua pujança e com seus problemas.”