PREFEITURA DE SÃO PAULO

Servidores públicos conhecem processo de identificação dos restos mortais da Vala Clandestina de Perus

Em parceria com a SMDHC, curso promovido pela Escola de Governo visitou as dependências do laboratório onde estão sendo investigadas as ossadas

27/07/2015 15h45

Cerca de 60 funcionários da Prefeitura de São Paulo visitaram na tarde de quarta-feira dia 22/7, o laboratório do Centro de Arqueologia e Antropologia Forense (CAAF/UNIFESP) onde, desde outubro de 2014, é realizado o processo de identificação dos restos mortais exumados do Cemitério de Perus, atividade coordenada pelo Grupo de Trabalho Perus (GTP). A visita foi conduzida pela Coordenação de Direito à Memória e à Verdade e faz parte do Curso de Formação de Servidores Municipais em Direitos Humanos e Cidadania, fruto da parceria entre a Escola de Governo, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), e a Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão (SMPOG), com apoio da Escola do Servidor Público Municipal (EMASP).

Após a contextualização da história da Vala Clandestina de Perus e da análise das ossadas pelo GTP, realizada por Carla Borges e Fábio Franco, da Coordenação de Direito à Memória e à Verdade, os alunos conheceram as dependências do laboratório e a metodologia utilizada para a identificação dos restos mortais.

Durante a exposição, o professor Bruno Comparato enfatizou as relações entre memória, verdade e direitos humanos no contexto latino-americano, particularmente no Brasil, ressaltando que “para virar uma página da história, é preciso primeiro lê-la e compreendê-la”, tal como vem acontecendo com o caso Perus. Em seguida, a equipe de antropologia forense do GTP respondeu às dúvidas dos alunos e detalhou as etapas do processo de identificação, que inclui desde pesquisa em arquivos e entrevista com familiares até a análise minuciosa dos restos mortais e os exames de DNA.

Iniciativas como essas são fundamentais para aproximar servidores e funcionários dos projetos desenvolvidos pela gestão municipal, que tem se destacado pela execução de políticas relevantes para o acerto de contas com o passado ditatorial, dentre as quais se destacam, por exemplo, a instalação da Comissão Municipal de Memória e Verdade e as ações da Coordenação de Direito à Memória e à Verdade. A construção de uma cidade verdadeiramente democrática depende da efetiva participação de todos os cidadãos no combate às heranças autoritárias deixadas pela ditadura civil-militar brasileira e ainda presentes, de variadas formas, nas nossas instituições públicas.


O grupo de trabalho Perus

Criado com a finalidade de identificar desaparecidos políticos possivelmente enterrados na Vala Clandestina do Cemitério Dom Bosco, em Perus, o GTP possui uma gestão tripartite, composta pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura Municipal de São Paulo (SMDHC) e pela Universidade Federal de São Paulo (UNFESP). No seu corpo técnico-científico, conta com uma equipe multidisciplinar formada por antropólogos forenses brasileiros e peruanos, contratados pela SDH/PR, por peritos oficiais brasileiros cedidos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e pelo Departamento de Polícia Federal, por antropólogos forenses da Associação Brasileira de Antropologia Forense, por docentes e alunos da UNIFESP e por colaboradores de diversas universidades brasileiras. Além disso, para garantir a participação ativa de familiares de desaparecidos políticos durante todo o processo de identificação, existe o Comitê de Acompanhamento, integrado por membros de Comissões da Verdade e pelo Ministério Público Federal, que se reúne periodicamente com a equipe gestora e científica para a validação de decisões e acompanhamento dos trabalhos.