Comissão da Memória e Verdade homenageia Inês Etienne Romeu

Única sobrevivente da Casa da Morte, Inês foi a última presa política a ser libertada no Brasil

Foto: Alcyr Cavalcanti / O Globo

Na próxima quarta-feira (27), a Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo realiza um evento em homenagem à ex-presa política Inês Etienne Romeu. O evento acontece às 19h, no Arquivo Histórico de São Paulo, e marca um ano de sua morte.

"Não quero um tostão de indenização. Esse dinheiro de indenização vem do povo e a grande vítima é o povo. O que eu quero é que a Justiça do meu país reconheça oficialmente que eu fui sequestrada, mantida em cárcere privado, estuprada três vezes por agentes públicos federais pagos com o dinheiro do povo brasileiro", declarou Inês ao jurista Fábio Konder Comparato, ao buscar justiça para as violações que sofreu durante a ditadura civil-militar.

Nascida em 1942, em Pouso Alegre, Minas Gerais, foi aluna da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e trabalhou como bancária. Como muitas jovens brasileiras, ela engajou-se em movimentos revolucionários – Inês Etienne foi integrante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) – e escolheu lutar pela redemocratização do Brasil.

Presa em 5 de maio de 1971, em São Paulo, pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, após o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, foi levada posteriormente para a Casa da Morte, em Petrópolis, depois de “entregar” um ponto inexistente da VPR no Rio de Janeiro.

Inês foi a única sobrevivente da Casa da Morte – lugar que funcionou como aparelho clandestino de tortura, um verdadeiro centro de extermínio, onde foram violentados, executados e esquartejados diversos opositores do regime militar – e foi a última presa política a ser libertada no Brasil, em 1979.

No tempo em que a verdade estava amordaçada, Inês ousou pronunciá-la. Dois anos depois da Lei de Anistia, localizou e denunciou a existência da Casa da Morte, bem como a identidade de alguns dos torturadores que atuaram ali. Mas os meses de torturas, estupros e humilhações a marcaram para sempre.

Em 2009, Inês Etienne recebeu o prêmio dos Direitos Humanos do Brasil na categoria Direito à Memória e à Verdade. Em março de 2014, deu seu depoimento perante a Comissão Nacional da Verdade, auxiliando na construção de um relatório que aponta para pelo menos 434 pessoas mortas ou desaparecidas, vítimas de agentes da repressão na ditadura.


Homenagem à Inês Etienne Romeu
Dia 27/4, quarta-feira, 19h
Arquivo Histórico de São Paulo
Praça Coronel Fernando Prestes, 152, Bom Retiro

 

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