Agricultores de São Paulo passam a contar com programa de fomento e incentivo da Secretaria de Trabalho

Protocolo de boas práticas assinado entre as esferas municipal e estadual abre caminho para a produção de orgânicos em Parelheiros

Por: Solange Borges

A Secretaria Municipal de Trabalho e Empreendedorismo (SMTE) iniciou hoje, 5, o Programa de Fomento e Incentivo à Agricultura Paulistana, em Parelheiros, extremo sul da capital. A ação que oferecerá aos produtores rurais da região apoio técnico e infraestrutura, também facilitará parcerias com órgãos como a Secretaria Municipal de Educação, que prepara cerca de dois milhões de refeições por dia e adquire alimentos orgânicos e de base agroecológica para merenda, desde 2015, por meio da Lei 16.140.

Durante a cerimônia, foi assinado, entre a SMTE e as secretarias de Estado do Meio Ambiente e de Agricultura e Abastecimento, o protocolo de Boas Práticas Agroambientais da Transição Agroecológica e Estímulo à Produção Orgânica, que promove o incentivo aos produtores que desejam passar do sistema convencional para a produção agroecológica, ou seja, abre caminho para passarem a produzir alimentos orgânicos.

Para o secretário municipal de Trabalho e Empreendedorismo, Eliseu Gabriel, a valorização dos agricultores da região, por meio do programa de fomento, marca uma nova fase que amplia as possibilidades de crescimento econômico da região. “Os agricultores contarão com recursos que vão ajudar a todos, mas especialmente os que desejam passar pelo processo de transição agroecológica, fornecendo alimentação mais saudável à população. Também há um incremento na atividade econômica com as possibilidades de atender as demandas da cidade como as da Secretaria de Educação”, ressalta.

O titular da pasta complementa ainda que a região, por ser de preservação de mananciais, tem na agricultura familiar um aliado. “A presença de agricultores, contribui para a proteção deste local, evitando que ocorram ocupações irregulares e especulação imobiliária. O meio ambiente também ganha, visto que os equipamentos colocados à disposição serão empregados com apoio dos técnicos da Cosan (Coordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricional), a fim de evitar desperdícios de insumos e prejuízos à natureza”.

Os agricultores contarão, em sistema de compartilhamento, de um trator completo, um microtrator e utensílios para manejo e preparo do solo, como enxada rotativa, carreta agrícola basculante, perfurador de solo, roçadeira e arado hidráulico, entre outros.

Araci Kamiyama, diretora do Departamento de Desenvolvimento Sustentável, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, destacou o caráter colaborativo dos agricultores da região como fator decisivo para a nova fase da atividade produtiva. “Ter o agricultor como parceiro dá outro significado à preservação da natureza, que se destaca em Parelheiros e também na zona Leste com as hortas urbanas”.

Marcos Antonio Chiovetti, coordenador da Cosan, destacou que a migração para a produção agroecológica tem viés transformador para o segmento. “Estamos em um momento de grande contingente populacional e alimentar esse número crescente de pessoas está na pauta mundial e os pequenos produtores têm papel importante. O exemplo de São Paulo, que concentra agricultores que, agora, passam a produzir com maior qualidade e quantidade, é um marco para a cidade”.

Sonho - Valéria Maria Macoratti, agricultora e presidente da Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul de São Paulo (Cooperapas), argumenta que a entidade, com seis anos de atuação e com 36 cooperados, vê no programa um sonho realizado. “Aguardávamos há muito tempo por ações concretas que reduzissem os custos para o produtor e trouxesse pessoas capacitadas para nos ajudar. Esse incentivo oferece um leque de opções e muitos agricultores já estão mais receptivos ao tema da transição. Isso é ótimo para a região que não produz só alimentos, mas também água. Ao avançarmos na redução do uso de agrotóxico, estamos preservando os nossos mananciais”.

Também agricultor, José Geraldo Batista Santiago, 52 anos, conhecido por Zé Mineiro, está desde os 14 anos em Parelheiros. Ainda em Minas Gerais já tinha contato com agricultura e quando chegou em São Paulo o conhecimento ajudou a conseguir trabalho na região. “Foi um período de grande aprendizado, pois não tinha conhecimento em hortaliças e passei a conhecer com a família de orientais com quem trabalhei”, conta.

Hoje, atuando em uma propriedade arrendada de 168 mil m², Zé Mineiro, garante o sustento da família com plantação de milho, banana, mandioca, hortaliças e cana de açúcar. Agricultor certificado de orgânicos, também produz cachaça com a produção de cana. “Montei um pequeno alambique, o que garante outro tipo de rendimento no segundo semestre, quando me dedico a esse cultivo. Agora com os equipamentos, tenho certeza que minha produção aumentará significativamente, pois o trabalho é pesado para fazer todo o processo de preparo e colheita no tempo necessário”.

A Cosan contabiliza 403 propriedades de agricultura na cidade de São Paulo. Destas, 350 estão no extremo sul do município. São Paulo possui 29,6% de território rural, sendo que metade está localizada em áreas de parques e preservação e o restante, na ponta sul da cidade - Parelheiros, Capela do Socorro e M’Boi Mirim, assim delimitadas pelo Plano Diretor de 2014. A região é também privilegiada por estar numa área cercada de mananciais que abastecem cerca de cinco milhões de pessoas, o que implica em maior cuidado e incentivo à preservação. Os agricultores desta região trabalham em diferentes áreas do segmento agrícola, sendo a maior parte no ramo de hortaliças (70%), seguido pelo cultivo de plantas ornamentais, frutíferas e silvicultura.

Participaram da cerimônia, entre outras autoridades, o Prefeito Regional, Adaílson de Oliveira, Patrícia Sepe, da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento, Patrícia Panaro, da Coordenadoria de Alimentação Escolar, da Secretaria de Educação, Romina Genovesi, da Delivery Associates, que representou a Fundação Bloomberg Philanthropies, Cristiano Mendes, engenheiro agrônomo da SMTE, e Fabio Rizi Junior, diretor do Escritório de Desenvolvimento Rural Regional de São Paulo.

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