Casa da Agricultura Ecológica é um ponto de apoio ao produtor rural e urbano

Localizadas em Parelheiros e no Parque do Carmo, casas oferecem assistência técnica e auxílio para a organização do produtor, em cooperativas ou associações, além de ajuda para a produção, distribuição e comercialização. A iniciativa é da Prefeitura de São Paulo e está entre as ações pela implementação da Política de Segurança Alimentar e Nutricional no município

Por: Viviane Claudino

A produção de alimentos orgânicos tem ganhado cada vez mais visibilidade e espaço, seja nas prateleiras de vendas ou nas mesas dos paulistanos. A fim de garantir o acesso à alimentação saudável e adequada para todos, a agricultura agroecológica se tornou um referencial para a Prefeitura de São Paulo, que atua em diferentes frentes para a criação de uma política de segurança alimentar e nutricional para o município.

Neste sentido, os produtos orgânicos entram como uma nova possibilidade de consumo e o aumento da demanda por estes alimentos, além de fortalecer a agricultura familiar com a fixação do homem no campo, também impulsiona a geração de emprego e renda.

Entre as iniciativas da administração pública, para estímulo e apoio ao produtor rural e urbano estão as Casas de Agricultura Ecológicas (CAEs), localizadas em Parelheiros (zona sul) e no Parque do Carmo (zona leste), que são supervisionadas pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE), com técnicos que auxiliam os produtores desde a produção, distribuição e comercialização dos produtos até as suas organizações, em associações e cooperativas.

Apoio ao produtor rural

Segundo último levantamento realizado pela Supervisão Geral do Abastecimento da SDTE, em 2010, estima-se que somente na região de Parelheiros existam aproximadamente 400 produtores rurais cadastrados.

Criada em 2011, com o apoio da CAE Parelheiros, a única cooperativa na região, Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul de São Paulo (Cooperapas), reúne 30 produtores associados. Entre eles, os que já possuem certificados e em fase de transição agroecológica comercializam os seus produtos em venda direta para o consumidor nas feiras livres de produtos orgânicos dos parques Burle Marx, Ibirapuera (Feira do Modelódromo), Água Branca, Villa Lobos, Feira da Eco-oportunidade de Parelheiros e na Ascetesb (Associação dos Funcionários da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), além de passar a fornecer mais recentemente para o Instituo Chão.

“A organização em cooperativa é muito melhor para nós. Negociar preço individualmente é difícil e quando discutimos isso em conjunto temos condições de ganhar mais e pagar menos. A compra coletiva é uma grande vantagem”, avalia a presidente da Cooperapas, Valéria Maria Macoratti.

“Estamos falando de agricultura familiar, o que significa que muitas vezes a pessoa que trabalha na produção é a mesma responsável pela venda, então quando ela precisa sair para comercializar o produto, lá na roça vai faltar mão de obra. É bem mais fácil o crescimento desse produtor quando organizado em associações ou cooperativas”, completa o engenheiro agrônomo da CAE Parelheiros Jair Medeiro.

Localizada na Subprefeitura de Parelheiros, a CAE disponibiliza para os produtores uma Câmara Fria para o armazenamento dos produtos. “A Câmara é um instrumento fundamental para manter a qualidade dos produtos, até a entrega no ponto de comercialização”, disse a coordenadora da CAE , Idee Francisca de Moraes.

O local ainda abriga uma Estufa, onde cultiva-se diversos tipos de plantas e hortaliças (alface, alho poró, manjericão, hortelã, arruda, citronela, melissa, sândalo etc), que são doados para entidades assistenciais da região. Entre as plantas medicinais cultivadas na estufa é possível encontrar losna, bálsamo, cânfora, alfavaca, milfolhas, mentrasto e vinca.

Ainda há o Viveiro onde são armazenadas mudas frutíferas (jabuticabeira, cerejeira do rio grande etc.), ornamentais (ipê branco, ipê roxo etc.), para reflorestamento de áreas degradadas na região, através das espécies nativas (arbóreas e frutíferas) da região, que são distribuídas gratuitamente aos produtores e à população. Neste caso, antes da entrega certifica-se onde será realizado o plantio e posteriormente é realizada vistoria para acompanhar o crescimento. Cerca de 5.500 mudas, produzidas pela Prefeitura de São Paulo, foram doadas nos últimos doze meses.

Todas as plantas, hortaliças e mudas da CAE são de origem orgânica, com utilização de adubos naturais (farinha de osso, farinha de peixe, esterco animal, húmus de compostagem etc.) sem adição de agrotóxico. O controle de pestes e insetos, por exemplo, é feito com aplicação de calda de pimenta e cultivo de plantas com “cheiro forte”, como arruda ou citronela, ao redor das hortas.

Incentivo à produção de orgânico

A transição da agricultura convencional para a produção de orgânicos ainda é um grande desafio. O período de descontaminação do solo é um processo orientado e acompanhado pelos técnicos (engenheiro ambiental, engenheiro agrônomo e gestor ambiental) da CAE. “A dificuldade existente anteriormente para convencer os agricultores convencionais (não agroecológicos) a fazer a transição para o sistema orgânico era a dificuldade de comercialização, mas com o fortalecimento dos programas institucionais e o aumento da procura, em geral essa dificuldade diminuiu”, comenta Medeiro.

Segundo o Supervisor Geral do Abastecimento, Marcelo Mazeta, o resultado positivo das ações do governo municipal tem um impacto direto para esta transformação. “A partir do momento que a sociedade civil organizada, os agricultores familiares, as entidades socioassistenciais, os movimentos sociais, percebem isso eles começam a se sentir parte do processo, como um agente precursor desta mudança que a cidade oferece, por meio de um novo modelo de alimentação”, avalia Mazeta ao destacar a inclusão de produtos orgânicos na merenda das escolas e creches do município, desde março de 2015.

“Estamos nos estruturando para começar a fornecer alimentos também para a merenda. A ideia é começar com as escolas e creches aqui da nossa região e ir aumentando”, disse a vice-presidente da Cooperapas, Lia Goes de Moura.

“A busca por produtos em regiões metropolitanas e outras cidades vai ser constante e crescente, porque em São Paulo não temos produção orgânica, de arroz, por exemplo, para atender toda esta demanda. Há ainda o incentivo à produção de outros tipos de alimentos, que vai agregar valor e dar retorno para o produtor”, conclui Mazeta.

Hortas urbanas e geração de emprego e renda

Com o início do cadastro dos agricultores na zona leste, em 2010, foi criada uma Casa de Agricultura Ecológica na região, instalada dentro do Parque do Carmo.

Também com o objetivo de dar assistência técnica para o cultivo de hortaliças, frutas, flores, plantas medicinais e ornamentais, durante todo o processo produtivo desde o preparo do solo até a comercialização dos produtos, a CAE da zona leste atende um produtor com perfil diferente, mais urbano do que rural.

A expansão das hortas urbanas, geralmente localizadas sob as linhas de transmissão de energia (Eletropaulo), adutoras da Sabesp, além das áreas públicas cedidas pelas subprefeituras da região, tem aumentado a cada dia.

Os agricultores cadastrados cultivam nos sistemas de produção convencional e agroecológicos, alguns estão organizados em associações, como é o caso de Genival Morais de Farias, da Associação dos Produtores Orgânicos de São Mateus.

Aposentado, Genival e sua esposa, Sebastiana Helena de Farias, trabalham como produtores urbanos há sete anos e dividem uma área de 8.060 m² com mais três casais. Lá, a produção de couve, almeirão, rúcula, coentro, salsinha, alface, banana, tomate, abóbora, batata doce, entre outras variedades, é totalmente orgânica e acompanhada pelos agrônomos da CAE Parque do Carmo.

Além da preocupação com a alimentação saudável, proveniente da agricultura agroecológica, a política de segurança alimentar e nutricional também está associada a geração de emprego e renda. É nesta horta, na zona leste, que Genival complementa sua renda familiar mensal, ao vender diretamente para o consumidor no local ou nas feiras do Parque do Carmo e do Parque Ceret.

“Sabemos que houve uma melhora significativa dos padrões de vida, pois a renda gerada com a produção ajuda na manutenção das despesas das residências. Às vezes, a venda dos produtos cultivados na horta é a única fonte de renda das famílias”, disse a engenheira agrônoma da CAE Parque do Carmo Tatiana Soares.

A atenção à política agrícola do município, o fomento aos pequenos agricultores e o fortalecimento da segurança alimentar e nutricional, associada à geração de emprego e renda, vai de encontro às expectativas da atual administração.

Vendas de produtos orgânicos para o consumidor

Parque Burle Marx
Av. Dona Helena Pereira de Morães, 200 - Vila Andrade

Feira do Modelódromo (Parque do Ibirapuera)
Rua Curitiba, 292

Parque da Água Branca 
Av. Francisco Matarazzo, 455 - Perdizes

Parque Villa Lobos
Av. Prof. Fonseca Rodrigues, 2001 - Alto dos Pinheiros

Feira da Eco-oportunidade (Subprefeitura de Parelheiros)
Avenida Sadamu Inoue, 5252 - Parelheiros

Instituto Chão
Rua Harmonia, 123 - Sumarezinho

Horta urbana comunitária em São Mateus
Rua Prof. José Décio Machado Gaia, 50

 

Siga a SDTE nas redes sociais: