No Ibirapuera, cultura e diversão para todos

Coluna Ladeira da Memória

Fatima Antunes

Vista aérea do Parque Ibirapuera em 1970. (Coleção MCSP/DPH/SMC/PMSP, Ivo Justino.)

O Parque Ibirapuera, um dos mais conhecidos da cidade, foi projetado para centralizar os festejos do IV Centenário da Fundação de São Paulo, em 1954. Ao longo de seus 56 anos, consolidou-se como espaço destinado ao lazer e à cultura, atraindo milhares de pessoas todos os dias, seja para uma visita aos museus e exposições, para correr, caminhar, meditar, andar de bicicleta, patinar ou, simplesmente, para um banho de sol.

A área atualmente ocupada pelo parque integrava terras devolutas, situadas no limite com o então município de Santo Amaro. Essa área passou às mãos do Governo do Estado em 1891 e, somente em 1926, foi reivindicada pela Câmara Municipal de São Paulo, com a finalidade de implantar ali um parque público. A Prefeitura permutou uma chácara que possuía na Água Branca, com cerca de 127 mil metros quadrados, onde funcionava o Viveiro Municipal, por terrenos no Ibirapuera conhecidos como “Invernada dos Bombeiros”, que somavam 1milhão e 500 mil metros quadrados.

Na chácara da Água Branca, o Estado implantou o atual Parque Doutor Fernando Costa, tradicional espaço de exposições de animais e de festas de cultura popular. O Viveiro Municipal, hoje chamado Viveiro Manequinho Lopes, foi transferido para o Ibirapuera.

A presença de uma grande área livre, próxima de bairros residenciais como Vila Mariana e Jardim América, instigou um debate entre urbanistas sobre a configuração ideal de um parque público paulistano. Acreditava-se, na época, que São Paulo precisava de um parque compatível com o seu desenvolvimento e importância, algo como o Hyde Park de Londres (Inglaterra) ou o Central Park de Nova Iorque (Estados Unidos).

Mas a transformação da antiga Invernada dos Bombeiros em um parque só começou a se tornar realidade no inicio dos anos 1950. Uma comissão de notáveis foi formada com a incumbência de organizar toda a sorte de eventos relativos à celebração dos 400 anos de fundação da cidade, que seriam comemorados no dia 25 de janeiro de 1954. O industrial e mecenas Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, foi nomeado presidente da comissão pelo prefeito Armando Arruda Pereira. Ciccillo era um incentivador das artes, sobretudo do Modernismo, e encarava os festejos de 1954 como um momento de afirmação da brasilidade.

Coube ao mecenas a escolha do Ibirapuera como centro das comemorações e a concepção do plano geral de atividades do novo parque, voltado à cultura e ao lazer. Naquele momento, São Paulo era o maior e o principal pólo industrial do país e se consolidava como metrópole. A cidade precisava de um espaço destinado a eventos de massa. Para abrigar as exposições inaugurais, Ciccillo optou por construir edifícios permanentes, que pudessem ser utilizados para a realização de feiras e exposições futuras.

Projetados por Oscar Niemeyer e uma equipe de arquitetos, os edifícios construídos no Ibirapuera são interligados por uma grande marquise: o Palácio dos Estados (atual Pavilhão Engenheiro Armando Arruda Pereira), o Palácio das Nações (atual Pavilhão Manoel da Nóbrega, sede do Museu AfroBrasil) e o Palácio das Indústrias (atual Pavilhão Ciccillo Matarazzo, sede da Fundação Bienal de São Paulo). À entrada do parque, estão o Pavilhão de Exposições, conhecido como “Oca”, e o Auditório Ibirapuera (construído somente no começo dos anos 2000 e inaugurado em 2004). O Palácio da Agricultura, que durante muitos anos foi sede do Detran (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), fica um pouco afastado dos demais e será, em breve, a nova sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC). Todo o projeto paisagístico ficou a cargo de Roberto Burle Marx.

Reconhecendo seu valor histórico, cultural, ambiental e urbanístico, o Parque Ibirapuera foi tombado pelo Condephaat, em 1992, e pelo Conpresp, em 1997.

Desde a inauguração, inúmeros eventos foram realizados. Um dos mais tradicionais é a Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Eventos esportivos, como a Maratona Internacional de São Paulo, também estão entre os mais concorridos.

Confirmando sua vocação cultural, novos espaços expositivos continuam sendo implantados no Ibirapuera. O mais recente é o “Pavilhão das Culturas Brasileiras”, gerido pela Secretaria Municipal de Cultura, que ocupará o Pavilhão Armando Arruda Pereira. Reunindo os acervos da Missão de Pesquisas Folclóricas e do Museu do Folclore Rossini Tavares de Lima, a instituição será dedicada à difusão das mais diversas manifestações culturais brasileiras. Sua primeira atividade, a mostra Puras Misturas, já ocupa o piso térreo do pavilhão e está aberta ao público.

 

SÃO PAULO. Cidade. Em Cartaz: guia da Secretaria Municipal de Cultura.  n. 35, mai. 2010. p. 56-57.
Texto revisto em 23.9.2010.