Denise Weinberg se reveza em duas peças premiadas nos teatros João Caetano e Alfredo Mesquita

Até 14 de abril, são encenadas “O Testamento de Maria” e “Imortais”

Indicada ao prêmio Emmy de televisão pela série “PSI” e presença no Festival de Berlim 2019 por seu papel em “Greta”, longa-metragem de Armando Praça, a atriz Denise Weinberg se apresenta em dose dupla nos teatros João Caetano e Alfredo Mesquita. Contemplado pelo Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura, o projeto “Vozes Femininas na Dramaturgia Contemporânea” traz duas peças premiadas com ingressos a preço popular (R$ 20): “Imortais”, dirigida por Inez Viana, e “O Testamento de Maria”, por Ron Daniels.

Para Denise, ambos os textos são muito fortes e devem tirar o espectador da passividade para refletir. “Imortais” foi escrito pelo brasileiro Newton Moreno e “O Testamento de Maria”, pelo irlandês Colm Tóibin. “Sou apaixonada por histórias bem-contadas, e são textos potentes, fazem as pessoas pensarem”, afirma. “Isso é muito importante, especialmente nesse momento atual em que não se interessa uma reflexão”. Ela completa, referindo-se ao Brasil do presente: “Um país que não se interessa pela cultura é um país voltado ao obscurantismo e à corrupção.”

Ambas as peças são protagonizadas por personagens maternas fortes. “São duas mulheres muito simples, mas que sentem profundamente”, explica Denise. “Elas possuem uma sabedoria inata”. Em “O Testamento de Maria”, a atriz interpreta a mãe de Jesus. “Esta peça traz um ponto de vista que nunca ninguém pensou: Maria como uma mulher humana, cujo filho fora assassinado, não uma santa”. Já em “Imortais”, ela vive uma mãe muito apegada às tradições.
Após o fim de cada sessão, ocorre um debate. E Denise ministra, ainda, o workshop “A Verdade e a Simplicidade no Trabalho do Ator” em dois sábados: dia 9 de março, às 15h, no Teatro João Caetano; e dia 6 de abril, também às 15h, no Alfredo Mesquita.

Imortais
Indicada ao Prêmio Shell de Dramaturgia, “Imortais” explora a dualidade entre o tradicional e o contemporâneo a partir do conflito entre mãe e filha – esta retorna ao lar com um noivo transexual. O texto de Newton Moreno teve como uma de suas inspirações uma cerimônia de morte de origem açoriana (também realizada em comunidades no sul do Brasil). “No ritual, uma pessoa se veste com as roupas do falecido, repete os seus hábitos e sua maneira de agir, e a família inteira se despede dele para o espírito do morto entender que ele partiu”, explica Denise. O espetáculo inicia temporada dia 2 de março, no teatro João Caetano, e em 30 desse mês, no Alfredo Mesquita.

O Testamento de Maria
Maria, mãe de Jesus Cristo, se encontra numa idade já avançada. Exilada e perseguida pelos romanos, ela decide falar tudo o que sabe sobre os mistérios que cercaram a crucificação de seu filho, expondo, francamente, as crueldades praticadas tanto pelos romanos como pelos anciãos judeus. Assim transcorre “O Testamento de Maria”, monólogo em que Denise revive, com voz ora terna, ora irônica, ora raivosa, as angústias e hesitações da Virgem, que também tenta entender o porquê de tanto fanatismo por parte dos discípulos do filho.

O espetáculo chega dia 28 de fevereiro ao teatro João Caetano e, a partir do dia 28 de março, ao Alfredo Mesquita. O texto é inspirado no livro homônimo de Colm Tóibin. O autor irlandês também escreveu “Brooklyn”, bestseller que ganhou versão cinematográfica, indicada ao Oscar.

A encenação procura destacar não apenas a importância religiosa da mãe de Jesus, mas revelá-la como uma figura de enorme estatura moral. “Normalmente, estamos acostumados a vermos Maria como ícone, como mãe, mas nunca como uma mulher que sabe se colocar e que precisa ser ouvida. Para dar-lhe uma voz, olhei para os textos gregos, para as imagens de uma mulher solitária e corajosa, pronta para dizer palavras que são difíceis de serem ouvidas”, conta Tóibin.

O espetáculo tem acompanhamento e trilha sonora do músico Gregory Slivar. Por esta interpretação, Denise ganhou o Prêmio APCA 2016 (Associação Paulista de Críticos de Arte).

Por Gabriel Fabri e Luiz Quesada

 
| Teatro Alfredo Mesquita. Av. Santos Dumont, 1.770, Santana. Zona Norte. | tel. 2221-3657.

“O Testamento de Maria”. 60 min. 16 anos. 5ª a sáb., 21h. Dom., 19h. Dia 28/3, 29/3, 6/4, 11/4 e 12/4, 21h. Dia 7/4, 19h. R$ 20
|“Imortais”. 90 min. 14 anos. 5ª a sáb., 21h. Dom., 19h. Dia 30/3, 4/4, 5/4, 13/4, 21h. Dias 31/3 e 14/4, 19h. R$ 20