Theatro Municipal encena nova montagem de “O Barbeiro de Sevilha”

Ópera, com direção cênica de Cleber Papa, fica em cartaz entre os dias 14 e 21 de fevereiro

O poderoso conde de Almaviva está apaixonado por Rosina, uma jovem prometida ao seu tutor. Para se aproximar dela sem levantar suspeitas, o nobre assume diferentes disfarces, como o de um estudante pobre e o de um professor de música. Essa é a premissa de “O Barbeiro de Sevilha”, obra-prima de Gioachino Rossini.

A partir do dia 14 de fevereiro, o público poderá assistir a uma nova montagem dessa ópera, com direção cênica de Cleber Papa, acompanhamento da Orquestra Sinfônica Municipal (OSM), sob a regência do maestro Roberto Minczuk, e participação do Coro Lírico.

O diretor explica que optou por situar a história em um passado não especificado para manter em evidência as mazelas humanas, que são atemporais. Um exemplo é a questão da corrupção, tema que Papa considera central na trama. “Todos são corruptos, cada um a seu modo”, afirma. “Aqueles que estiverem preparados para essa percepção poderão se divertir em dobro.”

Todos os personagens têm o seu peso na história. “Cada um deles pode ganhar protagonismo se considerarmos que possuem atributos tão comuns que, não raro, os encontramos diariamente na nossa vida”, explica o diretor. Pensando nisso, Papa tentou ampliar a dimensão de cada papel. “Fizemos isso brincando, inclusive com Ambrogio, homem que entra mudo e sai calado. Ou quase calado”, exemplifica.

Uma figura importante na peça é Figaro – é ele o barbeiro do título. O personagem interpreta a ária mais famosa da ópera, “Largo al Factotum” (Abram Alas para o Faz-Tudo), na qual repete o seu nome diversas vezes. A canção já foi utilizada em desenhos animados, como do “Pica-Pau” e de “Tom e Jerry”. “Figaro é um espertalhão que sempre se dá bem”, define Papa. “É uma espécie de Pedro Malasartes, e sua trajetória é marcada pela esperteza, dissimulação e apego ao dinheiro”, conta o diretor, fazendo referência ao personagem com caráter semelhante, tradicional das culturas portuguesa e brasileira.

Questionado se faria a sua barba com Figaro, o diretor confessa que não se arriscaria: “Não. Minhas barbas estão sempre de molho”, ironiza.

Por Gabriel Fabri

| Theatro Municipal de São Paulo. Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, Centro. Dias 14, 15, 16, 19, 20 e 21, 20h. Dia 17, 18h. De R$ 20 a R$ 180