Peça "Violência Idiota" debate tecnologia e sociedade no Centro Cultural Olido

Espetáculo no Centro Cultural Olido explora a relação entre o corpo e a tecnologia e questiona como a internet molda comportamentos

 Materializando uma timeline de rede social que intercala MEMEs, pronunciamentos, figurinhas, tragédias, GIFs, vídeos-virais, pornografia, desafios de dança, intimidades, notícias políticas e games, o espetáculo “Violência Idiota”, do Comitê Cibernético de Práticas Analógicas, estreia no dia 21 de setembro, no Centro Cultural Olido. Com apoio da 16ª edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo, a montagem torna tangível como, nos últimos anos, os corpos-com-celulares estão reelaborando os acordos sociais sob a influência dos territórios online ofertados pela internet.

O Comitê Cibernético de Práticas Analógicas foi fundado em 2022, da sinergia entre a pesquisa cênica de Carolina Nóbrega e a pesquisa audiovisual de Bruna Lessa. O interesse em mesclar a linguagem teatral e audiovisual partiu da compreensão compartilhada de que o design humano é sempre o design do humano. Em outras palavras, de que a humanidade é reinventada a cada novo artefato tecnológico que desenvolve. Na metodologia desenvolvida pelo Comitê, o teatro também é entendido como máquina, uma máquina precária e analógica que serve como contexto para a elaboração coletiva de como outras máquinas (sobretudo audiovisuais) estão produzindo realidades sociopolíticas.

O espetáculo Violência Idiota partiu da pergunta: Por que, a partir da década de 2010, a internet criou comunidades políticas dispostas a dar novo fôlego para fantasias de teor nazifascistas? O Comitê, então, investigou como diferentes regimes de poder operaram transformações nos corpos individuais e coletivos através do uso social das máquinas, sobretudo a partir do longo século XX – quando aconteceram as duas Guerras Mundiais, a Guerra Fria e a consolidação do neoliberalismo em escala global.

A estrutura do trabalho foi desenvolvida de forma colaborativa, tanto a partir do reconhecimento da influência direta da cultura audiovisual na formação da subjetividade dos integrantes do projeto, quanto a partir do estudo de produções estéticas e discursivas que compõem os territórios mais distópicos da internet. A dramaturgia, a trilha sonora e as criações audiovisuais mesclam conteúdos documentais com criações ficcionais para buscar expor um projeto político que articula o terror através da estupidez.

A cena se passa em uma central operacional duvidosa, na qual a maior parte dos artefatos tecnológicos são obsoletos (televisões de tubo, handycams, rádios toca-fitas), ainda que plenamente funcionais. Essas máquinas são pilotadas por cinco anônimos que, mesmo sem se conhecer, unem-se para consumir e produzir criações audiovisuais e artefatos digitais. Tal dinâmica envolve as personagens em vórtices narcóticos que os projetam na direção de ficções políticas vivas supremacistas brancas e heteropatriarcais.

Serviço
Centro Cultural Olido | Sala Paissandu
Av. São João, 473 | Centro
Dias 21, 22 e 23 de setembro às 19h
Dia 24 de setembro às 16h

Gratuito - Presencial
Classificação Indicativa: 16 anos
Duração: 90min
Instagram: https://www.instagram.com/violencia.idiota/

Ficha Técnica
Direção: Bruna Lessa e Carolina Nóbrega
Dramaturgia: Carolina Nóbrega
Instalação e Edição audiovisual: Bruna Lessa
Pesquisa audiovisual: Bruna Lessa e Carolina Nóbrega
Elenco: Allyson Amaral, André Capuano, Juliana Melhado, Mônica Augusto e Pedro Felicio
Preparação corporal e teórica: Carolina Nóbrega
Figurino: Rogério Romualdo
Preparação Vocal: Inés Terra
Edição, mixagem e músicas originais: Inés Terra
Operação de Vídeo e Som: Bruna Lessa e Pedro Felício
Cenário e Desenho de Iluminação: Juliana Augusta Vieira
Cenotécnica: Angel Taize e Elisete Jeremias
Operação de Luz: Angel Taize
Identidade Visual e Design Gráfico: Revista Comando | Frederico Heer e Guilherme Cunha
Gerenciamento de mídias e redes sociais: Juliana Melhado
Fotografia: Cacá Bernardes
Coordenação de Produção: Viviane Bezerra
Produção Executiva: Elisete Jeremias