Peça “O Monstro da Porta da Frente” resgata magia dos cinemas de bairro

Espetáculo infantojuvenil é apresentado neste final de semana no Teatro Alfredo Mesquita com ingressos gratuitos

 A partir de pesquisa sobre os antigos cinemas de rua do bairro da Penha, hoje desativados, o coletivo A Digna, vencedor do APCA 2022, realizou uma intervenção artística no bairro, resgatando o espírito de convivência desses equipamentos culturais. Essa iniciativa, assim como a magia de grandes clássicos do cinema, inspirou a peça infantojuvenil “O Monstro da Porta da Frente”, com direção de Kiko Marques e dramaturgia de Victor Nóvoa. O Teatro Alfredo Mesquita recebe o espetáculo neste final de semana, nos dias 17 e 18 de setembro, integrando o Circuito Municipal de Cultura, com ingressos gratuitos.

Com música ao vivo e muito bom humor, a peça conta a história de Laurinha, que brinca de criar filmes em um antigo cinema desativado de seu bairro. Diante do fato de que grande parte dos imóveis da região foram vendidos para os senhores Compasso e Descompassado, a garota, com a ajuda do senhor Lanterninha, cria um filme para ajudar os moradores do bairro a terem sua história e suas presenças no bairro preservadas. Nesse espetáculo lúdico cheio de referências para todas as gerações, filmes como Cantando na Chuva são lembrados - e o musical icônico de Gene Kelly e Stanley Donen transforma-se em “Cantando No Pé D'água".

Em meio a essa jornada lúdica e divertida, a peça propõe uma reflexão sobre gentrificação, o processo de transformação urbana que transforma regiões antigas em bairros nobres e mais caros, levando muitas vezes à expulsão dos atuais moradores. “Pensamos em como trazer para os mais jovens esse conceito, pensando que a cidade é um espaço também para as crianças, e em como a gente consegue que espaços públicos e também privados se abram para que as pessoas possam se relacionar”, afirma o coletivo. “A gente faz uma linguagem artística para que a criança se emancipe.”

Para o coletivo, apesar do tema da gentrificação parecer muito adulto para o público infantil, todas as temáticas podem ser abordadas para as crianças, pensando eles como sujeitos históricos que têm a sua própria forma de ver o mundo. “A gente não banaliza”, explica, ressaltando o humor como uma ferramenta de aproximação com esse público. “Nossas discussões não precisam ser simplificadas, e sim transformadas na lógica delas.”

Por Gabriel Fabri

| Teatro Alfredo Mesquita. Avenida Santos Dumont, 1770 - Santana. Dias 17 e 18/09, às 16h. 75 minutos. Livre.