Miguel Falabella dirige opereta “A Viúva Alegre” no Theatro Municipal

Espetáculo, com regência do maestro Alessandro Sangiorgi, estreia no dia 14 de novembro

As cores brilhantes e exageradas do fovismo, movimento artístico lançado em 1905 na França, encontram no espetáculo “A Viúva Alegre”, de Franz Lehár, o ambiente ideal para traduzir toda a energia predominante na Europa do começo do século passado.

A opereta, cuja estreia ocorreu em Viena naquela ocasião, encerra a temporada lírica 2019 do Theatro Municipal com uma montagem que traz um cenário repleto de flores. “É como se um quadro fovista ganhasse vida”, afirma o diretor Miguel Falabella. As apresentações vão de 14 e 24 de novembro e têm acompanhamento da Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência do maestro Alessandro Sangiorgi, e participação do Coro Lírico Municipal, preparado por seu maestro titular, Mário Zaccaro.

Falabella explica a decisão de trazer o fovismo para a ópera. “A intensidade das cores é uma tradução da Europa na qual eles estão vivendo, então achei interessante esse mundo explodindo em cor, chamando todo mundo de careta”, conta o diretor. A história é ambientada na França logo após a conquista dos territórios africanos e, por isso, todos os seus três atos se passam em festas. “Estão todos loucos, frívolos e alienados, dançando e tomando champanhe, enquanto o mundo está acabando lá fora”, descreve. “É o baile da Ilha Fiscal na Europa” (referindo-se ao último baile da monarquia aqui no Brasil).

A viúva do título se casou com um homem rico por interesse e, agora, concentra em suas mãos praticamente toda a fortuna do povoado. “Ela representa o século XX flertando descaradamente com o capitalismo”, explica o diretor. “Quem manda é ela porque quem tem o dinheiro é ela”. Um exemplo disso é quando a personagem é provocada a respeito do peso de seu falecido marido, um homem obeso, e ela responde, ironicamente, com a quantia que este tinha no banco. “É muito interessante essa opereta, as mulheres trepam com quem elas querem, todas corneiam os maridos, foi um escândalo na época.”

Para o Falabella, há um cinismo presente em todos os personagens. “Tem uma história de amor, sim, mas todos são muito cínicos”, afirma. Ele exemplifica com a personagem Valenciana, que trai o marido, um barão, com um homem mais jovem. “Ela canta: sou bela, recatada e do lar”, revela, rindo. “Trouxe para cá, botei umas pitadas nossas”, explica o diretor, que fez a tradução da ópera para o português. “Ela é bela, recatada e do lar e vai dar para o outro lá no mato.”

Por Gabriel Fabri

| Theatro Municipal. Dias 14, 15, 16, 19, 20, 21, 22 e 23, 20h. De R$20 a R$120. Dias 17 e 24, 18h. Récitas de domingo com preço único de R$20, para todos os setores, com venda exclusiva na bilheteria do Theatro, a partir das 12h no dia do espetáculo. Dia 24, apresentação com audiodescrição.