1ª Mostra do Avesso leva moda, dança e cinema ao CCSP

Programação tem início no dia 23 de abril paralelamente à SPFW

A 47ª São Paulo Fashion Week (SPFW), um dos eventos de moda mais respeitados em todo o mundo, começa no dia 22 de abril. Para dar visibilidade a esse universo além dos desfiles, o Centro Cultural São Paulo apresenta, a partir do dia 23, a 1ª Mostra do Avesso. Diversificada, a programação conta com debates, oficinas, artes visuais, dança e cinema, tudo alinhavado pela moda.

Um dos destaques é o projeto “FLESHION!”. Para discutir a relação entre corpo e moda de formas diferentes, são realizadas três atividades: o workshop “Fleshion - processos de criação”, a performance de dança “Fleshion [aparências]” e a videoinstalação “Arqueologia do Desejo”.

Entre os dias 25 de abril e 21 de maio, ocorre o ciclo de debates “Afora da Moda”, programado em parceria com o coletivo História da Disputa. Os convidados falam de temas como “Quem faz a moda?”, no dia 24 de abril; e “Apropriação cultural na moda: como se costura o racismo?”, em 14 de maio. Nos encontros “Toda Aquela Dança”, coreógrafos e professores compartilham com o público seus processos de pesquisa e criação.

Já a sétima arte é contemplada na mostra “Undressing Cinema: Corpo, Moda e a Crise da Imagem”. Os títulos selecionados mesclam clássicos e lançamentos, entre ficções e documentários. As produções fazem um paralelo entre moda, questões econômicas e autoestima. Estão entre os destaques da programação: “Mapa para as Estrelas”, filme de David Cronenberg com Julianne Moore e Mia Wasikowska; e os clássicos “Roma de Fellini”, com Anna Magnani, e “A Noite dos Desesperados”, dirigido por Sidney Pollack e estrelado por Jane Fonda.

Confira a programação completa:

DANÇA

TODA AQUELA DANÇA
de 23 a 27/4
Abril é o mês dedicado à dança na programação da Secretaria Municipal de Cultura e marca o retorno desta curadoria ao Centro Cultural São Paulo, que abriga o Arquivo Multimeios, um dos principais acervos do segmento no país. A programação traz encontros com artistas e pesquisadores interessados na memória aberta ao futuro. A bailarina e coreógrafa Thelma Bonavita, a professora e pesquisadora Christine Greiner e o coreógrafo e professor Eduardo Fukushima compartilham seus procedimentos de pesquisa e criação.
| Sala de Ensaio 1. 3ª a 6ª, das 19h30 às 22h. Sáb., das 17h às 19h30. Grátis (sem necessidade de retirar ingressos)

MODA

FLESHION!
FLESHION! é uma plataforma para discussão e invenção a partir das relações entre corpo e moda – geradora de performances, objetos, desfiles, publicações e entrevistas. O neologismo fleshion vem da junção de duas palavras de origem inglesa: flesh (carne, corpo) e fashion (moda, modos). Foi inventado pela coreógrafa Thelma Bonavita para descrever a interação invisível entre ambos os sistemas, de como um afeta o outro e inventa códigos sociais, políticos e culturais.

Workshop Fleshion - processos de criação
dia 26/4 - sexta
O workshop aborda a relação entre corpo e moda no sentido criativo e sensível dos dois sistemas. Isto é, conhecer na prática o sistema corpo (percepção, movimento, performance, entre outros) em relação ao sistema moda (volume, forma, textura, cor, comportamento, entre outros). Deste estudo, desenvolvem-se novas perspectivas nos processos de criação de ambos.
| Piso Flávio de Carvalho. 6ª, das 15h às 19h. Grátis (sem necessidade de retirar de ingressos). Público: estudantes de artes, moda, performance e interessados em geral

Fleshion [aparências]
de 23/4 e 28/4
Concepção, coreografia e figurino: Thelma Bonavita. Performance: Juliana França e Pedro Galiza. Música: Piero Bonavita. Produção: Platô Brasil/Dora Leão.
A performance navega pelas poéticas e políticas das aparências e tem o corpo e a moda em constante fricção. Ocupa-se da ação de tocar como exercício de abstração. “Fleshion [aparências]” é uma performance-coleção, uma moda-meditativa que especula noções de tempo, corpo, moda e desejo. No dia 28, o espetáculo faz parte da Paulista Cultural.
| Piso Flávio de Carvalho. 3ª a dom., 20h. 60 min. Grátis (sem necessidade de retirar ingressos)

Arqueologia do Desejo
de 24 a 28/4 (Paulista Cultural)
Concepção, coreografia e figurino: Thelma Bonavita. Performance: Juliana França e Pedro Galiza. Música: Piero Bonavita. Captação e edição: Carol Fig.
Videoinstalação que integra a programação do Paulista Cultural.
| Piso Flávio de Carvalho. 4ª a dom. 15 min. Grátis (sem necessidade de retirar ingressos)

AFORA DA MODA
de 25/4 a 21/5
Com coletivo História da Disputa (Caróu Oliveira e Victor Leite).
A equipe do Disputa da História programou este ciclo de encontros temáticos que debaterá o conceito, a história e os conteúdos políticos da moda, com objetivo de expandir a percepção de moda, de tema puramente este?tico ou fu?til para objeto de observação e reproduc?a?o de dina?micas sociais. Realizar um panorama da histo?ria da moda a partir de uma perspectiva “desde abaixo”, buscando a presenc?a e a criatividade de sujeitos comumente ignorados nas histo?rias oficiais, como a ma?o de obra que produz/iu a moda, as apropriac?o?es de elementos pela alta-costura, mercado de luxo da cultura popular e vice-versa.

Programação:

dia 25/4 – quinta
Quem faz a moda? | Breve história da moda. Quem costura, quem concebe a moda? A quem interessa a moda? Quem cria quem consome?

dia 30/4 – terça
O que faz a moda? | Modos de fazer a moda. Onde se encontra a moda? Qual a utilidade/necessidade da moda?

dia 2/5 - quinta
História da Moda em SP:
Como - e quem - vestiram os bandeirantes? Como a colônia do século 19 virou uma das capitais da moda? Existe moda “local”? E moda identitária?

dia 7/5 - terça
Moda, vestuário e cultura:
Antes da moda, o que se vestia? Moda feminina, moda masculina; Os tupinambás lançaram moda?; Quem veste a periferia?

dia 9/5 - quinta
Moda como linguagem:
Símbolo e significado: o que se cria na moda; Inspiração e cópia; Propriedade intelectual; Moda e tradição.

dia 14/5 - terça
Apropriação cultural na moda: Como se costura o racismo?:
O que é “exótico”? Gerenciamento de crises na moda; Negrxs na moda, quem são, o que fazem? Black money no bolso.

dia 16/5 - quinta
Apropriação cultural na moda: como se costura o classismo?:
O que é alta-costura e porque ela é tão baixa?; O luxo eterno.

dia 21/5 - terça
Apropriação cultural na moda: Como se costura o gênero?:
Roupa como extensão do corpo/roupa performance; O poder subversivo da moda; Para onde vamos e onde queremos chegar.
| Piso Flávio de Carvalho. 3ª e 5ª, das 19h às 21h30. Grátis (sem necessidade de retirar ingressos; inscrições devem ser feitas no momento da atividade)

Indumentária e performatividade dos orixás
dias 1º, 3, 4, 8, 10, 15, 17 e 22 de maio
Com Vanessa Oliveira (ekedi e artista), Eduardo Brechó (músico percussionista), Marcos Verdugo (pesquisador), Gabi Cherubini (figurinista) e Andrea Guerra (designer).
Vanessa Oliveira apresenta um laboratório que busca investigar algumas características da cultura africana e de sua diáspora, sobretudo circunscritas em torno de questões de performance e construção da identidade nas indumentárias ("asó”) de orixás dos candomblés brasileiros. Assim, é um espaço de subjetividades e da experiência de múltiplas linguagens que compõem o imaginário estético dessas vestimentas. Propostas e projetos de criação de uma indumentária de orixá serão desenvolvidos, introduzindo pesquisas, discussões e acompanhamento criativo. Combinando linguagens, processos e técnicas, estimulamos o pensamento da indumentária dos orixás de forma expandida.
| Piso Flávio de Carvalho. 4ª e 6ª, das 10h às 13h. Grátis (sem necessidade de retirar ingressos)

CINEMA

UNDRESSING CINEMA: CORPO, MODA E A CRISE DA IMAGEM
de 23 a 28/4

A curadoria de cinema do CCSP exibe uma seleção com títulos variados, de clássicos a documentários. Calcado na ideia de decadência e autoimagem, os filmes discutem como questões econômicas interferem na autoestima e integridade. Esse paralelo com a moda é perceptível com a relação de produto e consumidor. Documentários como “Grey Gardens”, “O Século do Ego” e “A Noite dos Desesperados” escancaram a influência de grandes momentos da economia, como a Grande Depressão de 1929, e uma análise psicanalítica sobre megacorporações. Já a relação com o corpo e a autoimagem são temas abordados em clássicos como “Olhos sem Rosto”, “Os Olhos de Laura Mars”, “O Domínio do Olhar” e “A Viagem da Hiena”. São filmes que lidam com a autoestima e com a subversão da beleza física, em alguns casos de uma maneira mais “visceral”. Neste sentido, o cinema, em totalidade com a programação da 1ª Mostra do Avesso, apresenta-se como uma plataforma para a discussão e a invenção a partir das relações entre corpo e moda. Interessa a percepção humana, principalmente o sentido do toque – de que maneira os materiais, as formas, texturas e outros elementos do vestir interagem com este sentido. A programação discute também aspectos políticos e poéticos decorrentes do estudo dos efeitos da moda na sociedade.

Sala Lima Barreto (99 lugares)
R$2,00 - a bilheteria será aberta uma hora antes da primeira sessão do dia.

Programação
dia 23/4 - terça
15h30 Grey Gardens
18h Mapas para as Estrelas
20h Roma de Fellini

dia 24/4 - quarta
15h30 A Noite dos Desesperados
18h Os Olhos sem Rosto
20h A Viagem da Hiena + As Estátuas também Morrem

dia 25/4 - quinta
15h O Século do Ego - parte 1
17h15 O Século do Ego - parte 2
19h30 Sociedade do Espetáculo

dia 26/4 - sexta
16h Os Olhos de Laura Mars
18h Grey Gardens
20h Mapas para as Estrelas

dia 27/4 - sábado
16h Os Olhos de Laura Mars
18h Os Olhos sem Rosto
20h O Domínio do Olhar

dia 28/4 - domingo
15h30 Grey Gardens
17h30 A Noite dos Desesperados
20h A Viagem da Hiena + As Estátuas também Morrem

Sinopses:
O Domínio do Olhar
[Looker, EUA, 1981, 93min, DCP]
direção: Michael Crichton - elenco: Albert Finney, James Coburn, Susan Dey
Após duas modelos serem mortas, o mais renomado cirurgião plástico de Beverly Hills, Larry Roberts, torna-se o suspeito.
Classificação indicativa: 16 anos

As Estátuas também Morrem
[Les Statues meurent aussi, França, 1953, 30min, DCP]
direção: Alain Resnais, Chris Marker
A África perdeu seus direitos, seu povo, suas línguas, suas riquezas, sua arte. Uma crítica ao imperialismo, uma exposição do racismo. O filme retrata a importância de uma estrutura cultural e como sua falência gera um assassinato étnico.
Classificação indicativa: livre

Grey Gardens
[EUA, 1977, 94min, DCP]
direção: Ellen Hovde, Albert Maysles, David Maysles, Muffie Meyer
Edith Bouvier Beale e sua filha, Little Edie, são primas de Jackie Kennedy. Elas costumavam viver no luxo da alta sociedade, mas, 24 anos mais tarde, em grande dificuldade financeira, as duas passam os dias inteiros isoladas na mansão decadente, Grey Gardens, cercadas por lixo, roedores e retratos da época de ouro. O documentário explora a relação de amor e ódio entre mãe e filha, presas à imagem que tinham no passado, e, em grande extensão, apresenta um retrato vívido da decadência, tanto física quanto financeira e moral.
Classificação indicativa: livre

Mapa para as Estrelas
[Maps To The Stars, EUA, 2015, 111min, DCP]
direção: David Cronenberg - elenco: Julianne Moore, Mia Wasikowska, Olivia Williams
Agatha Weiss acabou de chegar a Los Angeles (EUA) e logo conhece Jerome Fontana, um jovem motorista de limusine que sonha se tornar ator. Eles começam a se relacionar, porém ela mantém segredo sobre seu passado. O filme pode ser considerado uma releitura de “Crepúsculo dos Deuses” e retrata um novo ciclo da decadência de Hollywood.
Classificação indicativa: 16 anos

A Noite dos Desesperados
[They Shoot Horses, Don’t They?, EUA, 1969, 129min, DCP]
direção: Sydney Pollack - elenco: Jane Fonda, Michael Sarrazin, Susannah York
À época da Grande Depressão americana é criado um concurso de dança que oferece 1.500 dólares como prêmio para o casal que conseguir ficar mais tempo dançando. Este filme inspirou o famoso desfile da maratona de dança, do inglês Alexander McQueen na coleção de verão de 2004.
Classificação indicativa: 14 anos

Os Olhos de Laura Mars
[Eyes of Laura Mars, EUA, 1978, 105min, DCP]
direção: Irvin Kershner - elenco: Steve Marachuk, Michael Tucker, Faye Dunaway
Laura Mars é uma fotógrafa que está em evidência, pois utiliza “assassinatos” em seus trabalhos publicitários. Isto gera polêmica, mas lhe dá fama. Sua vida é afetada quando pessoas ligadas a ela são mortas. Laura tem visões dos crimes, mas, para seu desespero, só pode ver as vítimas, pois enxerga a partir dos olhos do serial killer.
Classificação indicativa: 18 anos

Os Olhos sem Rosto
[Les yeux sans visage, França/Itália, 1960, 88min, DCP]
direção: Georges Franju - elenco: Pierre Brasseur, Alida Valli, Edith Scob
A filha de um célebre cirurgião tem seu rosto desfigurado em um acidente automobilístico. Com a ajuda de sua assistente, ele sequestra jovens e transplanta a pele delas para o rosto da filha, tentando reconstruir sua beleza.
Classificação indicativa: 16 anos

Roma de Fellini
[Roma, Itália, 1972, 128min, DCP]
direção: Federico Fellini - elenco: Dennis Christopher, Federico Fellini, Anna Magnani
Roma, capital da Itália, pela sua história milenar, é um dos mais antigos mosaicos e arquivos da história humana. O diretor Federico Fellini fez parte de sua trajetória, vivenciando o seu dia a dia desde sua chegada à cidade, quando criança (Stefano Mayore), passando pela fase adolescente (Peter Gonzales) até a atual. Em um momento canônico do filme, um desfile de moda religiosa gera uma sequência cômica e irônica, trazendo a pompa e a circunstância eclesiástica com uma pitada de decadência.
Classificação indicativa:12 anos

O Século do Ego
[The Century of the Self, Reino Unido, 2002, 240min, DVD]
direção: Adam Curtis
Série documental da televisão britânica produzida em 2002 por Adam Curtis. Seu enfoque é sobre como os trabalhos de Sigmund Freud, Anna Freud e Edward Bernays influenciaram na maneira como as empresas e governos têm analisado, lidado e controlado as pessoas.
Classificação indicativa:14 anos

Sociedade do Espetáculo
[La Société du Spectacle, França, 1973, 88min, DVD]
direção: Guy Debord
Documentário que ressalta o aspecto de espetacularização dos feitos, em qualquer sociedade, seja ela neoliberal, seja ela socialista. Baseado no livro de mesmo nome, também de Guy Dubord. O espetáculo se apresenta como representação da própria sociedade. Enquanto parte da sociedade, ela é o foco de toda a visão e de toda consciência. Mas por ser algo separado, ela é, na verdade, o domínio da ilusão e da falsa consciência: a unificação que realiza não é outra coisa senão a linguagem oficial da separação.
Classificação indicativa: livre

A Viagem da Hiena
[Touki Bouki, Senegal, 1973, 85min, DCP]
direção: Djibril Diop Mambety - elenco: Magaye Niang, Mareme Niang, Aminata Fall
Mory, que monta uma motocicleta decorada com um crânio de vaca, e Anta, um estudante universitário, encontram-se em Dakar, capital do Senegal. Alienados e descontentes com o Senegal e a África, desejam ir a Paris e elaborar diferentes esquemas para aumentar o dinheiro. Anta e Mory farão de tudo para comprar uma passagem de navio para a França.
Classificação indicativa: 14 anos