Palhaço Piolin ganha homenagem no Dia do Circo

Centro de Memória do Circo recebe convidados como o diretor José Celso Martinez Corrêa, palhaços do grupo LaMínima e reencena o célebre Festim Antropofágico, realizado pelos modernistas há 90 anos

No dia 27 de março de 1897, nascia no circo de seus pais, em Ribeirão Preto, Abelardo Pinto. Depois de se dedicar ao contorcionismo, acrobacia, ciclismo e música, deu vida ao palhaço Careca, mais tarde batizado de Piolin (barbante em espanhol, já que tinha as pernas finas). Seu sucesso no picadeiro foi tanto que em 1919, no dia de seu aniversário, os modernistas o homenagearam com um almoço que chamaram de Festim Antropofágico. Nele, o palhaço era simbolicamente comido, em uma alusão aos índios antropófagos que devoravam os inimigos para adquirir suas qualidades. A partir de 1972, a data de nascimento de Piolin foi escolhida como Dia do Circo e, para celebrar, a Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Centro de Memória do Circo, programou o evento “27 de Março – Dia do Circo – Dia de Comer Piolin: 90 Anos de Festim Antropofágico”.

Realizada no Centro Cultural Olido, a comemoração conta com duas atividades: no dia 26, às 19h, a conversa “Reflexões sobre o Modernismo Antropofágico e Sua Relação com o Circo”, com Maria Augusta Fonseca, professora da USP, e José Celso Martinez Corrêa, diretor teatral; e, no dia 27, às 15h, “Vamos Comer Piolin! 90 Anos de Festim Antropofágico”, ‘espetáculo ritual’ com direção de Marcelo Drummond, que começa com um cortejo no entorno do Centro Cultural Olido, acompanhando um boneco gigante de Piolin. Participam atores representando personalidades do Modernismo, entre eles Pascoal da Conceição como Mário de Andrade, palhaços do grupo LaMínima e outros artistas circenses. Ao fim do cortejo, ocorre uma recriação cênica do Festim Antropofágico, na Sala Olido.

Por Luiz Quesada

Programação:

REFLEXÕES SOBRE O MODERNISMO ANTROPOFÁGICO E SUA RELAÇÃO COM O CIRCO
Com Maria Augusta Fonseca (professora sênior do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo) e José Celso Martinez Corrêa (ator, diretor e fundador do Teatro Oficina Uzyna Uzona).
No encontro, os convidados falam sobre circo, teatro, literatura, música e artes plásticas no Brasil a partir do envolvimento do Modernismo Antropofágico e o Circo, principalmente na figura de Piolin.
| Centro Cultural Olido – Sala Olido. Avenida São João, 473, Centro. Dia 26/3, 19h. Grátis

VAMOS COMER PIOLIN! 90 ANOS DE FESTIM ANTROPOFÁGICO
Dir.: Marcelo Drummond. Dir. musical: Banda A5 PB e Teatro Oficina Uzyna Uzona (Felipe Botelho). Com Letícia Coura (Tarsila do Amaral), Camila Mota (Patrícia Galvão - Pagu), Pascoal da Conceição (Mário de Andrade), palhaços do grupo LaMínima (Fernando Sampaio e Filipe Bregantim), os palhaços Xuxu, Romiseta, Pepin e Florcita, o equilibrista Bruno Edson, a família Sbano, com números de laços e chicotes, a apresentadora Ranny, as mestras Amercy Marrocos, Marília de Dirceu, Edméia Ferreira, o coro antropófago do Teatro Oficina Uzyna Uzona, entre outros.
Com números circenses, palhaçaria, música e cantos de Heitor Villa-Lobos, este ‘espetáculo ritual’ começa em forma de cortejo pela Avenida São João e Largo do Paissandu e termina na Sala Olido. Pontuado com informações históricas, tem como destaque textos sobre o circo e Piolin, escritos por Oswald de Andrade, Paulo Prado, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade, entre outros. Por fim, como ocorreu em 1929, Piolin será ‘degustado’ pelos presentes.
| Concentração: Café dos Artistas (Centro de Memória do Circo). Avenida São João, 473, Centro. Dia 27/3, 15h. Grátis