Em fevereiro deste ano, o maestro João Carlos Martins foi à televisão, junto com a cantora Anitta, para uma última apresentação de piano, antes de se aposentar definitivamente do instrumento. Há 15 anos, descobriu que, por motivos médicos, não poderia mais tocar. Justamente ele que foi considerado um dos maiores intérpretes de Bach do século XX. Sua carreira de instrumentista mudou de direção quando criou, em 2004, a Orquestra Bachiana Filarmônica (OBF).

A partir do dia 19 de março, o maestro dá início a uma série de concertos com a OBF, que conta, até hoje, com parte de sua formação original. “É um sonho que começou com 18 músicos na minha casa e foi realizado”, conta Martins. “Dezesseis e meio milhões de pessoas já viram a orquestra ao vivo, democratizando a música clássica.”

Foi pela dificuldade de manter uma orquestra no Brasil que o maestro escolheu a sinfonia “Eroica”, de Beethoven, para o primeiro concerto deste ano. “É porque eu considero heróis todos os nossos músicos”, afirma. O repertório inclui também o “Concerto para Trompete em Ré Menor”, do compositor barroco Alessandro Marcello. “Essa peça é tão linda que o próprio Bach resolveu transcrevê-la para orquestra de cordas e teclado”, explica Martins. O jovem Erick Vendite, com apenas 15 anos (a idade da OFB), toca o trompete piccolo. “Este é um dos instrumentos mais difíceis de sopro, e o pessoal geralmente foge dele”, revela o maestro, elogiando o garoto, que foi vencedor do programa Prelúdio, da TV Cultura, em 2018.

O concerto inclui também, em versão instrumental, a canção “Beautiful”, gravada por Christina Aguilera. Lançada em 2002, a música sobre autoaceitação, composta por Linda Perry, rendeu o Grammy de Melhor Performance Vocal Pop Feminina para Christina e foi indicada também a Canção do Ano.

Por Gabriel Fabri

| Theatro Municipal de São Paulo. Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, Centro | tel.: 3053-2090. Dia 19, 20h. R$35 a R$70.