Peça que critica ‘idiotização do mundo’ estreia no CCSP

“Argumento contra a existência de vida inteligente no cone sul” entra em cartaz no dia 25 de janeiro

Um grupo de estudantes planeja um ataque terrorista contra uma universidade. Esse é o ponto de partida do espetáculo “Argumento contra a existência de vida inteligente no cone sul”, do Coletivo Labirinto. Com texto do uruguaio Santiago Sanguinetti, a peça estreia dia 25 de janeiro, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), ocupando o Espaço Adhemar Guerra.

Para a diretora Marina Vieira, a faculdade aparece como símbolo de um local onde o pensamento crítico é fomentado. “A ideia dos personagens é que esse atentado evidenciaria a estupidez do país, provocando um movimento de mudança na sociedade”, explica. Dessa forma, ficaria comprovada a falta de inteligência sugerida no título da peça. “Eles têm essa ideia de que algo muito estúpido, como provar que não há vida inteligente, iniciaria uma revolução”, afirma. Mas a diretora ressalta que a peça trabalha com a possibilidade de muitas leituras. “Nunca há uma resposta inequívoca para nenhuma questão, então aparecem várias justificativas e, às vezes, nenhuma para a ação deles.”

Justaponto elementos dissonantes, como o imaginário revolucionário de esquerda e a cultura pop norte-americana, o texto critica uma suposta ‘idiotização’ do mundo. “É muito interessante como ele consegue desmistificar assuntos, tornar estúpidas figuras muito ‘inteligentes’, nessa inteligência de referências teóricas, mesmo”, comenta a diretora. A crítica não é à cultura pop em si, mas essa aparece como a ponta do iceberg da ‘idiotização’. “O autor atribui isso a dois fatos: às ditaduras militares que censuraram o pensamento e à globalização, que traz essa homogeneização cultural”, explica Marina.

Como o Espaço Adhemar Guerra fica no subterrâneo do CCSP, o local casou bem com o texto, que originalmente se passa dentro de um apartamento. “A sala reforça a ideia de um bunker por conta do planejamento do ataque”, conclui a diretora.

Por Gabriel Fabri

| Centro Cultural São Paulo. R. Vergueiro, 1.000, Paraíso. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Centro. | tel. 3397-0001 e 3397-0002. De 25/1 a 24/2. Sex. e Sáb., 21h. Dom, 20h. Dia 2/2, 21h (haverá tradução em Libras). Dia 17/2, 20h (o espetáculo será interpretado em Libras) Grátis (retirar ingresso uma hora antes)