Trajetória de Gertrude Stein e Alice Toklas é tema de palestra na Biblioteca Mário de Andrade

O evento traça um paralelo artístico, político e feminista entre a cena parisiense dos anos 20 e 30 e a cena paulistana de hoje

Gertrude Stein foi uma escritora, poetisa e ativista do feminismo que marcou a Paris dos anos 20 não só por ser considerada quem descobriu Picasso ou por criar a expressão “geração perdida”, mas por tratar de temas como paganismo, lesbianismo, elite e estética. Para falar sobre sua trajetória, a jornalista Gabriela Longman ministra, no dia 3 de novembro, na Biblioteca Mário de Andrade, a palestra “Gertrude Stein, Alice Toklas, feminismo e vanguardas dos anos 1920 e 1930” que propõe uma análise sobre os discursos político, artístico, literário, social e feminista daquela época.

“A palestra nasceu quando fui convidada pela diretora Malú Bázan e pela atriz Nicole Cordery para discutir os textos que elas estavam escrevendo para a peça ‘Alice, retrato de uma mulher que cozinha ao fundo’. É um conteúdo que converge com os meus estudos sobre o contexto de Paris dos anos 20 e que me fez construir panoramas com o hoje. É claro que a história não se repete, mas tem muita coisa que reverbera e que é interessante olhar e pensar o que foi vivido lá”, diz Longman. Ela explica que Stein e Toklas eram casadas e protagonizaram o movimento das vanguardas europeias ao lado de Pablo Picasso, Ernest Hemingway, Ezra Pound, Scott Fitzgerald, Marcel Duchamp e James Joyce.

Um dos objetivos do encontro é entender essas vanguardas como um conjunto. Para Longman, didaticamente, costuma-se separar futurismo, cubismo e modernismo, por exemplo, mas ao revisitar a história, descobre-se que essas figuras estão misturadas e se influenciando. “Há momentos em que a sociedade, de alguma maneira, quase explode ou convulsiona. É um tempo criativo, mas também violento. Eu identifico esse passado das vanguardas com o que acontece hoje em São Paulo. Há uma cena muito maior que a dos anos 20. Eu acredito na potência dos acontecimentos como um eco que ressoa em toda a cultura”, afirma a jornalista.

Outro tema abordado na palestra é a relação amorosa entre Gertrude e Alice e a luta feminista. “Além de um objetivo político e filosófico, existe a necessidade de rever o casamento das duas para ressignificar os papéis dentro de um relacionamento. É importante entender como esse casal se estruturou no feminismo e marcou o palco da arte. Eu vejo como um gatilho para podermos repensar o amor e todos os outros discursos.”, conclui Longman.

Por Juliana Pithon

Serviço:
| Biblioteca Mário de Andrade. Rua da Consolação, 94. Consolação. Próximo da estação Anhangabaú do metrô. Tel. 3775-0002. Livre. Dia 03/11, 19h. Grátis