Entre os dias 9 e 27 de junho, a Biblioteca Mário de Andrade recebe o “Festival Afreaka: encontros entre Brasil e África Contemporânea”, uma iniciativa multidisciplinar que visa romper os estereótipos sobre a África presentes no Brasil, evocando o seu lado inovador, proativo e artístico, e promovendo o diálogo de representantes da cultura de raízes afro-brasileiras com artistas e intelectuais contemporâneos do continente africano. O encontro apresenta o que há de melhor nas artes visuais e gráficas, literatura e ciências humanas do mundo africano.
A programação, inteiramente gratuita, conta com três instalações expográficas fixas. A Exposição Protagonistas Africanos vestirá a Biblioteca Mário de Andrade, oferecendo ao público um mergulho nas expressões contemporâneas que abordam sustentabilidade, artes e sabedorias complexas do continente negro. Ainda, a mostra Mulheres Africanas, da artista plástica Surama Caggiano, traz composições de mulheres negras em mosaico. No terceiro andar, o visitante poderá presenciar o encontro explosivo de cores e contrastes, onde as lentes africanas e afro-brasileiras se unem trazendo a sensibilidade e inovação artística na fotografia.
A programação conta também com seis workshops: renomados artistas e intelectuais promoverão encontros para discutir e compartilhar experiências sobre HUBs e inovação, performance multimídia, moda afro-futurística, mídia alternativa, arte digital e cabelo como instrumento político. Ainda, duas palestras e quatro mesas de debates trazem grandes nomes africanos e brasileiros das artes contemporâneas para pensar novas formas de discussão sobre a produção cultural e o protagonismo negro. Também integram a programação, atividades voltadas ao cinema e ao grafitti.
O Festival Afreaka nasce para colaborar com a promoção da cultura de forma ampla, por meio de obras e artistas capazes de sensibilizar e dialogar com o público, incitando uma reflexão mais profunda sobre uma das principais regiões que originaram a população brasileira. Ao estimular a ruptura de estereótipos, o evento traz à tona um debate relevante sobre a importância da multiplicidade de versões, revelando um continente ilustrado de forma inédita, criando um valoroso produto cultural e trazendo aos olhos um tema que merece registro.
O evento é inspirado na proposta do coletivo Afreaka, que se apresenta como uma plataforma de mídia, educação e produção cultural, que comunica para desenvolver e quebrar velhos pensamentos sobre a África e tudo que envolve sua história e cultura.
Confira a programação completa:
MESA DE ABERTURA: “BRASIL E ÁFRICA: ENTRE TRADIÇÕES E MODERNIDADES”
Debate sobre África tradicional e contemporânea com o escritor e jornalista queniano Binyavanga Wainaina e Raquel Trindade, ativista, artista plástica e coreógrafa.
| Dia 9, 19h30
CINEMA: “JARDIM DAS FOLHAS SAGRADAS”
(Brasil, 2011, 85 min). Dir.: Pola Ribeiro. Com Antonio Godi, João Miguel e outros. Bonfim é bancário e praticante do candomblé. Sua mulher é evangélica e, por isso, sempre têm discussões. Quando ele recebe a tarefa de montar um terreiro ecológico, sua vida muda, inclusive por conta de sua bissexualidade.
| Dia 10, 17
WORKSHOP: “LABORATÓRIO CRIATIVO: INOVAÇÃO DIGITAL NA NIGÉRIA”
Com Bosun Tijani (Nigéria)
Como primeiro laboratório da Nigéria, o CC Hub foi estruturado para acelerar a aplicação do capital social e tecnológico para o desenvolvimento econômico. Onde jovens transformam sonhos em tendências do mundo digital.
| Dia 10, 19h30
CINEMA: “2 DEAR MANDELA”
(África do Sul, 2012, 93 min). Dir.: Dara Kell
| Dia 11, 17h
WORKSHOP: “O AVANÇO CRIATIVO DA ARTE DIGITAL”
Com Jepchumba (Quênia)
Considerada uma das 20 jovens mais influentes da África, Jepchumba é a fundadora do African Digital Art, um espaço coletivo que faz um levantamento ímpar de talentos artísticos emergentes e promove conteúdos culturais que demonstram o avanço criativo da África contemporânea.
| Dia 11, 19h30
CINEMA “GUIMBA”
(Mali, 1995, 93 min) Dir.: Cheick Omar Sissoko
| Dia 12, 19h30
INTERVENÇÃO ARTÍSTICA: “PAINEIS URBANOS: INTEGRAÇÃO, ARTE E GRAFITE”
Com Docta (Senegal) e Alexandre Keto
| Hemeroteca da BMA. Dias 13 e 14, 9h.
CINEMA: “MENINA MULHER DA PELE PRETA”
(Brasil, 2012, 145 min). Dir.: Renato Cândido
| Dia 16, 19h30
CINEMA: “OTELO BURNING”
(África do Sul, 2011, 102 min). Dir.: Sara Blecher
| Dia 16, 17h
PALESTRA: “IDENTIDADE E DESLOCAMENTOS”
Com Alexandra Baldeh Loras (França)
Consulesa da França no Brasil, filha de pai gambiano e ativista com pontos de vista transformadores sobre raça e diversidade cultural, é hoje considerada uma das líderes francesas mais influentes.
| Dia 16, 14h às 16h
CINEMA: “BALÉ DE PÉ NO CHÃO”
(Brasil, 17 min). Dir.: Lilian Santiago
| Dia 17, 17h
CINEMA: YELLOW FEVER
(Quênia, 7 min). Dir.: Ng´endo Muki
| Dia 17, 17h
CINEMA: “GRAFFITI”
(Brasil, 10 min). Dir.: Lilian Santiago
| Dia 17, 17h
CINEMA: “DISCRIMINAÇÃO NÃO É LEGAL”
(Brasil, 20 min). Dir.: Daniel Caetano
| Dia 17, 17h
WORKSHOP: “CABELOS COMO ARTE POLÍTICA”
Coletivo Manifesto Crespo (Brasil)
Aliado à educação, o coletivo nasceu a partir das discussões sobre as diversas questões do universo da cultura afro-brasileira, suas produções artísticas e estéticas, buscando reconhecer seu valor e fortalecer a memória e a autoestima de mulheres e homens negros.
| Dia 17, 19h30
MESA DE DEBATE: “EMPODERAMENTO DO CINEMA NEGRO NO BRASIL”
Com Viviane Ferreira e Jeferson De
Cineasta e advogada, Viviane é mais um dos rostos jovens que despontam com a proposta de produzir um cinema alternativo opositor ao senso comum e que represente o Brasil em sua essência.
Formado em cinema pela USP e idealizador do manifesto Dogma Feijoada, uma análise crítica sobre a produção cinematográfica nacional protagonizada por negros, Jeferson De é um dos principais nomes do cinema brasileiro contemporâneo.
| Dia 18, 14h
CINEMA: “O DIA DE JERUSA”
(Brasil, 20 min). Dir: Viviane Ferreira
| Dia 18, 17h
CINEMA: “NARCISO RAP”
(Brasil, 15 min). Dir.: Jeferson de
| Dia 18, 17h
CINEMA: “CAROLINA”
(Brasil, 15 min). Dir.: Jeferson de
| Dia 18, 17h
WORKSHOP: “OS CORTES DA ESTÉTICA AFRO FUTURÍSTICA”
Com Walé Oyejide (Nigéria)
Aos que buscam por uma África fora de estereótipos, é imprescindível conhecer o trabalho do estilista Walé Oyejide, que começou a escrever sobre moda masculina para passar o tempo, mas mudou depois que foi nomeado um dos cinco homens mais elegantes da Nigéria e decidiu criar a própria grife Ikiré Jones, hoje de renome internacional.
| Dia 18, 19h30
PALESTRA AFREAKA: "PROTAGONISMO EM MOVIMENTO: ÁFRICA FORA DOS ESTEREÓTIPOS"
Com Flora Pererira e Natan Aquino
De maneira lúdica e interativa, Flora Pererira e Natan Aquino apresentam exemplos de uma África pouco conhecida no Brasil.
| Dia 20, 13h
MESA DE ARTE: “A ARTE AFRO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: ATIVISMO COMO ESSÊNCIA”
Com Surama Caggiano e Moisés Patrício
Responsável pela exposição Mulheres Africanas, em mostra durante o Festival Afreaka, a artista plástica compõe a mesa para dividir sua filosofia de empoderamento afro-brasileiro por meio da arte e para compartilhar com o público os caminhos inventivos do seu processo de criação.
Reconhecido como um dos expoentes da arte afro-brasileira contemporânea, Moisés Patrício é ao mesmo tempo um artista e um ativista, que busca integrar as diferentes culturas presentes no país e utiliza as redes sociais para divulgação de sua obra, caracterizada como uma foto performance onde o processo é mais importante que o resultado.
| Dia 24, 16h30
CINEMA: “100% DAKAR - MORE THAN ART”
(Senegal/Áustria, 62 min). Dir.: Sandra Krampelhuber
| Dia 25, 17h
WORKSHOP: “MÍDIA ALTERNATIVA: RESISTÊNCIA, INOVAÇÃO E INVENTIVIDADE: REVISTA CHIMURENGA”
Com Graeme Arendse (África do Sul)
Fundada em 2012, a revista Chimurenga é um símbolo da reinvenção da linguagem e das novas formas de mídia alternativa.
| Dia 25, 19h30
WORKSHOP: “ARTES PERFORMÁTICAS E EXPERIÊNCIAS MULTÍMIDIA”
Com Ishola Akpo (Costa do Marfim)
O jovem artista da Costa do Marfim experimenta as possibilidades do digital e o diálogo entre plataformas para criar uma colagem única de ações multimídias.
| Dia 26, 19h
MESA DE ENCERRAMENTO: “MANIFESTAÇÕES CONTEMPORÂNEAS E ATIVISMOS LITERÁRIOS”
Com Paulina Chiziane (Moçambique) e Ana Maria Gonçalves
Paulina, uma das mais notáveis escritoras da atualidade e realiza, por meio de seu trabalho, uma reinterpretação da realidade de Moçambique.
Ana Maria, mineira de Ibiá, é escritora e militante negra.
| Dia 27, 13h
Serviço: Biblioteca Mário de Andrade. Rua da Consolação, 94, Consolação. Próximo da estação Anhangabaú do metrô. Centro. Tel. 3775-0002. De 9 a 27/06. Grátis. Saiba mais: http://www.afreaka.com.br/festivalafreaka