Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux contracenam em
"Azul é a Cor Mais quente", filme com sessões diárias no CCSP
Por Gabriel Fabri
A história de amor entre a adolescente Adèle (Adèle Exarchopoulos) e a garota de cabelos azuis, Emma (Léa Seydoux), ganhou prestígio internacional após o filme “Azul é a Cor Mais Quente” conquistar o principal prêmio do Festival de Cannes em 2013, a Palma de Ouro. Tendo em vista a grande repercussão da obra dirigida pelo franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) apresenta, entre os dias 26 de fevereiro e 1º de março, uma retrospectiva com toda a filmografia do diretor.
O filme que colocou o nome de Kechiche nos holofotes tem sessões diárias, às 19h. “Azul é a Cor Mais Quente” foi um grande sucesso de crítica, tendo conseguido um feito inédito: o prêmio que representa o melhor filme do festival foi entregue não só ao diretor, mas também a Seydoux e Exarchopoulos. Entretanto, o longa-metragem não passou incólume a polêmicas, principalmente por uma cena de sexo explícito entre as duas atrizes, que chega a durar quase sete minutos. Em declarações públicas, elas criticaram o perfeccionismo do diretor durante as filmagens e Seydoux chegou até a romper relações com o cineasta.
Curador audiovisual do CCSP, Célio Franceschet afirma que a ousadia vista em “Azul...” está também presente nas outras obras de Kechiche, mas em outros aspectos que não a carga erótica. “Seus filmes tocam em chagas sociais que poucos cineastas franceses arriscam”, explica. Como exemplo, estão a situação dos imigrantes na França e as dificuldades da classe trabalhadora no país. “Abdellatif mora no bairro de imigrantes árabes na França e se diz sempre um observador dessa realidade, e a paisagem social de seus filmes, a das classes trabalhadoras, foi a de seu pai, que ele sempre acompanhou e soube observar”, comenta Franceschet.
A questão da imigração é bastante nítida no longa-metragem “O Segredo do Grão”, pelo qual Kechiche foi premiado pela segunda vez em 2008 com César de melhor diretor (o primeiro foi em 2005 com “A Esquiva”). O filme conta a história de um homem que acaba de perder o emprego e resolve, com o escasso dinheiro da aposentadoria, abrir um restaurante árabe. Essa obra, que é apresentada em sessões nos dias 26 e 28, inspirou o único filme de não-ficção de Kechiche, o documentário musical “Suor”. Com sessões nos dias 26 e 27 de fevereiro e 1º de março, o média-metragem acompanha a atriz Hafsia Herzi, protagonista de “O Segredo do Grão”, em uma apresentação de dança do ventre.
Serviço: Centro Cultural São Paulo - R. Vergueiro, 1.000, Paraíso. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Centro. | tel. 3397-0001 e 3397-0002. De 26/02 a 01/03. R$1.
*Confira a programação completa:
VÊNUS NEGRA
(Vénus noire, França, 2010, 160 min, 35mm). Dir.: Abdellatif Kechiche. Com Elina Löwensohn, Olivier Gourmet, Yahima Torres e outros. +16 anos,
Após deixar a África como escrava rumo a Londres, em 1810, mulher é obrigada a exibir seu corpo em feiras de aberração por possuir características e proporções “anormais” para os padrões europeus. Já em Paris, sete anos depois, seu corpo é estudado por cientistas.
| Sala Lima Barreto. Dia 26, 15h. Dias 27 e 1º/3, 19h10
SUOR
(Sueur, França, 2008, 45 min, digital). Dir.: Abdellatif Kechiche. Com Hafsia Herzi, Henri Cohen, Rabah Khaïfa e outros. +14 anos.
Filmado em um antigo trem reformado, este documentário musical segue a trajetória de Hafsia Herzi, atriz principal de “O segredo do grão”, enquanto ela se apresenta como dançarina do ventre.
| Sala Lima Barreto. Dia 26, 18h10. Dia 27, 15h15. Dia 1º/3, 15h
O SEGREDO DO GRÃO
(La graine et le mulet, França, 2007, 114 min, 35mm). Dir.: Abdellatif Kechiche. Com Habib Boufares, Hafsia Herzi e outros. +14 anos.
Homem tem dificuldade de continuar no emprego que se tornou um fardo ao longo dos anos. Enquanto isso, sonha em criar seu próprio negócio: um barco-restaurante especializado em cuscuz.
| Sala Lima Barreto. Dia 26, 19h30. Dia 28, 20h
AZUL É A COR MAIS QUENTE
(La vie d’Adèle - Chapitres 1 & 2, França, 2013, 179 min, DCP). Dir.: Abdellatif Kechiche. Com Adèle Exarchopoulos, Jérémie Laheurte, Léa Seydoux e outros. +18 anos.
Garota de 15 anos se apaixona por outra e tem de lutar contra sua família e a moral vigente para poder viver esse amor secreto.
| Sala Paulo Emilio Salles Gomes. Dias 26, 27, 28 e 1º/3, 19h
A CULPA DE VOLTAIRE
(La faute à Voltaire, França, 2001, 130 min, 35mm). Dir.: Abdellatif Kechiche. Com Aure Atika, Bruno Lochet, Elodie Bouchez e outros. +14 anos.
Na esperança de refazer a vida, Jallel viaja clandestinamente para a França. Lá, de centros para desabrigados a associações, conhece a Paris dos excluídos e descobre e compartilha a solidariedade dos desafortunados.
| Sala Lima Barreto. Dia 27, 16h30. Dia 28, 17h30
A ESQUIVA
(L’esquive, França, 2003, 117 min, 35mm). Dir.: Abdellatif Kechiche. Com Osman Elkharraz, Sabrina Ouazani, Sara Forestier e outros. +12 anos.
Em um conjunto habitacional no subúrbio parisiense, Lydia está às voltas com os ensaios de um espetáculo a ser montado por sua turma de sala para as festividades da escola. Um colega decide usar as falas de um dos personagens para se declarar a ela. Mas, para isso, precisa ganhar o papel.
| Sala Lima Barreto. Dia 28, 15h. Dia 1º/3, 16h