Terreno da antiga mansão Matarazzo deve virar shopping

Fonte: Folha De São Paulo

Prefeitura analisa projeto de um centro comercial para área na avenida Paulista, hoje ocupada por estacionamento

É a terceira versão a ser encaminhada à Secretaria do Verde; Paulista perderá áreas de absorção de chuva e 97 das 157 árvores do local

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Exatos 12 anos após a polêmica demolição da mansão Matarazzo, está na Prefeitura de São Paulo, à espera de aprovação, o projeto para a construção de um shopping e um prédio de escritórios no terreno, um dos últimos vazios da av. Paulista.
Uma das áreas mais caras do país -foi adquirida, em 2007, por R$ 125 milhões pela Cyrela e pela Camargo Corrêa- abriga um estacionamento, na esquina com a rua Pamplona.
O projeto pode pôr fim a uma polêmica que se arrasta desde a década de 1980, quando a então prefeita Luiza Erundina (na época do PT e, hoje, do PSB) decidiu desapropriar a área para construir o que seria um museu do trabalhador.

Demolição
Enquanto se discutia o que fazer com o terreno -do conde Francisco Matarazzo, pilar da industrialização do país-, a mansão começou a ruir, sob a desconfiança de que as colunas haviam sido danificadas criminosamente. Foi demolida no início de 1996.
O projeto do empreendimento será do Aflalo & Gasperini, escritório de arquitetura responsável por projetos como o da casa de shows Credicard Hall e o do parque da Juventude (zona norte).
A proposta prevê um shopping de 20 mil m2 e uma torre de escritórios de 23,2 mil m2 -os empreendedores, no entanto, não revelam quantos andares terão.
É a terceira versão encaminhada à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, que fará audiência pública neste mês sobre a proposta. A autorização requer cautela, já que a avenida Paulista perderá áreas de absorção de chuva e 97 das 157 árvores do terreno.

Estacionamento
As duas primeiras versões foram contestadas por ONGs ligadas à região em razão do impacto ambiental e do aumento do tráfego.
Não se sabe quantas vagas de garagem terá o novo empreendimento, mas dificilmente o espaço conseguirá absorver a demanda de estacionamento dos edifícios e ainda compensar as cerca de 350 vagas que deixarão de existir com o fim do estacionamento atual.
Pela nova versão, devem ser mantidos livres de construção cerca de 20% da área. "Esperamos que guarde a maior permeabilidade possível, já que a região da Paulista quase não tem terrenos permeáveis, apenas canteiros", disse Célia Marcondes, presidente da Samorcc (sociedade de moradores de Cerqueira César).
Segundo ela, outro problema que pode se agravar é o do trânsito, já que cada unidade representa um certo número de carros a mais na região.
O novo shopping estará localizado a cinco quarteirões do shopping Pátio Paulista, a oito do edifício Bristol e a um do interditado centro comercial Stand Center.