Há alguns anos a artista visual Aline Motta tem feito uma pesquisa profunda sobre as raízes da sua família. Sua tataravó Francisca trabalhou como escravizada numa fazenda de café em Vassouras, RJ e, nas suas buscas, a artista encontrou um possível atestado de óbito de alguém com o mesmo nome e idade aproximada que morreu na “Fazenda de Ubá”. Na fotografia em questão, Claudia Mamede, uma líder comunitária de Vassouras, que personifica as avós, as dela e as da própria artista, está na quadra de tênis da Fazenda de Ubá, onde se localizava o antigo terreiro de café no sec. XIX. Na frente do terreiro ficava a senzala, que foi demolida. Ao fundo vê-se um pouco da varanda da casa-grande com a notável cerca em azul e vermelho, onde foi tirada a foto de uma escravizada e uma sinhazinha por Revert Henrique Klumb por volta de 1860, impressa em tecido e estendida na quadra. Da varanda da casa, via-se o terreiro e a senzala; e vice-versa. Estabelece-se, assim, um deslocamento do olhar com Claudia, por sua vez, habitando este espaço simbólico como disruptora de uma certa narrativa de servidão e complacência entre senhores e escravizados. A fotografia escolhida para a exposição na Biblioteca Maria de Andrade faz parte de uma extensa série, que inclui também vídeo, livro de artista e performance.

Quando: De 12/02 a 20/06, das 8h às 20h

Local: Hall da estátua