Lançamento - Tebas: um negro arquiteto na São Paulo escravocrata

14/03, às 19h

Escravizado até os 58 anos de idade, Tebas executou emblemáticas obras do Brasil Colonial e se consolidou como um dos maiores arquitetos brasileiros do século 18.

Pela primeira vez uma publicação se propõe a analisar, em profundidade, o legado e a trajetória de Joaquim Pinto de Oliveira (1721-1811), mais conhecido como Tebas.

"Tebas: um negro arquiteto na São Paulo escravocrata (abordagens)", organizado pelo escritor e jornalista Abilio Ferreira, é a primeira publicação de não ficção dedicada ao construtor, reunindo artigos de cinco especialistas. Tebas foi o responsável pela construção do Chafariz da Misericórdia (1792), sua obra mais conhecida, além dos ornamentos de pedra da fachada das principais igrejas paulistanas da época, como a da Ordem Terceira do Carmo (1775-1776), a do Mosteiro de São Bento (1766 e 1798), a da velha Catedral da Sé (1778), a da Ordem Terceira do Seráfico São Francisco (1783) e, também, do enorme Cruzeiro Franciscano da cidade de Itu (1795).

A publicação é do Instituto para o Desenho Avançado (IDEA), em parceria de fomento referente ao edital de chamamento público nº 001/2018, processo administrativo nº 017/2018, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP).

Sobre Tebas: As origens africanas de Joaquim Pinto de Oliveira ainda não são conhecidas. Sabe-se, no entanto, que ele nasceu em Santos e foi transferido para São Paulo, em meados do século 18, pelo seu então proprietário, o português Bento de Oliveira Lima, célebre mestre de obras da região.

A capital vivia, na época, um boom na construção civil, baseada no método construtivo da taipa. Tebas se destacava por ser um especialista na arte e na técnica de talhar e aparelhar pedras, um profissional raro na São Paulo colonial. Seu trabalho era muito requisitado, sobretudo pelas poderosas ordens religiosas presentes na cidade desde a fundação.

Alforriado entre 1777 e 1778, aos 57 ou 58 anos de idade, Tebas morreu no dia 11 de janeiro de 1811, vítima de gangrena, aos 90 anos. O velório e o sepultamento foram realizados na Igreja de São Gonçalo, ainda hoje existente na Praça João Mendes.

Benedito Lima de Toledo, professor emérito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, em entrevista concedida à revista Leituras da História (2012), destacou que Joaquim Pinto de Oliveira soube captar a religiosidade da época e expressá-la de maneira muito pessoal. “Essa expressão da religiosidade”, disse Toledo, na ocasião, “é que o transformou em arquiteto e as suas obras em arte”.

Quando: 14/03, às 19h

Local: Auditório- 1º andar (Rua da Consolação, 94)