Vestibular na Mário- 2018- Obras

Resumo das obras e breve biografia dos autores

30/8: Claro enigma, Carlos Drummond de Andrade


Sobre a obra: Publicado em 1951, Claro enigma representa um momento especial na obra de Drummond. Com uma dicção mais clássica, o poeta revisita formas que haviam sido abandonadas pelo Modernismo (como o soneto, modalidade que fora motivo de chacota entre as novas gerações literárias), afirma seu amor pela poesia de Dante e Camões e busca uma forma mais difícil, mas sem jamais abandonar o lirismo e a agudeza de sua melhor poesia.
O livro abre com a epígrafe do francês Paul Valéry, “Les evenements m’ennuient” (Os acontecimentos me entediam). Embora eloquente, a citação não corresponde perfeitamente à realidade, pois Drummond não vira completamente as costas para a vida mais pulsante. Pelo contrário: a experiência aparece em cada verso do livro, ainda que escamoteada por uma lírica que não se entrega ao fácil graças a uma visão algo desiludida do tempo e dos homens.
Mas há, claro, espaço para o lirismo do amor, como no célebre poema “Amar”, que começa com os versos: “Que pode uma criatura senão, / entre criaturas, amar?”. A lira romântica de Drummond está bem afinada neste livro, como pode ser comprovado pela leitura de poemas como “Rapto” e “Tarde de maio”. A mineiridade também é lembrada no livro, em poemas vazados pela nostalgia ou que recontam episódios antigos da terra natal do autor.
Claro enigma também conta com “A máquina do mundo” - eleito o melhor poema brasileiro do século XX por um grupo de críticos e especialistas consultados pelo jornal Folha de S.Paulo. Escrito em tercetos, é simultaneamente uma meditação profunda e uma espécie de épica íntima sobre a passagem do tempo e o conhecimento da vida como acontecimento breve e muitas vezes fortuito.
Sobre o autor: Nasceu em Itabira (MG), em 1902. Estreou em 1930, com Alguma poesia, e nos cinquenta anos seguintes publicou obras como Sentimento do mundo, A rosa do povo, Claro enigmae outros. Morreu no Rio de Janeiro em 1987, aos 84 anos.

6/9: Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis


Sobre a obra: Em 1881, Machado de Assis lançou aquele que seria um divisor de águas não só em sua obra, mas na literatura brasileira: Memórias póstumas de Brás Cubas. Ao mesmo tempo em que marca a fase mais madura do autor, o livro é considerado a transição do romantismo para o realismo.
Num primeiro momento, a prosa fragmentária e livre de Memórias póstumas, misturando elegância e abuso, refinamento e humor negro, causou estranheza, inclusive entre a crítica. Com o tempo, no entanto, o defunto autor que dedica sua obra ao verme que primeiro roeu as frias carnes de seu cadáver tornou-se um dos personagens mais populares da nossa literatura. Sua história, uma celebração do nada que foi sua vida, foi transformada em filmes, peças e HQs, e teve incontáveis edições no Brasil e no mundo, conquistando admiradores que vão de Susan Sontag a Woody Allen.
Sobre o autor: Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, nos arredores do centro do Rio de Janeiro. Seu pai, Francisco José de Assis, era “pardo” e neto de escravos alforriados; sua mãe, Maria Leopoldina Machado, era açoriana. Ainda criança, perdeu a mãe e uma irmã, e, em 1851, o pai. Muito cedo mostrou inclinação para as letras.
Começou a publicar poesia aos quinze anos, na Marmota Fluminense, e no ano seguinte entrou para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo. Aí conheceu Manuel Antônio de Almeida e mais tarde Francisco de Paula Brito, livreiro, para quem trabalhou como revisor e caixeiro. Passou então a colaborar em diversos jornais e revistas.
Publicou seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, em 1864. Contos fluminenses, sua primeira coletânea de histórias curtas, saiu em 1870. Dois anos depois, veio a lume o primeiro romance, Ressurreição. Ao longo da década de 1870, publicaria mais três: A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia. Seu primeiro grande romance, no entanto, foi Memórias póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881. Papéis avulsos, de 1882, foi sua primeira coletânea de contos dessa fase. Em 1899, publicou Dom Casmurro.
Em dezembro de 1881, com “Teoria do medalhão”, começou a colaboração na Gazeta de Notícias. Ao longo de dezesseis anos, escreveria mais de quatrocentas crônicas para o periódico. Em 1897, foi eleito presidente da Academia Brasileira de Letras, instituição que ajudara a fundar no ano anterior.
Morreu em 29 de setembro de 1908, aos 69 anos de idade.

13/9: Sagarana, João Guimarães Rosa


Sobre a obra
:Apresentando a paisagem e o homem de sua terra, Guimarães Rosa fez de seu primeiro livro a semente de uma obra monumental, em que apresenta elementos que se tornariam uma espécie de marca registrada sua, tais como a matéria do sertão, a linguagem calcada na oralidade, com uso de regionalismos, arcaísmos, estrangeirismos adaptados e neologismos. O livro, escrito em 1937, foi publicado apenas em 1946 e levou sete meses de exaltação e deslumbramento para tomar sua forma inicial. Foi assinado, na época, sob o pseudônimo de Viator, que, em latim, significa viandante. Para o título, Rosa reuniu dois radicais de línguas distintas- o germânico saga, que significa canto heróico; e rana, de origem indígena, que quer dizer à maneira de ou espécie de . O burrinho pedrês, A volta do marido pródigo, Sarapalha, Duelo, Minha gente, São Marcos, Corpo fechado, Conversa de bois e A hora e vez de Augusto Matraga são as nove estórias narradas no livro, estórias que completam 70 anos com o mesmo vigor e novidade de quando vieram a público pela primeira vez.
Sobre o autor: João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, no dia 27 de junho de 1908. Desde pequeno, Rosa estudou línguas (francês, alemão, holandês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, russo, latim e grego). Por conseguinte, cursou os estudos secundários num colégio alemão em Belo Horizonte. Guimarães Rosa foi um dos mais importantes escritores brasileiros do modernismo, além de ter seguido a carreira de diplomata e médico.
Foi o terceiro ocupante da Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1967. Fez parte da terceira geração modernista, chamada de "Geração de 45".
 
20/9: Vidas secas, Graciliano Ramos


Sobre a obra: O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou: "Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão... os meus personagens são quase selvagens... pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer ...porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem...Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não tem tempo de abraçar-se. Até a cachorra [Baleia] é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos". VIDAS SECAS é o livro em que Graciliano, visto como antipoético e anti-sonhador por excelência, consegue atingir, com o rigor do texto que tanto prezava, um estado maior de poesia.
Sobre o autor: Graciliano Ramos (1892-1953) foi um escritor brasileiro. O romance "Vidas Secas" foi sua obra de maior destaque. É considerado o melhor ficcionista do Modernismo e o prosador mais importante da Segunda Fase do Modernismo. Suas obras, embora tratem de problemas sociais do Nordeste brasileiro, apresentam uma visão crítica das relações humanas, que as tornam de interesse universal. Seus livros foram traduzidos para vários países. Seus trabalhos "Vidas Secas", "São Bernardo" e "Memórias do Cárcere", foram levados para o cinema. Recebeu o Prêmio da Fundação William Faulkner, dos Estados Unidos, pela obra "Vidas Secas".
 
27/9: A relíquia, Eça de Queirós


Sobre a obra: A Relíquia' é uma dessas criações polêmicas, em que o autor se dispõe de forma magistral a ironizar tudo o que hipocritamente supervalorizado pelas pessoas em sociedade, a quem ele chama de 'burguesia liberal'. O herói Teodorico, contando sua história na primeira pessoa, fala da trajetória de busca de uma relíquia em viagem a Jerusalém, e que solicitada pela velha tia, beata portuguesa, lhe garantiria a fortuna de sua herança. Na descrição dos personagens, sempre muito ricos em exposição das idéias do próprio Eça, descobre-se a erudição do alemão Topsius, a hipocrisia do herói/narrador, o fanatismo da Titi, a culpa e o castigo. Como sói acontecer aos grandes criadores, a obra é universal.
Sobre o autor: José Maria Eça de Queirós nasceu no dia 25 de novembro de 1845, na cidade de Póvoa de Varzim, Portugal. Estudou direito na Universidade de Coimbra e trabalhou como advogado e jornalista em Lisboa. Casou-se em 1886 com Emília de Castro Pamplona, com quem teve dois filhos. É autor de A Ilustre Casa de Ramires (1900), A cidade e as serras (1901), Os Maias (1888), O crime do padre Amaro (1875), entre outros. Morreu em Paris, em agosto de 1900.

4/10: Minha vida de menina, Helena Morley


Sobre a obra: Aclamado por escritores como Carlos Drummond de Andrade e João Guimarães Rosa, Minha vida de menina é o diário de uma garota de província do final do século XIX. Publicado pela primeira vez em 1942, antecipa a voga das histórias do cotidiano e dos relatos confessionais de adolescentes ao traçar um retrato bem-humorado da vida em Diamantina entre 1893 e 1895. Da estagnação econômica ao surgimento de inúmeras modalidades de trabalho entre a escravidão e o regime salarial, Helena Morley compõe um painel multicolorido, desabusado e inconformista de um momento histórico singular no Brasil. De lambuja, o leitor é apresentado às inquietações de uma jovem espevitada às vésperas de um novo século.
Sobre a autora: Helena Morley é o pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant, nascida em 1880 em Diamantina, Minas Gerais. Estudou na Escola Normal e casou-se, em 1900, com Augusto Mario Caldeira Brant, com quem teve seis filhos. Morreu em 1970, no Rio de Janeiro. Seu livro Minha vida de menina já teve traduções para o francês e o inglês, esta última feita pela poetisa americana Elisabeth Bishop.

11/10: O cortiço, Aluísio Azevedo


Sobre a obra: Publicado em 1890, O cortiço é um marco da aclimatação do naturalismo em nossas letras. É também uma denúncia — ainda muito atual e aguda — das condições de vida das classes populares, espremidas em lugares insalubres e exploradas por patrões gananciosos.
A ascensão social do português João Romão é contada com objetividade científica. Outros personagens também são examinados no microscópio de Aluísio Azevedo: Miranda, Zulmira, Bertoleza, Jerônimo. O choque da mentalidade do Velho Mundo com a exuberância do Brasil é representado pela relação entre os personagens e o meio (físico, social e geográfico) em que vivem. Um romance forte e absolutamente indispensável para qualquer leitor brasileiro.
Sobre o autor: Nasceu em São Luís, MA, em 1857, e morreu em Buenos Aires em 1913. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 17 anos, instado por seu irmão, o dramaturgo Artur Azevedo. Estudou na Academia Imperial de Belas Artes e passou a colaborar com a imprensa, fazendo caricaturas e escrevendo poemas. Publicou Uma lágrima de mulher (1879), sucesso que lhe rendeu condições materiais para viver apenas da escrita. Influenciado por Eça de Queirós e Émile Zola, seria um dos pioneiros do naturalismo na ficção brasileira. Em 1881, no auge da Campanha Abolicionista, publica O mulato, causando grande comoção. Escreveria aindaCasa de pensão, O coruja e outros romances e folhetins. Em 1895, ingressa na carreira diplomática, deixando para trás a vida literária e a publicação de livros. Representou o Brasil na Espanha, na França, no Japão, na Itália, no Paraguai e na Argentina, onde morreu às vésperas de completar 56 anos.

18/10: Iracema, José de Alencar


Sobre a obra: Publicado em 1865, Iracema é um dos textos fundamentais da cultura brasileira. Parte da trilogia indianista de José de Alencar (O guarani e Ubirajara são os outros livros), o romance guarda a multiplicidade dos clássicos: sua prosa é poética, seu tratamento da matéria é mítico, seu ar é de epopeia.
Livro que durante muitos anos resumiu o éthos brasileiro nas letras, ainda hoje oferece muitos caminhos de interpretação na crítica literária, na historiografia, nos estudos culturais e de gênero. A história do amor de Iracema, a “virgem dos lábios de mel”, com Martim é a metáfora romântica do encontro entre a civilização e a cultura autóctone. Valorizando a paisagem brasileira e construindo um passado idealizado, José de Alencar criou um mito que perdura até hoje.
Sobre o autor: Nasceu no dia 1º de maio de 1829 em Fortaleza. Filho de um senador do Império, mudou-se para o Rio de Janeiro aos doze anos. Formado em direito, foi deputado em diversas legislaturas pelo Partido Conservador e chegou a ser ministro da Justiça entre 1868 e 1870. Apesar de atuar também como jornalista, crítico teatral e dramaturgo, sua presença na literatura brasileira é devida, sobretudo, à sua produção como romancista. Norteado por um projeto nacionalista, procurou retraçar a grande saga da formação da nação brasileira através das obras O guarani (1857), Iracema (1865), Ubirajara (1874), As minas de Prata(dois volumes, 1865-6) e A guerra dos mascates (dois volumes, 1871-3); fazer um registro da vida regional com O gaúcho (1870), O tronco do ipê (1871), Til (1871) e O sertanejo(1875); e retratar a vida de seu tempo na corte com os romances urbanos Lucíola (1862),Diva (1864), A pata da gazela (1870), Senhora (1875) e Encarnação (1877). Morreu no Rio de Janeiro em 1877, aos 48 anos de idade. 

25/10: Mayombe, Pepetela


Sobre a obra: Publicado originalmente em 1980, "Mayombe" foi escrito durante a participação de Pepetela na guerra de libertação de Angola, e retrata o cotidiano dos guerrilheiros do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) em luta contra as tropas portuguesas. O romance inova ao abordar não somente as ações, mas os sentimentos e reflexões daquele grupo, as contradições e conflitos que permeavam sua organização e as relações estabelecidas entre pessoas que buscavam construir uma nova Angola livre da colonização.
Sobre o autor: Pepetela nasceu em Benguela, Angola, em 1941. Licenciou-se em Sociologia, em Argel, durante o exílio. Foi guerrilheiro pelo MPLA, político e governante. Desde 1984 que é professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e tem sido dirigente de associações culturais, com destaque para a União dos Escritores Angolanos e a Associação Cultural e Recreativa Chá de Caxinde. A atribuição do Prêmio Camões (1997) confirmou o seu lugar de destaque na literatura lusófona.
 

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