50 anos Poema/Processo

A Sala do Pátio recebe a exposição de um dos mais radicais grupos de poesia visual no Brasil

Surgido concomitantemente à Tropicália, o Poema/Processo, decorrente do concretismo, foi um dos mais radicais grupos de poesia visual no Brasil. Após um longo período de esquecimento, a mostra rememora o movimento, cuja exposição inaugural ocorreu em 1967, simultaneamente no Rio de Janeiro/RJ e em Natal/RN, e contou com artistas de diversas partes do Brasil, tais como Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santos, Pernambuco, etc.

Estarão em exibição poemas visuais, poemas-objeto, poemas-performance e filme-poemas inéditos, obras das décadas de 1960 a 1980 de alguns dos artistas precursores do movimento, como Álvaro de Sá, Falves Silva, Frederico Marcos, Moacy Cirne, Neide Sá e Wlademir Dias-Pino. A mostra ainda contará com da participação de outros artistas, como Paulo Bruscky, que em 1977 realizou a performance “Viva Poesia” em comemoração aos 10 anos de existência do Poema/Processo. Também serão exibidas obras coletivas, como as revistas-caixa Ponto 1 e Ponto 2, Processo 1 e o envelope Vírgula.

“50 anos Poema/Processo” sucede a exposição “Poema/Processo: vanguarda e história”, organizada por Gustavo Nóbrega em junho de 2017, e sediada pela Maison de la Poésie, na histórica biblioteca Lesegesellschaft, em Basel, Suíça, mostra que deu início às comemorações do aniversário do movimento.

Como extensão da mostra exibida no espaço da Galeria nos Jardins, a Biblioteca Mário de Andrade recebe obras do movimento Poema/Processo, como poemas visuais e livros de artistas. Também será exibido, às 18:30h, no Auditório da Biblioteca, o curta-metragem “Apocalipopótese - Guerra & Paz”, 1968, de autoria de Raymundo Amado, que documenta as atividades artísticas propostas por Frederico Morais durante o evento “Arte no Aterro”, no aterro do Flamengo, Rio de Janeiro.
Nele, o poeta e documentarista Raymundo, registra uma das primeiras exposições do Poema/Processo, que ocorria simultaneamente a performances de Hélio Oiticica, Lygia Pape e Antônio Manuel.

O Poema/Processo foi um movimento vanguardista de poesia visual no Brasil. Decorrente do concretismo e em meio ao contexto político da ditatura militar, o movimento surge como um rompimento criativo com a comunicação institucionalizada no campo da literatura, poesia e artes plásticas. Fundado pelos precursores Wlademir Dias Pino, Alvaro de Sá, Neide de Sá, Moacy Cirne, Falves Silva, entre outros, tem sua primeira exposição inaugurada simultaneamente no Rio de Janeiro (Escola Superior de Desenho Industrial) e Natal (Sobradinho) em dezembro de 1967. Seu primeiro texto-manifesto, publicado em abril de 1968 na 4º Exposição Nacional de Poema/Processo no Museu de Arte Moderna da Bahia, lançava as ideias que nortearam a prática e teoria do grupo, criando um objetivo artístico reprodutível que atendesse às necessidades de informação e comunicação das massas, pautado pela lógica do consumo imediato. Poemas gráficos, poemas objetos, poemas interativos, filmepoemas, envelopoemas e performancepoemas, são algumas das contribuições que o Poema/Processo nos dá. Como parte de suas proposições, criaram também o conceito das versões, o que indicava a quebra de estilo: cada artista podia fazer uma versão da obra do outro e vice-versa, criando um mecanismo de continuidade da obra, da transformação como processo, do contra estilo e da co-autoria. Imersos em um alto nível de possibilidades e inventividades, uma das contribuições de maior relevância de sua prática reside na quebra dos gêneros, a palavra que vira imagem, a imagem que vira escultura, e a tridimensionalidade que vira uma ação.

O poema, liberto de seu suporte tradicional, torna-se multidisciplinar, podendo nos proporcionar a noção de que toda conjuntura de fazeres e da realidade se dá em processo, assim como o próprio viver.

 


Exposição: 50 anos Poema/Processo

Artistas: Alderico Leandro, Alvaro de Sá, Anchieta Fernandes, Anselmo Santos, Ariel Tacla, Clemente Padin, Dailor Varela, Décio Pignatari, Falves Silva, Frederico Marcos, George Smith, J. Cláudio, P. J. Ribeiro, Joaquim Branco, Jorge de Luxan Gutierrez, José Alcides Pinto, José Luiz Serafini, Moacy Cirne, Nei Leandro de Castro, Neide Sá, Paulo Bruscky, Pedro Bertolino, Plínio Filho, Ronaldo Werneck, Sebastião Carvalho, Wlademir Dias-Pino


Período expositivo:
21 de outubro a 16 de dezembro de 2017.