#Márioindica Fazendo meu filme, de Paula Pimenta
Lembra daquele bilhetinho que você trocava na sala de aula? E o cinema com as amigas depois do colégio? Pois é, imagina tudo isto em um livro. Paula Pimenta nos leva para dentro da mente de Fani, uma garota que está no segundo ano do ensino médio, acaba de mudar de escola e ainda está em fase de adaptação, mas já tem dois amigos dos quais ela gosta muito, Gabi e Léo.
Gabi é extremamente extrovertida e conselheira, sempre sabe o que dizer para Fani quando ela precisa. Léo grava CD's com playlists selecionadas para Fani e é aquele amigo que senta atrás dela todos os dias na sala e vai em sua casa depois da aula, pois Léo não gosta de telefonemas, segundo ele, não se pode ver a cara que a pessoa está fazendo.
Fani está prestes a participar da seleção de intercâmbio, mas antes muitos acontecimentos marcantes farão parte de sua história. É como se nós leitores estivéssemos lá, vivenciando todas as emoções ao lado da personagem.
Após a leitura, você terá listas de filmes, livros e músicas para matar a saudade da história de Fani.
#Márioindica A mulher dos pés descalços, de Scholastique Mukasonga
“[…] Não era uma viagem curta, levava dois dias para ir, dois dias para voltar. Em Kigali, papai não ia à padaria dos gregos. Elas era para os brancos e seus empregados que bem cedo faziam fila para comprar torradas e brioches para o café da manhã dos patrões. Para comprar um único pão dos gregos seria necessário quase todo dinheiro da colheita do café. Papai ia ao mercado. As mulheres vendiam lá um pão que elas mesmas preparavam. Eram pãezinhos arredondados, cabiam na palma da mão, com o miolo pastoso e colante que parecia um pãozinho de mandioca. Papai não negociava, não se negocia o pão que vai curar o próprio filho[...]” (MUKASONGA, 2017, p. 73)
Scholastique narra sua infância em memória de sua mãe, Stefania, que foi assassinada durante a guerra civil em Ruanda, onde hutus mataram vários tutsis. A narrativa é extremamente emocionante e o leitor entra em contato com costumes, crenças, fábulas e hábitos de uma população que precisou migrar para fugir da perseguição, tudo isso em meio a paisagem africana permeada de colonizadores e ditaduras. Um livro que mostra a humanidade nos recantos mais escondidos do mundo.
#Márioindica O Estrangulador, de Sidney Sheldon
Começou a chover. Alan Simpson estava pronto. Inclinou a cabeça pela janela e sentiu a chuva deliciosa no rosto. Agora podia fazer o que Deus queria que ele fizesse. Mandaria outra alma iníqua para o inferno.
Alan foi até o armário e abriu a porta. Akiko continuava na cadeira, fazendo esforço para se livrar das cordas. Alan sorriu.
- Não precisa se debater mais. Vou soltá-la.
Por um instante, os olhos de Akiko se encheram de esperança. Depois ela percebeu a expressão do estrangulador e compreendeu que estava perdida. O homem era louco.” (SHELDON, 2014, p. 171)
Nesta audaciosa aventura de Sidney Sheldon, o tempo é precioso na caça de um serial killer que ataca mulheres em dias de chuva. O autor de vários best-sellers que ganhou os três prêmios mais cobiçados da indústria cultural americana – Oscar (cinema); Tony (teatro) e o Edgar (literatura de suspense) - leva o leitor a três linhas narrativas que se cruzam durante toda a leitura: Alan, o serial killer, Akiko, a vítima e Sekio, o policial tornando o livro eletrizante e impossível de largar. Ótima sugestão para quem quer uma leitura rápida e com altas doses de tensão!
#Márioindica O livro das listas, de Renato Russo
"Tenha em mente escrever canções inspiradoras, canções de amor & esperança & amizade - com belas melodias & letras delicadas, sábias & gentis. Tente ser fiel a si mesmo & você não errará. Lembre-se de todos aqueles que você ama & daquele que amam você. Seja livre!" (RUSSO, 2017, p. 133)
O líder da Legião Urbana, Renato Russo, escrevia constantemente várias listas de músicas, livros e filmes que foram compilados nessa edição com uma incrível diagramação com várias fotografias dos cadernos originais de Renato. As listas dão ao leitor uma pequena amostra de como eram os gostos literários e cinematográficos dele, além das músicas favoritas que eram atualizadas constantemente. Um incrível material para quem é fã e para quem quer conhecer melhor as inspirações de um dos expoentes mais conhecidos do rock nacional.
#Márioindica Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, de Ana Paula Maia
“Erasmo Wagner pensa um pouco e suspira certa nostalgia. A realidade do seu trabalho é desprezível. O adicional de insalubridade que recebe por trabalhar em atividade de alto risco é vergonhoso. Mas para sujeitos como ele só resta arriscar a vida para mantê-la. Às vezes um colega cai do caminhão, é atropelado, infecta-se com doença contagiosa, amputa ou um braço ou a uma mão no compactador de lixo, ganha uma hérnia de disco devido ao peso que carrega, torna-se um inválido, é afastado do trabalho e esquecido como o lixo que é recolhido nas calçadas e depositado nos aterros sanitários. Não importa sua cor, seu cheiro, seu paladar. Não importa o que pensa, deseja, planeja ou sinta. O que importa é que recolha o lixo, leve-o para bem longe e desapareça junto dele.” (MAIA, 2009, p. 102)
Nesse livro constam duas novelas de Ana Paula Maia “Entre rinhas e cachorros e porcos abatidos” e “O trabalho sujo dos outros”. A escrita de Ana Paula tem em sua escrita uma crueza que choca. A autora desnuda as péssimas condições dos marginalizados, onde há o olhar inteligente e afiado das relações humanas, com toques sutis de violência que fazem o leitor refletir. Consegue reunir adjetivos conflitantes: uma história suja, com escrita bela, uma narrativa simples que abre muito espaço para a complexidade de questões filosóficas. Um livro imperdível de uma autora nacional contemporânea.