Indicações da equipe- Resenhas de Maio

 #Marioindica Um sopro de vida, de Clarice Lispector

 livro com capa nas cores rosa claro e bege com ilustrações de flores no lado direito onde há a figura do dorso de uma mulher na parte inferior vestida com uma roupa na cor verde claro

 

 

 

 

 

 

"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos."(LISPECTOR, 1999, pg.13)

O trecho acima é da primeira página de Um sopro de vida, o último livro de Clarice Lispector, escrito durante três anos, antes do falecimento da autora, em 1977. Sua publicação póstuma se dá em 1978 e pelos elementos deste romance, é presumível que ela já sabia que esse seria seu último sopro na literatura – o que fazia Clarice se sentir viva.
O livro trata de um homem que cria uma personagem chamada Angela Pralini, seu alter-ego, mas que estabelece uma relação de amor e ódio com ela. Quando toma vida própria, o autor precisa aceitar sua identidade assim solta, como um processo de criação que flui, e isso é angustiante. A personagem é feita para que haja certa liberdade para a vida do autor, porém é doloroso deixá-la ir para cumprir seu destino.

As questões de vida e morte amarguram esse autor criado por Lispector e o livro se desenvolve nas discussão dos frageis limites entre autor e personagem. A melancolia é sentida e questões essenciais da criação ficcional são postas em jogo. O livro nos dá a oportunidade de mergulhar, de modo mais derradeiro, na sensibilidade e complexidade de Clarice Lispector.

"Sou tão medrosa. Tenho medo de estar viva porque quem tem vida um dia morre." (LISPECTOR, 1999, p.148)

#Márioindica Ainda estou aqui, de Marcelo Rubens Paiva

 capa de fundo azul escuro com o título ao centro em letra de mão na cor amarela e laranja. O nome do autor está em cima, em caixa alta, na cor branca.

 

 

 

 

 

Quando lemos sobre a vida de Eunice por um momento nos colocamos em seu lugar e pensamos: “Eu gostaria de esquecer muito do que passei.” Nesse relato emocionante vemos as lembranças dela pelo olhar do filho. Ele, com saudade da mãe, sabe que vence todas as guerras que a vida insiste em colocar no caminho, mas tem a certeza de que ainda está ali, ao seu lado.
“Você lembra de mim? É a pergunta que todos lhe fazem. Querem ser reconhecidos. Querem que ela se lembre “de mim”. A prova de que tem algo dentro dela, uma memória que está lá, mas não consegue ser resgatada, que é da pessoa que quer ser lembrada. Querem a prova de que ainda existe alguma ligação com o mundo, com a vida. (PAIVA, 2015, p. 191)

#Márioindica O vermelho e o negro, de Stendhal

Dois livros lado a lado. O primeiro tem capa vermelha com adornos emoldurando-a, o título do livro no meio e acima nome do autor. Embaixo, há um brasão. Tanto os escritos quanto o desenho estão em dourado. O segundo, capa de fundo vermelho com ilustração de Napoleão sentado em uma cadeira dourada com estofado vermelho, ele veste calça e colete brancos com casaco cinza. O título e o sobrenome do autor estão na parte superior na cor branca

 

 

 

 

 

 

Julien Sorel é filho de um carpinteiro, mas carrega altas ambições. Profundo admirador de Napoleão, ele vai se descobrir no âmago da aristocracia francesa, almejando-a e ao mesmo tempo ressentindo-a. Dentre os desfortúnios de Julien, o leitor vai acompanhando a história de uma mente profundamente estratégica, mesmo quando se trata de decisões românticas. O personagem se volta a diversos mecanismos para conseguir o que quer, e vê a carreira religiosa como capaz de lhe oferecer a mobilidade social que precisa. O livro se divide em duas partes, a primeira transcorrida enquanto Julian vira tutor dos filhos dos Rênal, uma família com prestígio na cidade em que ele nasceu, e a segunda quando ele se muda para Paris e vira secretário do Marquês de La Mole, momento o qual ele é apresentado para a alta sociedade da efervescente capital.

O vermelho e o negro é um livro que marcou a literatura do século XIX. A obra não fez sucesso de imediato, mas o próprio autor previu que ela só seria entendida posteriormente. Ela nos oferece um panorama minucioso do que era a sociedade francesa, através dos olhos de um personagem que se desdobra em várias facetas. Vale a pena ler para testemunhar um momento político da França e ainda se deleitar com a personalidade dos personagens que Julien conhece ao decorrer da vida.

#Márioindica O paraíso são os outros, de Valter Hugo Mãe

Capa de fundo na cor creme com ornamento quadrado na cor preta, sobre ele, o título aparece ao centro, na cor verde clara e os nomes do autor e ilustrador em lilás, na parte superior e inferior, respectivamente.

 

 

 

 

 

 

O livro de Mãe busca, através de pequenos textos, falar do amor a partir da narração de uma menina. Várias reflexões são levantadas, como a construção do amor, os tipos de casais, famílias e sentimentos e o livro, mesmo que curto, emociona em sua leve narrativa. A inspiração para os escritos, segundo o próprio autor, veio de sua outra obra, A desumanização. Indicado para os que procuram uma leitura leve e que toca com as palavras.