#Márioindica Senhora, de José de Alencar
Já leu José de Alencar? Não? Então esse é um ótimo começo!
“Senhora” é definitivamente uma obra diferente do que o autor já escreveu, com a escrita fluida e a narrativa jornalística o romance conta a história de Fernando e Aurélia, que se casam por interesse.
Aurélia era pobre e ascendeu a riqueza, Fernando era rico e ficou pobre, o casamento escancara a hipocrisia da sociedade carioca do século XIX, as relações amorosas desgastadas pelos julgamentos sociais e a figura da mulher retratada de forma totalmente inovadora para a época. Um romance cheio de reviravoltas, com um final inesperado, e que não deixa o leitor desgrudar os olhos nem por um momento das páginas!
#Márioindica Paciência, de Daniel Clowes
O quadrinho conta a história de Jack, que após o assassinato de sua esposa Paciência, busca furiosamente o homem que a matou, para tanto, 17 anos depois, ele volta no tempo e encara acontecimentos que marcaram a vida dela da juventude até o ocorrido.
A HQ é bem humorada ao mesmo tempo que expõe a melancolia que paira sobre as vidas dos personagens. Com as idas e vindas no tempo, Jack compreende o crescimento conturbado de Paciência, com traumas e superações, e a conexão entre eles cresce, deixando o leitor atento aos detalhes do passado, presente e futuro.
Daniel Clowes, seis anos depois de seu último trabalho, Wilson (2010), abusa das cores e tons fortes para narrar a jornada de reflexão e descobertas de Jack, que mostra seus defeitos e impulsos, ao passo que deseja apenas retornar para casa, no ano de 2012, e reencontrar Paciência grávida do primeiro filho do casal.
"Parece que eu nunca voltarei pra casa; nunca abrirei os olhos para ver minha família me esperando como se nada tivesse acontecido. Todas as coisas idiotas com as quais sonhei desapareceram. Bem, quem se importa, não é mesmo?" (CLOWES, 2017, p. 167)
#Márioindica Paris Apaixonada, de Eloisa James
O livro de memórias de Eloisa James conta sobre o período em que ela viveu em Paris depois de ser diagnosticada com câncer. A professora discorre sobre sua decisão em deixar os Estados Unidos por um ano e ir com o marido e os dois filhos morar na Europa.
Os posts da autora no Facebook foram adaptados para originarem o livro, que mantém um tom informal e divertido, composto por pequenos ensaios introdutórios e breves textos que narram sua rotina.
As divagações de Eloisa James perpassam por tudo que ela vivencia como estrangeira: suas arriscadas com a culinária francesa, a dificuldade de seus filhos em se adaptarem na nova escola, os costumes diferentes que ela observa nos parisienses, suas visitas aos museus da cidade e dos arredores. Todos esses episódios são contados sob uma perspectiva sincera, ela opta por criticar estabelecimentos quando necessário ou então aposta em elogios bem-intencionados.
É uma ótima pedida para quem deseja uma leitura agradável e descomplicada, ou procura um relance da vida cotidiana em Paris. O resultado é um livro fácil de ler, perfeito para um entretenimento leve.
“Nosso apartamento parisiense é elegante como um casaco Chanel encontrado em um baú em um sótão: tem os arremates gastos pelo tempo, mas um design maravilhoso.” (JAMES, 2014, p. 22)
#Márioindica Afirma Pereira, de Antonio Tabucchi
Romance que narra uma “tomada de consciência” do protagonista, onde, ao final do livro, desperta de seu sono dogmático para transformar-se em outro homem. Ao longo de sua transformação, Pereira se depara com o que esteve todo tempo ao seu lado: o terrorismo do Estado, a censura, a espionagem; e também com os que resistem, caem na clandestinidade, são torturados, assassinados, desaparecidos.
“Pereira apagou as velas e perguntou-se por que se metera em toda aquela história, por que hospedar Monteiro Rossi, por que telefonar para Marta e deixar mensagens cifradas, por que se meter em coisas que não lhe diziam respeito?” (TABUCCHI, 2013, p. 136)
#Márioindica Toda luz que não podemos ver, de Antonhy Doerr
Imagine-se submerso parcialmente na realidade da França ocupada pelos nazistas e parcialmente na Alemanha no auge da Segunda Guerra Mundial. É o que Doerr nos oferece nesse livro, que foi ganhador do Prêmio Pulitzer no ano de 2015.
A história da menina cega Marie-Laure encanta por sua delicadeza, temos um vislumbre da rotina da menina afetada pelas consequências da guerra que desola seu país. Ela nos carrega para dentro de seu mundo com os detalhes que vão desde sua curiosidade sobre como seriam as sardas em seu rosto até seu medo ao escutar o barulho das bombas.
No outro espectro acompanhamos Werner e sua dificuldade em sobreviver com a irmã numa cidade nada acolhedora a órfãos. O rapaz inteligente se vê dentro de um cenário que hostiliza aqueles que vão contra os conceitos disseminados pelos nazistas, e ele precisa esconder tanto seus pensamentos que tem dificuldade em discernir o certo do errado.
Vale a pena a leitura deste livro que revitalizou um tema já muito usado pela literatura e pelo cinema e deu luz a uma história comovente sem sentimentalismos demasiados.