Dicas de Leitura - Vidas Negras Importam (Black Lives Matter) INFANTIL

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É importante para a formação das crianças conversar sobre raça, racismo, preconceito, convívio social, respeito a sí e ao próximo, tradições culturais, e assuntos correlatos. Dando sequência ao tema do movimento ativista internacional Vidas Negras Importam, no inglês Black Lives Matter, cuja campanha é contra a violência direcionada as pessoas negras e o racismo, selecionamos alguns livros infantis de nosso acervo que ajudarão as crianças na compreensão dessas questões. Veja também nossas Dicas de junho com livros adultos sobre o tema. Anote os títulos de seu interesse para emprestá-los após a quarentena da pandemia do Covid-19, tão logo as bibliotecas reabram.

Capas dos livros infantis das dicas de leitura Vidas Negras Importam

AmorasEmicida, ilustrado por Aldo Fabrini
Primeiro livro do rapper Emicida, fala sobre a importância da valorização de quem somos. “Que a doçura das frutinhas sabor acalanto/ Fez a criança sozinha alcançar a conclusão/ Papai que bom, porque eu sou pretinha também”. O livro traz o enaltecimento da beleza negra por meio de alusões com a natureza e o reconhecimento de si.

Anansi: o velho sábio Kaleki, ilustrado por Jean-Claude Götting
Em uma espécie de conto dos contos, Kaleki traz a importância de refletir e saber ouvir os outros, levando em conta, antes de tudo, a opinião das mulheres, sua sabedoria e seu espírito prático. O livro revela parte da mitologia axânti (povo de Gana, África Ocidental), onde a história da aranha Anansi simboliza as crenças e os costumes daquela sociedade, como acontece em todo o continente africano, onde o conhecimento e as tradições se transmitiam oralmente, por meio dos griots, os grandes contadores de histórias.

Betina - Nilma Lino Gomes, ilustrado por Denise Nascimento
Pedagoga e primeira reitora negra da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILA, Nilma Lino Gomes acumula reflexões e debates sobre a questão racial no Brasil. Com vasta publicação, a presente ficção é uma das poucas que possui e tão marcante quanto seus textos teóricos. Betina expõe a história de uma menina cuidada por sua avó. Eis que surge o mágico momento do penteado, assim descrito: Depois de todas essas etapas, a avó sentava-se em um banquinho, colocava uma almofada para Betina sentar-se no chão, jogava uma toalha sobre os ombros da menina, dividia o cabelo em mechas e ia desembaraçando, penteando e trançando uma a uma, com rapidez incrível. Enquanto trançava, avó e neta conversavam, cantavam e contavam histórias.

Heroínas Negra Brasileiras em 15 Cordéiss - Jarid Arraes, ilustrado por Gabriela Pires
Munida de referências de cordelista e xilogravurista na família (o pai e o avô, respectivamente), a escritora Jarid Arraes encontra nessa manifestação literária a forma de conscientizar as pessoas sobre a parte que, por muito tempo, foi apagada da história do Brasil: as atitudes e ações de mulheres negras que impactaram o processo de formação do Estado brasileiro. A coletânea traz 15 histórias bem diferentes entre si para mostrar que as mulheres negras têm trajetórias tão diversas quanto a dos homens e podem representar e ocupar múltiplas narrativas, aumentando a consciência de crianças e adolescentes sobre a representatividade negra. Conheça a história de: Antonieta de Barros, Aqualtune, Carolina Maria de Jesus, Dandara dos Palmares, Esperança Garcia, Eva Maria do Bonsucesso, Laudelina de Campos, Luísa Mahin, Maria Felipa, Maria Firmina dos Reis, Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela, Tia Ciata e Zacimba Gaba.

O menino Nito - Sonia Rosa, ilustrado por Victor Tavares
Menino não chora? É essa pergunta que o livro se propõe a refletir ao longo da obra. Com vários títulos que falam sobre as tradições populares de matrizes africanas no Brasil, como o Jongo, Maracatu e outras influências africanas nos esportes e culinária incorporadas no país, a contadora de história e professora Sonia Rosa traz o debate da formação da masculinidade em crianças como Nito. O menino Nito revela um percurso de desconstrução da masculinidade hoje identificada como tóxica, nociva e violenta esperada para homens na infância e que precisa ser repensada.

Meu crespo é de rainha bell hooks, ilustrado por Chris Raschka
A obra celebra a beleza e a diversidade dos cabelos crespos e cacheados apresentando às meninas brasileiras diferentes penteados e cortes de cabelo de forma positiva, alegre e elogiosa. Em forma de poema rimado e ilustrado é um livro para ser lido em voz alta, indicado para crianças a partir de três anos de idade, e também para mães, irmãs, tias e avós se orgulharem de quem são e de seu cabelo "macio como algodão” e "gostoso de brincar". O livro enaltece a beleza dos fenótipos negros, exaltando penteados e texturas afro, serve de referência à garota que se vê ali representada e admirada. A obra de bell hooks incentiva a liberdade de expressar a individualidade. Os rituais implícitos no livro estão enraizados nas tradições da própria infância, quando "fazer" o cabelo é uma boa desculpa para as meninas se reunirem, rirem e contarem histórias juntas.

Minha mãe é negra sim! - Patrícia Santana, ilustrado por Hyvanildo Leite
Doutora em Educação pela UFMG, Patrícia Maria de Souza Santana resgata a importância das crianças saberem sua origem e também se posicionar. Minha mãe é negra sim! mostra a história do garoto Eno, um menino negro que percebe o preconceito da professora, através da sugestão que ela dera, em sala de aula, para que ele pintasse o desenho da mãe, negra, na cor amarela, que ela considerava mais bonita. O incômodo de Eno reflete os vários modos como o racismo atravessa o psicológico da criança negra. Por fim, seu avô o ensina a identificar e valorizar desde a cor preta até costumes da cultura negra presentes na família e na história, fortalecendo sua autoestima e construindo, com o menino, um repertório cultural.

O mundo no black power de Tayó - Kiusam de Oliveira, ilustrado por Taisa Borges
Tayó é uma menina negra que tem orgulho do cabelo crespo com penteado black power, enfeitando-o das mais diversas formas. A autora apresenta uma personagem cheia de autoestima, capaz de enfrentar as agressões dos colegas de classe, que dizem que seu cabelo é “ruim”. Mas como pode ser ruim um cabelo fofo, lindo e cheiroso? “Vocês estão com dor de cotovelo porque não podem carregar o mundo nos cabelos”, responde a garota para os colegas. Com essa narrativa, a autora transforma o enorme cabelo crespo de Tayó numa metáfora para a riqueza cultural de um povo e para a riqueza da imaginação de uma menina sadia.

A Neta de Anita - Anderson de Oliveira, ilustrado por Alexandre Rampazo
Aqui, Anderson Oliveira traz o debate sobre a visibilidade das pessoas com deficiência visual. Conta a história de Tainá, uma menina negra e cega, que encontra na avó o amparo e descobertas. A narrativa envolve o leitor na construção da compreensão de mundo da menina. Tainá ouve cochichos em referência ao seu aspecto físico, o que a faz desabafar com a avó, com quem divide o teto. Após um percurso de autodescoberta, ela descobre também que a essência das coisas está justamente no fato de serem diferentes. A importância das griôs (ou griots) - contadores ou contadoras de história na África - fica ainda mais evidente.

Os nove pentes d’África - Cidinha da Silva, ilustrado por Iléa Ferraz
Pesquisadora de relações raciais e com vários livros publicados, Cidinha da Silva elabora a primeira obra infanto-juvenil a pedido de uma sobrinha de seis anos. Conta a história de uma família, cujo percurso é narrado pela Barbara, personagem principal e uma dos nove netos do vô Francisco e vó Berta. A retomada da narrativa familiar permite ao leitor compreender a importância dos momentos de contação de histórias em sua família e na tradição oral como um todo.

Sinto o que sinto Lázaro Ramos, ilustrado por Ana Maria Sena
Mesmo para os adultos, lidar com os sentimentos nem sempre é fácil. Isso é o que Dan, personagem principal dessa história, percebe ao longo de seu dia, enfrentando diferentes situações que o fazem ter de encarar uma mistura bastante diversa de sentimentos. E à noite, já em casa e quase pronto para ir dormir, Dan ouve uma história muito especial de seu avô sobre seus ancestrais. O livro de Lázaro Ramos tem como objetivo ajudar as crianças a entender que é normal sentir raiva, alegria, orgulho, tudo ao mesmo tempo. Aprender a identificar e a nomear tais sentimentos é muito importante para o desenvolvimento emocional do ser humano. Além disso, a obra mostra a importância de se valorizar a nossa ancestralidade.

 As tranças de Bintou - Sylviane A. Diouf, ilustrado por Shane W. Evans
Com vasta produção literária sobre a cultura africana, a autora nos mostra uma história comovente e que permite repensar o Brasil através dos costumes africanos. O livro resgata a valorização da estética negra, por meio das situações que a pequena Bintou vivencia ao desejar ter as tranças nos cabelos iguais às de sua irmã mais velha. O desejo de tirar seus "birotes" vai revelando a compreensão que Bintou tinha de si mesma e reconstruindo seu olhar. A história encanta pela maneira cuidadosa e doce com que trata, a partir de um contexto cultural específico, um momento universal: a passagem da infância para a adolescência. Um livro que nos revela a beleza de cada fase da vida e nos permite repensar o Brasil por meio dos costumes africanos.
  
Leia sobre o movimento Vidas Negras Importam, tradução de Black Lives Matter na Wikipedia e no site oficial do movimento

  

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Julho 2020