Dicas de Leitura - Carlos Drummond de Andrade

As Dicas de Leitura de novembro (parte 1) homenageiam Carlos Drummond de Andrade que celebraria 116 anos em 31 de outubro, data também conhecida como "Dia D", em que o poeta e cronista é enaltecido em vários eventos literários.

Dicas de leitura Drummond (novembro18)

Claro Enigma – poemas
O amor, a morte e a memória são alguns dos temas desta obra publicada em 1951. Com uma dicção mais clássica afirma seu amor pela poesia de Dante e Camões e busca uma forma mais difícil, mas sem jamais abandonar o lirismo e a agudeza de sua melhor poesia. Há espaço para o lirismo do amor e também pela mineiridade, em poemas vazados pela nostalgia ou que recontam episódios antigos da terra natal do autor.

De Notícias & Não Notícias faz-se a Crônica - crônicas
Publicado em 1974, reúne cônicas originalmente publicados no Caderno B do Jornal do Brasil. São textos em que o escritor mineiro se presta à observação da realidade, porém com olhos generosos de poeta e fabulador com encantadores flashes da vida do Brasil, com seus tipos característicos, virtudes e problemas.

Os Dias de Lindos - crônicas
Drummond publicou crônicas durante mais de sessenta anos, trinta deles em dois jornais cariocas: Correio da Manhã (1954 a 1968) e Jornal do Brasil (1969 a 1984). Neste último eram três crônicas semanais. Cerca de cinquenta desses textos estão em "Os dias Lindos". São reflexões, perguntas, aforismos, marcados pelo humor, que agora publicados em livro garantem a perenidade do texto literário.

A Rosa do Povo - poemas
Com cinquenta e cinco poemas e publicado em 1945, tem um olhar sobre a Segunda Guerra, a cisão ideológica, a vida nas cidades, o amor e a morte. Drummond fala da guerra e de seus desdobramentos no continente europeu e presta seu tributo aos milhões de civis que pereceram no conflito, além de refletir sobre a própria possibilidade de expressar todos esses acontecimentos em verso. A personalidade do poeta, a família, o cotidiano e a História comparecem com força neste livro.

Sentimentos do Mundo - poemas
Obra publicada em 1940 com poemas clássicos como “Sentimento do mundo”, “Confidência do Itabirano”, “Poema da necessidade”. Observando o mundo e a si mesmo, Drummond oscila entre diversos polos: cidade x interior, atualidade x memórias, eu x mundo. Perfeita depuração dos livros anteriores, este é um verdadeiro marco. É o livro que prepara o terreno para A rosa do povo (1945). Por isso a ênfase, ao longo de todo o livro, na vida presente.
 

 ANOITECER

É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo.

É a hora em que o pássaro volta,
mas de há muito não há pássaros;
só multidões compactas
escorrendo exaustas
como espesso óleo
que impregna o lajedo;
desta hora tenho medo.

É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz — morte — mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.

Hora de delicadeza,
agasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.

Carlos Drummond de Andrade
In: A Rosa do Povo, 1945


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